A Serpente Da Sonserina || short story

UM

Ventava forte e as gotas gordas de chuva que caíam há algum tempo agora davam a sensação de que agulhas espetavam seu corpo. Ela correu para o único lugar que lhe ocorrera e encontrou o campo de Quadribol vazio, como esperado. A chuva era intensa e os jogos não estavam próximos. Entrou em um dos vestiários e desabou de joelhos em um dos cantos, as lágrimas se misturavam a água da chuva em seu rosto e a má notícia se perdia em meio a uma tontura de desespero. Morta. Sua mãe estava morta. Tentava a todo momento acordar e ver que tudo não passava de um pesadelo mas o frio em seus ossos se tornava cada vez mais agudo e real. Com as mãos trêmulas alcançou a corrente pendurada em seu pescoço e abriu o pingente da mesma. A mãe sorria e piscava alegremente, e ela sentiu uma pontada de dor no coração. Quase podia ouvir sua risada. A notícia chegara há meia hora antes por meio do Prof. Dumbledore, ele tinha olheiras sob os olhos e os mesmos estavam molhados.

“- Srta. Futlyn, lamento em informar que sua casa foi atacada ontem a noite por Comensais da Morte. Achamos que eles podem ter descoberto sobre a deserção de seu pai e que ele era o principal alvo. Temos a informação de que ele não se encontrava no local, já a sua mãe…-”

A voz do diretor falhara por um instante, ele a conhecia.

“...- Sua mãe foi encontrada morta em sua casa nesta manhã. Ames, eu sinto muito.”

Sentiu o estômago revirar, não conseguia dizer nada, apenas saiu da sala e correu sem rumo por um tempo até pensar no vestiário de Quadribol. O chão ao seu redor estava encharcado e Ames agora tremia sem parar mas não conseguia fazer outra coisa se não chorar compulsivamente. Não sabe quanto tempo ficou ali, mas ficou por um bom tempo. Depois do que pareceram horas estava em algum tipo de torpor, se sentia vazia e não pensava em nada. Uma voz vinda do campo chegou ao seus ouvidos, gritava seu nome e estava chegando perto mas ela não tinha forças para responder, sua garganta ardia.

“- Ames! Ames você está aí?! Amethyst!”

Tyson entrou de súbito no vestiário e seus olhos se apertaram vasculhando o lugar escuro até pousarem no corpo encolhido no chão.

“- Oh, graças a Deus! Você nos assustou, por Merlin o que estava pensando?!”

Ele se aproximou, a respiração ofegante e o rosto corado. O semblante mais preocupado que nunca. Ames sentiu os olhos lacrimejarem novamente e se encolheu mais. Tyson passou o braço ao redor de seu corpo e a levantou, carregando-a. Amethyst aninhou a cabeça e deixou-se ser levada para dentro do castelo novamente. Com a voz embargada ela sussurrou contra o peito dele:

“- Ela está morta, Tyson.”

Ele baixou os olhos para ela por um segundo, os lábios se contraindo numa fina linha.

“- Eu sei.”

Era a última coisa de que lembrava antes de apagar.