Capítulo 1

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Nova Iorque, NY, Estados Unidos

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Nova Iorque, NY, Estados Unidos

Aquela era a última maneira pela qual Gianpaolo Bianchini julgou que fosse morrer. Com a mão estendida no chão frio, tentando alcançar seu revólver. Um buraco aberto bem na altura do coração. Se pedissem a ele que imaginasse sua morte, entretanto, ele provavelmente descreveria uma cena similar. O mundo no qual fora criado e do qual ele era, agora, o cabeça, ensinava seus pupilos a morrerem mais cedo do que os ensinava a matar. Não era essa a preocupação de Bianchini. Que o diabo carregasse sua alma, já que os céus não a receberiam. O que mais o alarmou, foi o ódio no olhar de seu algoz. A maneira como ele havia apertado a mão de Bianchini com a sola do sapato de couro, rangendo os dentes e rosnando como um lobo faminto. Aquele ódio e aquela fúria eram respeitáveis. Mesmo à beira da morte, ninguém diria que Bianchini não sabia reconhecer um bom adversário.

Juntando toda a força que podia, enquanto alguém que sangrava aos borbotões e tinha vários ossos fraturados pelo embate físico que ocorrera na casa, Bianchini esticou o braço o máximo que podia, sentindo uma dor agonizando nas pernas ao executar tal ação. Por um breve momento, ele acreditou que fosse alcançar o objeto desejável, mas tão logo o outro homem viu a intenção de Bianchini, girou em seus calcanhares e chutou a arma para longe do alcance do Don, que gemeu de dor ao ver o revólver deslizar pelo piso e ir parar embaixo da mesa da sala de jantar.

— Achou que eu fosse tão fácil de enganar, sua raposa velha? – o homem sorria, mas sem mostrar os dentes, passando a própria arma de uma mão para a outra, enquanto olhava a vista privilegiada de Nova Iorque que as janelas grandes com venezianas ofereciam. A mulher que morava ali devia ter conquistado mesmo o coração de Bianchini. O Don da Máfia Italiana em Nova Iorque não instalaria qualquer uma em um apartamento de luxo como aquele. — Você vai me dar o segredo do cofre de Praga antes de morrer, maldito! Ouviu bem?

— Você não me quer morto! – o Don tentou negociar. Sabia que embora a bala estivesse alojada próxima ao coração, ainda havia chances dele sobreviver. O tiro fora cirúrgico, de uma precisão impressionante e Gianpaolo havia passado tempo demais cercado de criminosos para não conhecer o punho firme de um especialista em armas de fogo. — Eu sou mais valioso pra você vivo! Praga? Está sonhando baixo! Vocês todos sonham baixo...

— É o que pensa? – o homem se afastou da janela e ajoelhou-se a altura de onde o velho mafioso estava caído. Com um puxão pelos cabelos já embranquecidos, ele o forçou a encará-lo. — É engraçado... olhando você daqui, velho, decrépito, rastejando como o verme que é e implorando pela sua merda de vida... não faz juz a tudo que falam a seu respeito. O poderoso Gianpaolo Bianchini, o maior Don que Nova Iorque conheceu depois da virada do milênio, a garantia do legado da Famiglia!

O velho Don apenas o encarava friamente. Por um momento, quase esqueceu-se da dor excruciante que começava no centro de seu peito e viajava em ondas por todo o seu corpo. Sua chama ainda não se apagara, não importa o que o infeliz a sua frente dissesse. E ele não parou.

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