III

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Mal havia acordado e a enxaqueca afligia Roberto. Quatro passos dados, quase caiu indo ao banheiro, onde logo após apoiou-se à pia. Foi sorte que não caiu; era moreno tão alto e robusto que teria levado a pia junto agarrando-na. Frente ao espelho, vigorosamente pôs para fora o digerido. Os remédios para a doença, receitados pelo doutor, agiam inutilmente, se isto. Roberto não queria mais tomar pílulas sem uso, como as de agora e as muitas de antes.

Na verdade, Roberto agora nada queria, além de desejar que o sol incidisse mais brandamente ou que ao menos as paredes fossem escuras. Restava a ele passar as próximas horas encolhido no sofá da sala, que mal comportava seu metro e noventa e três. Era fútil comer, e mais ainda se iludir que um dia esse sofrimento passaria.

Ele deitou. Passou? Passou... Não sei. Mas é certo que logo depois ele levantou. Mais uma hora de sua vida o sofá tomou, e quando Roberto de pé se forçou, acabou com todo o conteúdo da geladeira. Continou desanimado, porém um pouco melhor, agora no balcão da cozinha, observando uma pintura abstrata da cozinha. Ao por o cotovelo sobre o granito, caiu a longa manga da camiseta, revelando uma enorme cicatriz no seu braço direito. Lembra-se de redescobrí-la todo dia, isto é, de inicialmente assustar-se com a sua existência, e depois lembrar dela estar ali há um bom tempo.

Todo dia Roberto tenta se lembrar o que a causou, mas não consegue.

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⏰ Última atualização: Oct 24, 2017 ⏰

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