- Megan, eu teria muito gosto em gastá-lo. E não te preocupes com isso, pode parecer um pouco indelicado o que vou dizer mas uma das tias do John faleceu e deixou-lhe uma grande herança e isso tem-nos ajudado bastante, de facto. Considera isto, sei lá, uma prenda de boas-vindas. – ela sorriu-me.
- Eu… - não sabia bem o que responder. – Já foi uma grande prenda receberem-me na vossa família.
- Então, considera-o uma prenda por teres aceite. – ela riu.
- Não é que tivesse grande escolha. – ri com ela.
- Agora também não tens. – ela piscou-me o olho, colocou o seu avental numa cadeira e pegou na sua mala. – Vamos? – anuí e saímos.
Foi boa a viagem de carro, muito divertida. Estavam a dar músicas antigas na rádio, rimos e cantámos bastante. Quando chegámos ao centro comercial este estava quase vazio. Olhei para o relógio. Passava pouco do meio-dia. Okay, ainda temos 9 horas. Corremos todas as lojas e nada. Os vestidos ou eram horríveis ou para magricelas e tanto eu como a Kate já estávamos cansadas. Sentámo-nos um pouco numa esplanada na zona da restauração.
- Eu não acredito que não encontrámos nada. – disse, triste.
- É, não estamos com sorte. – ela pareceu lembrar-se de algo. – Já sei onde vamos a seguir! Tenho a certeza que é lá que está o vestido para impressionar o Harry. – ela disse entusiasmada. Engasguei-me.
- Ha-Har-Harry? – ela olhou para mim e riu-se. Não tem piada nenhuma, Kate.
- Oh minha querida, eu também já tive a tua idade! Não estarias tão ansiosa se não fosse por um rapaz! E eu vi como ficaste ontem na presença dele, quando estávamos a entrar em casa. – ela sorriu-me, compreensiva. Eu corei. – Ainda por cima o rapaz parece um deus grego! – ela fez uma cara de espantada.
- Kate! – tapei a cara com as mãos. As minhas bochechas estavam a escaldar. Ela riu-se e levantou-se. Segui-a, com um sorriso no rosto. Aproximamos-mos de uma loja prateada por fora, com umas grandes letras pretas no topo da entrada, STRESS. Realmente, descrevia o que estava a sentir. Entrámos após uma troca de sorrisos. A loja era enorme por dentro e decorada com vários quadrados coloridos nas paredes. Tinha bom ambiente e pelo que estava a ver tinha coisas muito engraçadas. Kate, nos seus elegantes saltos altos e justo vestido preto, pegou em imensos vestidos e ia-mos dando, à medida que avançava pela loja. Travou o seu passo brutalmente, o que me fez chocar com ela.
- Kate? – ela não se movia.
- Vai para os provadores, Megan! Leva isto. – ela ordenou séria. Segui o seu olhar e vislumbrei um alto homem, um pouco assustador. Uma dor de cabeça atinge-me. Lentamente, dirigi-me aos provadores e sentei-me. Estava assustada. Megan, não! Não podia ter um ataque de pânico, não aqui. Megan, volta! Por favor! Respirei fundo até ouvir os saltos de Kate.
- Meg, querida? – abri a cortina e ela entrou. Ficámos em silêncio uns segundos enquanto lutava comigo mesma. Pergunto ou não? Pergunto.
- Quem era, Kate? – ela manteve o seu ar sério, olhou para o espelho e, enquanto passava as mãos pelo cabelo, respondeu.
- Meg, meu anjo, há coisas que só os adultos se têm de preocupar com. – virou-se para mim, pousou a mão no meu ombro e sorriu. Sorri, também. – vamos experimentar uns vestidos?
- Vamos!
Vestimos tudo o que trouxeramos. Desde vestidos fluorescentes a vestidos pálidos, sem graça. E foi então que vi. Um vestido preto, que na zona acima do peito era como uma teia de aranha. Peguei nele e suavemente o vesti. Kate apenas sorria, enquanto me observava. Olhei-me ao espelho. O vestido assentava-me perfeitamente. O decote em forma de coração a contornar o meu peito com aqueles detalhes por cima era simplesmente lindíssimo. O vestido era aberto atrás e o espaço que mostrava das minhas costas era como que uma elipse, na vertical.
