Acordei com uma dor de cabeça infernal. Sentei na cama tentando segurar o meu cérebro no lugar. Ainda podia sentir o apartamento girando. Me levantei meio cambaleante, indo em direção ao banheiro. Molhei meu rosto não sei quantas vezes, tentando acordar. Minha imagem no espelho ainda parecia um borrão. Escovei meus dentes ainda sob o efeito do álcool. Enquanto as lembranças da noite anterior invadiam a minha cabeça...
Eu beijei a Heidi.
E não foi um selinho. Foi um tremendo de um beijão. Minha cabeça dói. Como explicar o que senti naquele momento, enquanto saboreava aqueles lábios...
Não tem como explicar. Acordei do meu sonho com o toque familiar do meu celular. Era Alec."Bom dia príncipe. Dormiu bem? Como foi ontem? Se divertiu?" O que eu iria dizer? A verdade? É claro que não.
"Bom dia Alec. Eu praticamente apaguei ontem quando cheguei. Acho que bebi demais." Essa parte não era mentira. Talvez eu só ocultasse alguns fatos.
"Já tomou remédio pra dor de cabeça? Se te conheço bem, eu sei que deve estar com uma baita ressaca." Ele parecia realmente preocupado comigo. Alec me conhecia muito bem.
Agora a culpa estava tomando conta de mim.
"Vou tomar agora. Não se preocupe tanto comigo, eu vou conseguir me virar sozinho." A verdade é que eu queria esquecer tudo o que tinha acontecido ontem.
"Você sabe que eu não consigo não me preocupar com você Tom. Eu sempre vou. Vamos almoçar juntos hoje?"
"Está bem, eu não consigo dizer não para você. Onde vamos? Pode ser naquele restaurante que fomos semana passada? Adorei a carne." Desviar a atenção dele e a minha para outra coisa parecia ser a melhor estratégia no momento.
"Pode sim. Passo ai te pegar perto do meio dia então. Até breve. Beijo."
"Até." foi só o que consegui dizer. Não tive coragem de mandar outro beijo.
Que ironia. Eu querendo esquecer essa palavra e ela não desaparece do meu vocabulário. Preciso tomar um banho e me arrumar para almoçar com o Alec. Enquanto ando em direção ao banheiro, recebo uma mensagem dela. Eu não era burro de achar que Heidi não iria querer uma explicação depois do que eu fiz ontem. Eu sabia que devia isso a ela.
Tom, você sabe que precisamos conversar sobre o que aconteceu ontem. Você pode me encontrar hoje à noite aqui no meu apartamento?
Eu estava encrencado. E eu sabia disso. Não tinha como fugir. Eu poderia dar uma desculpa qualquer e evitar esse encontro hoje. Quem sabe adiar para outro dia. Sim. Mas quantos dias eu passaria remoendo aquele momento na minha cabeça? Eu estava ficando louco. Por causa de Heidi e daquele maldito beijo. As coisas precisavam ser acertadas. Aquilo foi um temendo erro, que precisava ser concertado o quanto antes. Eu devia isso a Heidi e Alec.
Querida Heidi. Passo aí à noite para conversarmos.
Isso mesmo. Bem objetivo e sem rodeios. Tento preparar meu discurso para hoje à noite enquanto a água quente desce por minhas costas. Meu corpo todo relaxa no banho. E mais uma vez aquele beijo volta às minhas memórias. Eu fecho os olhos, tentando negar que fui afetado, mas é em vão. Aquela explosão de sentimentos me invade quando lembro do gosto da boca de Heidi. Acabo passando a língua por meus lábios, lembrando do sabor dela, daquela língua impertinente... E então, quando percebo, meu membro está duro. Eu estou excitado, só de pensar na boca de Heidi. Era só o que me faltava. A cereja no topo do bolo. E por mais que eu tente agora tirar a imagem dela se esfregando em mim da minha cabeça, já é tarde demais para voltar atrás. Então eu faço uma coisa que nunca pensei que faria na minha vida. Eu me masturbo pensando nela. Meu coração nunca bateu tão rápido por alguém antes. As coisas com Alec sempre foram calmas. Mas Heidi está me deixando maluco. Eu sinto um tesão enorme enquanto lembro de como o seu corpo se encaixava no meu, que acabo me aliviando logo. Coloco a mão no peito, tentando parar aquilo. Meu coração parece que vai sair pela boca, e minhas pernas estão bambas. Só com a lembrança dela. Como Heidi fez isso? Ela está acabando com o meu psicológico.
A coisa é mais séria do que eu imaginava. Nunca pensei em sentir tanto tesão por uma mulher. Muito menos pela minha melhor amiga. Como eu iria sair dessa agora?
Já estava quase na hora do Alec chegar, e eu ainda não tinha encontrado uma solução para o meu problema. Quando a minha vida tinha se tornado tão complicada? Em meio aos meus devaneios, ouço o telefone tocar. Alec chegou. Deço de elevador os seis andares do meu prédio, tentando acalmar os meus nervos. Surtar não adiantaria nada. Assim que cheguei ao estacionamento, avistei meu namorado me esperando com um sorriso.
"Oi. Tá muito bonito hoje." Aquele elogio me deu uma animada. Sorri de volta para ele.
"Obrigado, você também não está nada mal." respondi, entrando dentro do carro.
No rádio tocava uma música romântica. O silêncio era estranho. A próxima música me fez prender o ar. Era aquela música lenta que dançamos ontem. Isso só podia ser perseguição.
Música: Sam Smith - I know i'm not the only one
https://youtu.be/nCkpzqqog4k
Era pura tortura. O que eu fiz para merecer isso? Enquanto a música rodava na rádio do carro, fechei meus olhos, tentando esquecer aquelas cenas. A tortura acabou, e eu pude respirar aliviado. Alec pareceu perceber a minha súbita mudança de humor.
"O que foi? Tá tudo bem Tom?"
"Sim, tá tudo bem."
"Você tá muito quieto hoje. Não aconteceu nada mesmo?"
"Não. Eu to bem. Deve ser essa ressaca, não deve ter passado ainda."
"Mas você tomou o comprimido que te falei?"
"Tomei sim. Vai passar, eu espero."
Enfim chegamos ao restaurante. Desci do carro ainda em silêncio. Alec só me observava sem dizer nada. Quando sentamos no lugar reservado, um de frente para o outro, esbocei um meio sorriso para meu namorado. Eu estava me sentindo meio mal por tudo. Já não sabia mais se conseguiria continuar fingindo que não aconteceu nada.
A culpa estava me corroendo por dentro como veneno. Enquanto comíamos, fitei por um momento o rosto de Alec. Ele parecia sereno, calmo como sempre. Me peguei olhando para sua boca, enquanto ele comia um pedaço de batata frita. Seu maxilar fazia movimentos brutos. E eu me perguntava se ainda achava a boca dele atraente. Agora parecia que aquela boca já não era mais tão convidativa como antes.
"Está gostando do almoço?" me tirou de meus pensamentos.
"Sim, está muito bom." assenti com a cabeça afirmativamente, olhando naqueles olhos verdes.
"Eu também gostei. Só achei a carne um pouco seca..." Alec começou um monólogo interminável, falando sobre todas as coisas que não tinha gostado no restaurante.
Fingi que prestava atenção, mas minha cabeça estava longe. Mais precisamente minha cabeça estava tentando adivinhar onde Heidi estava. Aquela morena de pele clara como a neve havia virado minha vida do avesso. Eu estava confuso demais. Precisava ver Heidi o quanto antes. O dia seria longo...
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Eu beijei uma garota [DEGUSTAÇÃO]
RomanceEM BREVE NA AMAZON!!! Viver uma nova experiência sempre deixa marcas. Algumas são superficiais e apagam com o tempo. Outras são profundas, e difíceis de serem esquecidas. Um beijo. Um único beijo pode mudar tudo? Tom Wolfrang é um rapaz de 27 anos...