Capítulo 02

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Mas que droga, eu não acredito que esse desgraçado fez isso.

Levanto da cama e bufo pelo milésima vez, sento de novo e conto nos dedos contendo minha raiva. Ouço o barulho da porta do banheiro do corredor e fico olhando para a porta onde entra um Shawn arrumando a bermuda.

— Não seria melhor você tomar um banho Cler? já que você pegou uma chuva gelad..— Antes que ele termine a frase em um reflexo rápido eu me levanto e dou um tapa na cara do mesmo, que me olha espantado.— Droga..

— Droga!? Uma droga é eu descobrir que a uma hora atrás você comeu a garota que acabou com o meu relacionamento com o Victor!.— Digo o encarando e vejo ele perder a cor do rosto.

— Cler, e..Eu ia te contar..— Ele tenta se justificar e vem em minha direção.

— Ia Shawn? E ia falar o que? Oi Cler, comi a Susan, aquela que acabou com seu relacionamento com o Victor!?.— Quando eu percebi já está gritando.

— Cler, me ouve, droga.— Ele veio em minha direção mas eu desviei de seus braços que queriam me rodiar em um abraço.

— Não Shawn, quer saber, se quiser casar com a Susan, pode casar,  só me deixa em paz um pouco.— Digo e saio da casa dele o mais rápido que posso.

Olho para o céu, e as nuvens estavam escuras, a chuva forte e fria não parava por nem umsegundo sequer, cada passo de minha casa parecia mais pesado, as gotas de água agora machucavam minhas costas como se fosse um grande peso despejado em pequenas quantidades. Eu estava enxardada e não sabia mais para onde eu estava indo, não era a rua da minha casa, eu já tinha andando três quadras a cima e só então percebi quando já estava pisando na grama gelada da praça.

Olhei para todos lados, tudo silencioso, tirando os trovões no céu, eu estava acabada tanto psicologicamente como fisicamente.

Meus cabelos castanhos molhados agora grudavam em meu rosto molhado pela chuva e pelas lágrimas que eu nem percebi que escorriam sem parar. Logo avistei uma casinha na árvore, esse seria meu refúgio essa noite.

Subi as escadas já velhas e cheias de musgos escorregadios, com um pouco de esforço consegui subir, mas sua pequena porta estava fechada.

— Droga..— Sussurro e tento empurrar a pequena porta, mas é como se a mesma estivesse trancado por dentro.

— Quem está aí?.— Ouvi uma voz infantil dentro da casinha.

— É um monstro?.— Outra voz fofa disse.

— Não, eu sou uma garota, podem me deixar entrar?.— Disse calma, ser agressiva não ajudaria em nada.

— Como posso ter certeza? Me mostre sua mão.— A voz que parecia de um garotinho disse, olhei para o lado e vi um buraco na parede e coloquei minha mão na frente.

— Ela não é um monstro, monstros tem tentáculos nas mãos.— A outra voz disse, o que aparentava ser uma menininha e um garotinho.

— Você venceu.— O garoto disse e abriu a porta e eu adentrei com olhares curiosos em mim.

Eu não sabia como agir então sentei no chão e olhei a casinha por dentro.

As paredes por dentro eram pintadas como galáxias, avia cinco puffs coloridos no chão pintado de azul. Avia uma estante com revistinhas e em um canto da casinha tinha uma pequena mesa colorida com vários lanches, ao lado dos dois avia dois colchonetes infantis e duas mochilas fechadas, era muitos detalhes e eu passaria horas citando cada um.

Então os encarei que me olhavam curiosos.

— Você estava chorando?.— A pequena menina de aparentemente uns 7 a 8 anos perguntou sentando ao meu lado sem timidez alguma.

— Meu melhor amigo fez uma coisa que me deixou triste.— Digo sorrindo fraco para a menina de cabelos escuros e olhos claros.

— Meu pai diz que homens que fazem mulheres chorarem são uns babacas, mesmo eu não entendendo muito disso.— O garoto diz sentando na minha frente.

— Talvez ele seja mesmo um babaca.— Digo sorrindo fraco, e a garotinha passa a mão pelo meu rosto.

— Minha mãe diz que não é bom chorar, ela diz que isso acaba com a beleza das meninas.— A garotinha diz passando a mão no meu cabelo.

— Como é seu nome?.— o garotinho de cabelos escuros como a menininha pergunta.

— Cler, e o de vocês?.— digo bagunçando o cabelo do garotinho que gargalha.

— Meu nome é Maria, e esse é o Pedro.— A menina diz empurrando de lado o menino.

— Maria é tão chatinha, nem parece ser minha irmã.— Pedro diz e Maria mostra língua para o mesmo.

— Quem mostra língua pede beijo.— Eu digo e dou risada após ver a cara de nojo que os dois irmãos trocaram.

Acho que achei novos amigos, mais tarde descobri que Maria tinha 7 anos e Pedro tinha 8 e meio, como o mesmo disse. Eles dormiam sempre que podiam na cabana já que foi seu pai que infelizmente morreu em um acidente fez. Eles me ajudaram a fazer uma cama temporária para eu passar a noite já que não queria voltar para casa.

O dia mais conturbado da minha vida.

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