Há 500 anos, dois nobres disputaram a mão de uma jovem dama. Danniel e Niall eram melhores amigos desde que Danniel havia sido adotado ainda bebê pelo Rei, pai de Niall. Os dois eram inseparáveis. Quando criança, brincavam juntos. Quando adolescentes, travaram sua primeira batalha em nome do reino. Os laços dos dois ultrapassavam o sangue divergente de ambos, e quem não os conhecia não poderia dizer que não eram irmãos.
Poucos meses depois de ambos completarem 18 anos, surgiu uma proposta ao rei para que a filha de um poderoso monarca casasse com um dos seus filhos e, assim, uma paz diplomática surgiria entre as duas maiores monarquias da época. Dito que Niall era filho legítimo, os preparativos para a vinda da princesa começaram. Luna detinha uma beleza invejável por todos do reino. Seus cabelos loiros esvoaçam até mesmo na pouca brisa da manhã, e seus pés deslizavam macios pelo chão como se fossem patas felinas. Diziam que seus olhos poderiam petrificar qualquer homem do mundo, e que seu sorriso poderia causar uma guerra pela sua mão.
Niall, ao vê-la pela primeira vez, ficou estupefato. Rapidamente apaixonou-se pela jovem dama. O que não contava era que Luna e Danniel apaixonaram-se. O rei respeitando o desejo e como símbolo de amizade ao poderoso monarca, permitiu a troca de noivos. O filho legítimo revoltou-se e virou-se contra o reino. Reuniu um exército de guerreiros leais ao seu nome e foi partiu para outras terras. Anos se passaram enquanto o príncipe e a princesa mantinham uma relação de paz entre os reinos. Danniel ausentou-se para travar uma batalha longe dali. Quando voltou descobriu que Niall havia invadido o reino, assassinado seu próprio pai e sequestrado Luna.
Geleiras
O vento frio esvoaça as roupas dos soldados que ainda sobravam com Danniel. Assim que informações de que Niall mantinha Luna em uma prisão de gelo chegaram ao jovem rei, partiu com cem homens para resgatá-la, porém, ao chegarem em seu destino, pouco mais de dez se destacavam. As geleiras formavam uma muralha de cinquenta metros ao redor de uma estreita passagem. O sol brilhava fraco como uma luz prestes a se apagar. O caminho era extenso e lobos rondavam a região, então tinham que andar rápido. O frio ultrapassava as armaduras, mas ninguém reclamou. Todos tinham um desejo secreto de vingança para com o traidor. Um uivo cortou o silêncio assim que o caminho se transformou em um enorme espaço aberto circular aos pés das geleiras. Um lobo branco e enorme se destacava com um homem montado nele.
- Niall!!! Renda-se! – Gritou Danniel para o irmão. – Você não precisa morrer aqui. Entregue Luna e ajoelhe-se! Ninguém mais precisa se ferir.
O lobo começou a caminhar lentamente em direção aos guerreiros. De mais perto, via-se grandes olhos vermelhos em pelos extremamente brancos como a neve. Devia ter algo em torno de dois metros de altura. Há pouco mais de dez metros de distância, Niall desmontou.
- Tudo bem, tudo bem. Eu me rendo, irmão – Colocou as mãos para frente em símbolo de rendição. Um dos soldados aproximou-se com correntes a fim de prendê-lo. Niall começou a rir. – Ninguém disse nada sobre o lobo.
A fera pulou por cima do ombro do traidor, com dentes como lâmina atacou os cavaleiros. Tinha uma força descomunal. Mordeu o pescoço e acerto uma patada em dois cavaleiros. Espadas acertavam, mas não pareciam machucar. Pulou na direção de Danniel, e em um movimento rápido com a espada, acertou-lhe um dos olhos vermelhos. Urrou de dor. Danniel olhou para o lado e virá que sobrara apenas um de seus companheiros. Uma enorme fúria atingi-o. Cravou a espada no peito do lobo e andou pesadamente em direção de Niall.
- Não, não, não é assim que o jogo tem que ser jogado. – Niall gargalhava. Puxou uma adaga do cinto e posicionou-a para arremessa-la. – Tem que ser um contra um. – Arremessou. Passou cortando por Danniel e atingiu o último soldado no peito. Niall havia matado todos os companheiros e amigos do rei, porém, a vingança nunca esteve tão próxima.
Em um piscar de olhos, as espadas se chocaram. Barulho de metal ecoou pelo vale de gelo. Danniel não tinha mais consciência de que o outro fora seu irmão um dia, atacava-o com toda fúria que havia guardado. Derrubou com uma rasteira Niall, ergueu a espada. Na mente, passava-se toda a história dos dois. As brigas quando crianças, as gargalhadas depois de uma noite atrás de mulheres, as primeiras batalhas, a primeira vitória em combate. Uma lágrima escorreu de seu rosto assim como a espada que cortará o vento para acertar seu irmão no coração.
- Eu... eu sabia que conseguiria... – Niall balbuciava enquanto sangue escorria de seus lábios. Por um segundo, Danniel viu o brilho no olhar de quando eram crianças. O faísca doentia voltou em seguida – E é por isso que não pude perder. Você lembra, não é...? Eu nunca perco... – Os olhos se fecharam e, em desespero pelo que havia sido dito, Danniel correu em direção à uma caverna na extremidade do vale.
Encontrou sua amada encostava à uma parede. Sangue escorria de sua boca e seus olhos estavam prestes a se fechar para sempre.
- Não... NÃO! – Gritava Danniel. – O que ele fez?!
Ajoelhou-se ao lado de Luna, que com o pouco de força que lhe restara, colocou as mãos em sua nuca e beijou-o lentamente. Em tom fraco, quase na mesma frequência do vento que passava por ali, sussurrou:
- Eu te amo... sempre te amarei. – Os olhos fechavam-se lentamente – Mesmo em outras vidas...
O corpo tombou sem forças nos braços de Danniel. O mundo silenciou-se em luto. Numa tentativa desesperada de acabar com a dor, cravou a espada em seu estômago e caiu ao lado da amada.
O destino, entediado, para pregar uma peça atendeu ao último pedido de Luna. 500 anos depois, Danniel, Luna e Niall acordam em um outro mundo. Os mesmos rostos, nenhuma lembrança. A história finalmente renasce.
Notas do Autor:
Olá! Dei uma revisada bem por cima antes de postar, perdoem-me por qualquer erro!
Se tem alguma dúvida quanto ao enredo, é só deixar nos comentários!
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ATEMPORAL
FantasyHá cinco séculos Danniel e Niall eram como irmãos, porém, um acontecimento inesperado os separa e culmina em uma tragédia. 500 anos depois voltam à vida sem se lembrar de nada. Será que a história irá se repetir? Obrigado por estar aqui, esper...