Capitulo nove

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Leticia

A noite de ontem havia sido mara!!. E eu tinha encontrado o meu homem ideal. O que me deixa mal é o fato de eu ser tão sonsa e não ter percebido que ele era o Rafael esse tempo todo. Acordei no meio da noite com o ronco do Rafael no meu ouvido. Minha cabeça doia por causa do alcool, mas mesmo assim eu precisava levantar, ou acabaria urinando na cama.  Desci da cama e segui para o banheiro no outro cômodo, fechei a porta e sentei no vaso para fazer o que eu tinha de fazer. Eu não sabia se era efeito do sono, mas quando levantei, dei descarga e virei para a pia, senti algo me tocar. Mas não havia ninguém ali, eu estava completamente sozinha. Voltei para a cama.

      Ja eram seis horas da manha, eu sabia disso por conta do despertador de Rafael, que fazia o som infernal de um falsete mal feito.
-Porra desliga isso-Resmunguei com o travesseiro na cara. Rafael levantou da cama, deu um tapa no despertador que o fez parar de apitar. E seguiu pra se arrumar para a escola. Fechei os olhos, tentando voltar a dormir, mas senti algo estranho acontecendo. Meu espirito não estava mais no meu corpo. Será que a minha hora havia chegado nem dava tempo de despedir de ninguém?. Observava o meu corpo caído sobre a cama até que aquela mão que eu senti no banheiro me tocou novamente. Me virei e fiquei cara a cara com o ser que havia me  tocado. Era  uma mulher dos cabelos loiros, tinha a pele pálida e dois chifres de bode. Usava uma roupa de pele de lobo, e seu rosto era meio distorcido. Encolhi de medo, seja la o que aquilo fosse, eu só queria sair dali.

-Você se acha perfeita né- Ela disse com uma voz grossa que me dava arrepios- Você acha mesmo que vou deixar você ir para o paraiso?.

-Eu cumpri a missão, tenho todo direito de ir- Eu disse baixinho com medo.

-Não, você não tem, a falta de um homem não foi o seu unico ressentimento.

-Como assim?- Perguntei com medo de onde ela iria chegar.

-Você vai se lembrar, começa com V e termina com Toria.

VITORIA! Oh não isso não!, eu sabia que um dia eu seria condenada por isso. Vitoria era uma garota que estudou comigo quando eu tinha quinze anos, foi a pior época da minha vida. Eu  e Vitoria éramos melhores amigas, lembro até hoje de seu cabelo cacheado e cheio, e a pele brancinha, ela não se aceitava bem por ser acima do peso, mas eu a achava linda. Mas nem tudo eram flores, naquela época eu tinha uma paixonite terrivel por Felipe, um jogador de volei da nossa escola. Felipe era alto, tinha os cabelos loiros( que ele sempre passava gel), e uma barriga de tanquinho do caramba. Eu lembro até hoje quando ele foi me procurar. Estávamos atrás da quadra só eu e ele, e ele me pediu um favor.
-Sabe a sua amiga Vitoria, eu acho ela muito gata, você podia me passar o numero dela né- Ele dizia, me fazendo querer morrer naquela hora. E eu na maior inocencia passei, quem sabe assim Vitoria passaria a se amar, amar seu corpo do jeito que ele é. Mas o pior estava para acontecer. Minha amiga ficou com ele, foi um quase sexo. E ele bom..Ele fotografou ela nua e mandou para a escola toda. E Vitoria achava que só tinha uma coisa a ser feita, se matar!, e ela a fez. E deis de então eu venho me culpando, me culpo por ter passado o numero, por não ter ajudado ela.

    Meus olhos estavam marejando, eu não aguentava aquilo, era uma tortura para mim. Uma sombra surgiu atrás de mim, e logo foi tomando forma. Ela era, Vitoria e estava bem na minha frente. Ela usava um vestido preto, era o mesmo que ela usava quando eu a vi pela ultima vez.
-Você ajudou eles a me matar- Ela disse com um tom de ódio- Você ajudou a apertar o gatilho.
-Eu me arrependo disso- Eu disse enquanto as lagrimas escorriam dos meus olhos. Depois disso eu chorei, e chorei de soluçar, eu não aguentava mais aquilo, havia passado a minha vida toda sofrendo por isso. Tudo ao meu redor se calou. Até eu sentir uma mão no meu ombro, era Vitoria, não havia mais dor nos seus olhos, é como se ela estivesse jogado tudo encima de mim.
-Olha, eu te perdou- Ela sussurou no meu ouvido e me puxou para um abraço. A abraçei sentindo uma enorme onda de nostalgia, por algumas horas eu senti que tinha quinze anos de novo. E eu e ela, éramos apenas duas garotas do lado de fora da escola, esperando o tempo passar.
-Não, você não pode perdoar ela, ela te fez muito mal!!- A personificação do mal gritou, ao nos ver abraçadas.
-Eu posso, e já perdoei- Vitoria disse toda determinada( até me arrepiei aqui).
-Não!!!- A demonia gritou. Voltei minha atenção a Vitoria, ela estava sumindo aos poucos.
-Acho que isso é um adeus- ela me disse enquanto sumia- Vejo você la encima- e sumiu por completo. Uma lagrima escorreu, mas logo logo eu iria estar lá junto dela.
-É acho que meu trabalho acaba por aqui- A demonia disse e abriu uma espécie de portal com seus chifres, e entrou no mesmo. Ue, então ela não vai me levar?, espera ai...Eu cumpri todo o meu ressentimento, agora posso ir em paz. Mas antes vou deixar um bilhete para o Rafael, não quero me despedir dele cara a cara, eu não teria coragem de ir, mas eu preciso, pois a terra não é um bom lugar para espiritos desencarnados.

Missão: A procura do homem IdealOnde histórias criam vida. Descubra agora