SUZY

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Continuação de Blood in the Dance Floor.

- Alô?
- Falo com Suzanne Ross? - A voz do outro lado da linha soou baixa e contida.
- Mais conhecida como Suzy - confirmei.
- Tudo bem - suspirou. - Preciso dos seus serviços.
- Pode falar - me sentei à cadeira mais próxima, cruzei as pernas e ouvi atentamente o que aquela mulher tinha a dizer.
- O nome dele é Michael Dawson. No passado, tivemos uma breve relação e tivemos um filho, mas ele não assumiu sua paternidade. Roubou meu pai, o diretor da TDY& Co., fugiu com o dinheiro e não compareceu ao tribunal após todas as intimações que recebeu. Está sendo procurado pela Polícia, mas não consigo mais esperar. Quero que ele pague por tudo o que fez.
- Certo - sorri. - Te passo o preço daqui uma semana.
- Como posso ter certeza de que o achará?
- Não se preocupe. Manteremos contato - sorri e pedi uma bebida para o garçom a minha frente.

Dias depois, encontrei Michael nas proximidades da TDY& Co. Desde então, segui seus passos, descobri seu telefone, onde morava, onde trabalhava e as relações que mantinha.
Resolvi me aproximar.
- E, então? O que vai fazer nesta semana? - Perguntei lhe oferecendo um copo de champanhe.
- Trabalho e mais trabalho - respondeu naturalmente, tomando do líquido lentamente. - Mas no fim de semana estou livre.
- Pare de se insinuar, Michael. Até ontem você estava com uma garota - falei docemente.
Eu tinha de manter uma aparência, e escolhi interpretar uma moça inocente e doce. Assim seria mais fácil conseguir as coisas, e tenho orgulho de dizer que estava funcionado.
- Não estou me insinuando, Mirian - se defendeu.
Ah, eu também tinha de usar um outro nome.
- Tudo bem. Então, vamos sair - sorri.

As semanas foram passando e minha relação com Michael foi ficando mais forte. Porém, era divertido vê-lo assustado, então Suzy dava o ar da graça.
- Alô? - Sua voz estava trêmula.
- Já sabe quem é, Mike? - Sorri.
- Como descobriu meu número?
- Ora, querido, já passamos por isso. Você já me conhece e eu conheço você, as apresentações eu dispenso.
- Suzy, o que quer? - Sua voz, dessa vez, falhou.
- Não é óbvio?
- Não.
- Então, vou explicar: você fez algo errado no passado e vai sofrer as consequências.
- O que quer dizer? - Suspirou.
- Vai chorar? - Debochei. - Michael, me aguarde - e desliguei.
Sempre me surpreendia com a falta de atenção de Mike. Engraçado como ele nunca associou a voz de Suzy com a de Mirian.
Porém, a brincadeira tinha de ter um fim. Então, a doce Mirian teve de tirar umas férias.
Enviei mensagens para Michael indicando o local de meu "escritório", e quando ele apareceu por lá, não pude conter a risada de suas expressões. Ora confusa, ora assustada.
- Mirian? Por quê você está aqui? - Perguntou ao entrar no quarto da boate repleto de facas e armas organizadas nas paredes.
- Vou deixar as coisas mais claras para você, Mike. Mirian não existe e nem vai existir. Sou Suzy e eu não sou sua amiga. Entendeu? - Me sentei em uma cadeira, cruzei as pernas e esperei por sua reação.
- Por quê? O que está acontecendo?
- Eu já te disse diversas vezes que você foi uma menino mal e vai ter de arcar com as consequências - revirei os olhos.
- Está mentindo. Você não me conhece - começou a andar em círculos, com os olhos perdidos.
- Ah, Mike. Te conheço... e muito. Te conheço tanto que sei até o seu futuro - brinquei.
- Olha aqui, Suzy - sua voz adotou um tom de escárnio. - Essa brincadeira já foi longe demais.
- Concordo. Por isso mesmo, você virá aqui amanhã para podermos dar um fim nisso - sorri.
- Por quê eu faria isso?
- Se lembra de Anne, filha do diretor da TDY& Co.? Acho que sim, não é? - Falei com um sorriso. Sua expressão assustada me divertia.
- Como a conhece?
- Vou te contar um segredo, Michael - me aproximei dele e sussurrei em seu ouvido. - Anne quer sua vingança.
- Mas...
- Não adianta, Mike. Eu sei o que você fez. Não adianta negar nem fugir - sorri.
Ele pareceu perceber estar sem saída, pareceu perceber a minha capacidade de o encontrar onde quer que ele esteja. Suspirou e me encarou.
- O que quer que eu faça? - Perguntou com um tom de voz fraco.
- Venha para esta boate e vamos fingir que somos amigos. Te pago uma bebida e então, o final eu decido - sorri debochada.
- Tudo bem - suspirou derrotado.
- Foi bom te conhecer, Mike - observei ele caminhar porta afora.
Michael era interessante, talvez eu me divirta mais um pouquinho antes do inevitável acontecer.
Me aguarde, Michael Dawson. Me aguarde...

BLOOD IN THE DANCE FLOOROnde histórias criam vida. Descubra agora