Capítulo 19

615 56 46
                                    

Positano, Costa Amalfitana, Itália

Alfonso subiu as escadarias que levavam até a casa em Positano a largas passadas. Ansiava por ver Anahí, por estar perto dela. Não apenas dela, como também da luz que ela emitia. Rever Francesca foi como ser tragado de novo para dentro de um buraco negro que consumia tudo e todos ao seu redor. Infelizmente, ele precisava admitir pra si mesmo que por muito tempo ele deixara aquela força destrutiva o atrair. Não. Nunca amara aquela mulher odiosa, mas não podia negar que chegara a desejá-la. O tipo de desejo que nasce das circunstâncias e não de uma atração verdadeira entre duas pessoas. Alfonso percebia agora que desejava o poder que estar ao lado dela o conferia e amava o mal que podia infringir em Paolo. Aquilo lhe dava um tesão completamente fora do normal e ele confundia os sentimentos, julgando que sentia algo por ela. Quando pisou pra dentro da casa de verão, sentiu o coração se acelerar dentro do peito. Era como se respirasse pela primeira vez após ter que prender o ar diante a presença tóxica e sufocante da Condessa.

Tinha ligado para Maite avisando sobre sua chegada, mas a casa parecia estranhamente silenciosa. Onde estava Anahí? E se ela não estivesse ali? Alfonso sentiu uma fisgada forte no peito só em pensar que algo poderia ter acontecido com ela enquanto estivera fora. No entanto, logo aquele medo se dissipou, pois Anahí apareceu saindo da cozinha, retirando um avental que envolvia sua cintura.

— Mal acreditei quando a Mai me ligou avisando que você estava pra chegar! – ela parou a poucos metros dele, com um sereno sorriso do rosto. Alfonso desejou que o mundo pudesse se dissolver em nada até restar apenas aquele sorriso.

Caramba, ela estava linda, mais do que linda, ela estava radiante. Os dias de estio haviam deixado sua pele mais dourada, exceto pelas bochechas sempre num tom suave de cor de rosa, que as davam um aspecto de saudáveis. Anahí tinha os cabelos meio presos, com alguns fios caindo pelas costas, emoldurando seu rosto delicado. Ela usava um vestido de verão leve e bem acinturado. O tecido era branco e pequenas flores vermelhas estampavam a peça de roupa. Ela parecia uma camponesa. Parecia alguém que tinha morado ali a vida inteira. Alfonso nunca tinha visto uma mulher tão linda em toda sua vida. Ele precisou piscar pra afastar aqueles pensamentos, mas Anahí pareceu perceber por onde a mente dele vagava e abriu um sorriso ainda mais largo.

— Eu pedi que ela não dissesse nada, queria fazer uma surpresa.

Anahí o surpreendeu, aproximando-se com segurança, para logo em seguida envolver os braços delicados em seu pescoço. Ele ficou imóvel por alguns segundos, sentindo o contorno do corpo curvilíneo contra o seu, ouvindo o próprio coração acelerar quando a cabeça dela encostou-se em seu peito. As batidas eram embaraçosamente altas e ela com certeza estava ouvindo também.

— Nem posso acreditar que está aqui! Vivo! Bem!

— Estava ansioso pra te ver logo. – ele a afastou de leve, apenas o suficiente para poder olhar em seus olhos. — Só agora sinto que estou vivo!

Um sorriso verdadeiro e puro se insinuou nos lábios de Anahí e ao ver aquilo, Alfonso não resistiu e a puxou para os seus braços novamente. Roçando o nariz de leve sobre o dela, tomando seus lábios em um doce e apaixonado beijo na sequência. Ela se deixou beijar sem qualquer resistência, segurando o rosto dele com as duas mãos, fazendo um carinho gostoso em suas bochechas e nuca, antes de se afastar um pouco. Preparara um jantar especial para os dois e seria um desperdício total deixá-lo intocado, e se continuassem naquele ritmo, era isso que iria acabar acontecendo.

Alfonso suspirou frustrado ao senti-la se afastar. A desejava como um louco e os cinco dias que passara longe dela só tinham confirmado aquele sentimento. Alfonso estava apaixonado, irrevogavelmente apaixonado. Perdido. Encontrado.

GUILTY ONES  ✔️Onde histórias criam vida. Descubra agora