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--- Jonathan na mídia ---

A vida segue acontecendo nos detalhes, nos desvios, nas surpresas e nas alterações de rota que não são determinadas por você

- Martha Medeiros

Subi as escadas com dificuldade, e senti estar sendo observada por ele, que veio logo atrás de mim sem abrir a boca para reclamar da velocidade de meus passos.

-- Quer ajuda?

-- Não Jonathan, muito obrigada mesmo - disse meio seca

Ao chegar no quinto andar, me senti aliviada e dirigi-me ao fim do corredor, onde fica meu amável apartamento, porém Jonathan continuou atrás de mim.

-- Não precisa me seguir até a porta da minha casa, stalker. Não quero que saiba onde moro pra vir aqui pedir uma xícara de açúcar sempre que estiver atoa - John ri.

-- Não estou te seguindo, eu moro por aqui.

-- Qual é o seu número? -perguntei já retirando as chaves para abrir a porta.

-- Ann... 528 - ele começo a rir novamente enquanto me observava

Por mais que não pareça agora eu sempre amei ter vizinhos. Sou aquele tipo de garota que oferece apoio a qualquer hora necessária.

Minha última vizinha, Anne Marie, fora uma doce senhora francesa de setenta e oito anos que era muito querida por todos os vizinhos do andar, apesar de eu ser sua favorita.

Anne havia retornado à França dois meses atrás, para morar com suas duas filhas, Berthe e Charlotte. Me escrevia cerca de uma vez ao mês.

Eu moro no 527, a exata porta do lado da que Jonathan estava abrindo. Em minha mente, eu era capaz de ver a felicidade que sempre tive ao ter vizinhos indo por Água abaixo, enquanto observava, sem expressão alguma no rosto, Jonathan abrir sua porta. A porta do lado da minha, onde Anne morava. A atual porta do Jonathan. Não.

-- Bom, mais tarde vou bater na sua porta pra pedir aquela xícara de açúcar.Preciso ir agora -Jonathan disse enquanto conferia as horas em seu relógio de pulso e entrava rapidamente para pegar seu celular.

Ao voltar, me visualizou, ainda escorada na porta, com uma expressão certamente desolada no rosto, e riu. Na verdade ele só sabe rir, aparentemente.

-- Não vai ser tão ruim assim, prometo. Sei que nossas primeiras impressões não foram as melhores, mas garanto que sou uma boa pessoa. -sorriu -ah... e melhoras - disse e saiu rapidamente pelo corredor até desaparecer descendo as escadas.

Após alguns segundos, entrei em casa e Sammy levantou rapidamente de sua caminha para correr em direção a mim.

Sammy, ou Samantha, é uma cachorrinha de pequeno porte, com pelos médios e lisos, sempre macios. Nunca vi um cachorro gostar tanto de banhos. Eu seria capaz de definir sua cor como um "bolo de festa", já que ela é composta por várias cores, dentre elas preta, marrom, branco e um apertável focinho rosado, de olhos cor quase mel. Sua raça tão indefinida quanto sua cor, mas provavelmente algo entre um Husky Siberiano e um Chihuahua.

-- Também senti saudade, pequena! -disse a pegando no colo e a abraçando.

***

Tomei um bom e demorado banho, que infelizmente me fez relembrar da tragédia do parque com as dores dos machucados em contato com a Água, e fui até a cozinha pra pegar alguns aperitivos. Logo em seguida, fui para a sala assistir a um filme. Adormeci pensando em como vai ser ter o Jonathan frequentemente presente nos futuros dias da minha vida.

Lembrei-me que existem cartasWhere stories live. Discover now