O caminho para o céu

Parte 1

CAPÍTULO 1

Ela corria pela floresta com seus pés descalços, sentia a dor invadindo seu corpo, galhos prendiam em suas roupas que já estavam bem gastas, sua cabeça se perdia em pensamentos sombrios como aquela noite.

Ela era realmente linda, com seus cabelos finos castanhos médio que parecia ceda ao tocar no mesmo, seus olhos brilhantes e curiosos cor de mel que sorria mais do que seu próprio sorriso estonteante, mas naquela noite o desespero invadiu sua alma de uma maneira profunda, além de invadida pela dor e a escuridão sentia seu corpo tremulo como nunca havia sentido de tal maneira. Desespero, com sua respiração ofegante, o que mais era surpreso, é que ela sempre dizia aos amigos... parentes... namorado, para terem fé, acreditar... não serem pessimistas, ela era tão positiva... sempre teve paciência, como tudo aquilo conseguiu sumir quando ELA quem precisava de apoio... como se toda aquela fé fosse apenas uma fachada para fingir que as coisas estavam bem realmente, mesmo ela sabendo que não, preferia acreditar que ainda tinha os pés no chão, mas tudo isso sumiu como vento forte de uma tempestade que parecia não passar nunca.

Como seu pai um dia lhe disse, "nunca devemos mudar pelas pessoas, muito menos se apegar a elas, pois um dia todos vão embora, sempre terá um motivo... de valor aos sorrisos minha filha, e seja feliz por velos, seja uma pessoa boa,mas não gaste seu tempo provando isso" Como ele era um homem sábio... ele realmente sabia o certo, mas praticar, era uma outra história. Ele foi, por muito tempo um homem bom, até minha minha mãe falecer, sabe, acho que a vida dele perdeu um pouco o sentido, quem olhasse para nós, para eles na verdade...diria com toda certeza que éramos muito felizes, minha mãe estava saindo do serviço uma noite, e não havia taxi, o carro estava com meu pai, então ela voltou para casa andando, e quando estava quase chegando... dois caras a abordaram, eles a levaram, abusaram dela e depois largaram o corpo despido na rua coberto de sangue e frio. As vezes tento imaginar como minha mãe deve ter ficado aquele dia, cansada... com dividas, voltar para casa a pé e ainda acontecer essa tragédia, mas só de tentar imaginar a dor dela, me corrói por inteira. Meu pai se culpa, diz que devia ter dado o carro para ela, e que o culpado de tudo aquilo ter acontecido era ele. Normalmente minha mãe teria ligado para ele ir busca-la, mas eles tinham brigado, então ela não ligou, depois que tudo aconteceu, meu pai entrou em depressão, e não, eu não podia ajudar, pois ele dizia que eu lembrava minha mãe, e que eu não poderia ficar perto dele.. pois iria ser atormentado a vida inteira, eu tinha 14 anos quando tudo aconteceu.

Eu fiquei me perguntando o que eu iria fazer agora, minha mãe faleceu, meu pai não consegue ficar perto de mim, não tenho irmãos e eu só tinha 14 anos, nem tinha terminado a escola! ELA TAMBÉM ERA MINHA MÃE! Eu também sofri com a morte dela, me olhar no espelho todos os dias e saber que ela não vai mais pentear meu cabelo enquanto eu contava minhas piadas sem graça, e falava sobre minhas amigas, saber que não iria mais ouvir sua voz doce me chamando para ir tomar café ou me dando boa noite, todos ignoraram minha dor, como se ela não significasse nada para mim. Perdi minha mãe, e ao mesmo tempo meu pai, e minha vida inteira junto deles..

Me senti sozinha, por um momento, mas por algum motivo minha fé não tinha ido embora, eu queria acreditar que as coisas iam se encaixar, precisavam. Juntei minhas coisas em uma mala e escrevi uma carta para meu pai, e no final escrevi a frase que ele vivia me dizendo, por mais que agora não fizesse efeito nenhum para ele, eu precisava tentar. Deus sabe o que faz. Saí de casa pela manhã, deixei café para meu pai e a carta do lado, um dia ele tinha que sair do quarto...

Eu andei pelas ruas, conhecia cada canto daquela cidade, e algumas pessoas me conheciam, minha mãe e meu pai gostavam de fazer doações pelas vizinhanças, vamos se dizer que eles eram amigos de todos e todo mundo adorava eles. Ah.. como o destino é incerto não é mesmo? Tudo ia bem, como poderíamos imaginar que tudo mudaria em apenas uma noite...