"Quando eu vi meus dois amigos alfas encontrarem seus ômegas não senti nenhuma inveja, é verdade que eles pareciam felizes, realizados e bastante satisfeitos com as suas situações atuais, mas o vínculo entre eles os tornavam mutuamente dependentes...
"Depois de planejar a minha vida acadêmica e pós-acadêmica nos mínimos detalhes e ralar muito para chegar até aqui, eu não posso perder o foco."
Era isso que eu estava pensando durante o processo de preencher os papéis da faculdade, os documentos de recebimento da bolsa integral e, finalmente, assinar a papelada de admissão para o curso de Dança.
Depois de chegar em casa, resolvi tomar um banho e deitar para dormir, mas acabo relembrando do dia em que recebi o telefonema informando que havia sido selecionado pelo programa de bolsas mais concorrido do país, quase tive um ataque do coração. Eu sabia que tinha chance, mas tinha consciência que elas eram pequenas por causa da concorrência alta, mesmo assim eu fiz a seleção e fui chamado. Naquela noite a minha omma chegou tão exausta do trabalho, que eu considerei deixar pra contar depois, mas não aguentei nem até a metade do jantar, sorrio com a lembrança sempre.
A sequência de expressões faciais que a minha omma fez deve ter batido algum recorde de velocidade, primeiro ela estava surpresa, depois começou a chorar e levantou para me abraçar, no meio do processo ela começou a ter uma crise de riso- que me fez ter uma também- e depois que ela me soltou e sentou, assumiu aquela expressão de orgulho materno. As coisas nunca foram fáceis para nós, por isso eu entendo a dimensão da felicidade dela.
Nem sei quando decidi que queria me dedicar à dança, minha omma dizia que durante a gravidez os momentos em que eu mais chutava era quando ela cantava para mim ou tocava alguma coisa alta ou perto da barriga; quando pequeno costumava me mexer freneticamente enquanto músicas aleatórias, comerciais ou trilhas sonoras, tocavam na tv. Depois que completei 7 anos entrei no balé, a omma trabalhou muito para pagar, então eu dançava em todos os momentos: para ficar feliz quando tava triste, para liberar a preocupação, para esquecer os nossos problemas.
A memória mais forte que eu tenho envolvendo a dança e sentimentos ruins, que faço questão de nunca esquecer, é do dia em que o appa nos deixou. Foi logo depois de ter encontrado seu vínculo de alma, acho que eu tinha uns 3 anos na época e não sabia bem o que estava acontecendo, mas lembro de ver os dois discutindo e da minha omma chorando sem parar, depois disso ele saiu e não olhou para trás ou falou comigo, nunca mais o vi depois daquele dia, mas a omma estava aos prantos então eu resolvi mostrar a dancinha que eu tinha inventado. Comecei a cantarolar uma melodia aleatória e dançar ao mesmo tempo, ela passou a mão no rosto e sorriu, me abraçou e sussurrou que eu era precioso e que o mundo não me merecia.
Quando fiquei mais velho perguntei a omma o que havia de fato acontecido e ela me contou o motivo dele ter ido embora, encontrou o vínculo de alma e ela não se importou com o fato dele ter um filho e uma parceira beta, exigiu que ele nos deixasse e cortasse contado imediatamente, ele foi embora sem pensar duas vezes ou olhar para trás. Só que antes resolveu dizer que a minha omma era inútil, que foi só 'mais uma' pra ele, que betas não deviam se relacionar com alfas porque sabiam que o pé na bunda era certeza e que eu era tão inútil quanto ela, não servi nem para ter nascido ômega mulher ou um alfa.
Depois do dia em que ele nos deixou, as coisas ficaram difíceis, mas a omma nunca deixou que nada me faltasse e sempre acreditou em mim e me amou incondicionalmente, se preocupou por eu ter crescido meio isolado, quando arrumei 3 amigos ela quase explodiu de felicidade e hoje nós estamos aqui.
Falando nos meus 3 patetas (que nenhum saiba que os chamei assim nunca) eles ficaram tão felizes porque passei e que vamos estudar na mesma faculdade, que fizeram uma mini festa do pijama aqui ontem.
Dos três, o Tae é extremamente agitado, um ômega bipolar e carinhoso em níveis extremos, mas quando fica com raiva ninguém aguenta. Jin, também conhecido como a nossa segunda omma, é o ômega mais maravilhoso, calmo e amoroso que eu conheço. Hoseok é um beta, que ta mais para alfa por causa do físico, ele é puro amor, carinho, proteção e esperança- sempre nos deixa pra cima não importa quão ruim a situação esteja. Taetae e Hobi tem o vínculo de alma, são o casal mais fofinho do mundo e me sinto privilegiado por tê-los ao meu lado, os 3 e a omma são meu porto seguro.
Aish, são 2:15 da manhã e eu aqui divagando sobre a vida, preciso dormir que amanhã as coisas começam de acordo com o que foi planejado.
Park, assim como Jeon, tinha perdido o sono pensando em como as coisas seriam agora e/ou nas dificuldades que passaram ou passarão. O universo, por sua vez, seguia de maneira travessa tramando um jeito de brincar com os dois e talvez quem sabe se dessa "inocente" brincadeirinha não saí algo, bem mais complexo e lindo?! Dorme bem, pequeno mochi, porque amanhã as coisas começarão a mudar.
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