Arlen andava pelas ruas de sua pequena cidade, olhando para seu único bem de valor, o anel de prata com a imagem de um lobo solitário uivando para a lua, se perdendo em pensamentos. Seguiu em direção a sua casa onde sua mãe o aguardava, sua casa era pequena com paredes de madeira e teto de sapê. Arlen entrou na casa e viu sua mãe preparando o jantar, era uma jovem esguia de cabelos escuros e olhos verdes, Ele apesar de ainda ser novo já era mais alto que sua mãe.
─Arlen? É você? ─ Ela perguntou sem tirar os olhos do fogão a lenha
─Sim, mãe.─ Arlen falou baixinho
─Está tudo bem filho?
─Está, só um pouco cansado─ ele se aproximou da mãe e deu um beijo em sua bochecha.
─Sente-se, o jantar está quase pronto.─ Ela sorriu para.
Ela tinha um sorriso tão alegre que Arlen sentiu como se seu cansaço tivesse diminuído. Ele se sentou e ela começou a cantarolar enquanto cozinhava, a música parecia aliviar todos os músculos de seu corpo. Logo o jantar tinha sido servido e devorada.
─Obrigado, mãe. Estava tudo delicioso.
Ele ajudou a mãe com a louça e foi se deitar.
Teve os mesmos pesadelos de sempre, uma guerra entre magos, feitiços voando de uma lado para o outro, homens e mulheres caindo e o mesmo fim, ele se sentava em um trono, com pessoas ainda morrendo, enquanto ele chorava.
Acordou com lágrimas nos olhos, as secou com as costas da mão. Ainda era de madrugada, mas sabia que não iria conseguir dormir de novo, pegou sua adaga, prendeu no cinto e saiu pela escuridão da noite.
Andando pelos becos escuros ele se deparou com dois jovens brigando, ele se encostou na parede e assistiu para ver quem ia ganhar, mas os dois pararam ao vê-lo.
─Arlen!─ Eles falaram ao mesmo tempo.
─Brigando, de novo.─Ele tinha um tom de reprovação─ Pelo que era dessa vez?
Os dois garotos se olharam, envergonhados.
─ Nada importante, já foi esquecido.─ O outro concordou com um aceno de cabeça, eles sabiam que Arlen não gostava de ver eles brigarem.
Arlen suspirou irritado.
─Vamos temos muito o que fazer antes que amanheça.
Os garotos sorriram maliciosamente, e correram na frente.
"Esses dois não tem jeito, sempre brigando sem motivo" Pensou, com um sorriso no rosto.
Correu atrás dos garotos em direção a saída da cidade.
Os três pararam perto de um riacho, depois de algum tempo correndo. Sob a luz da lua era possível ver o rosto dos dois garotos, eles eram gêmeos, tinha a idade de Arlen, 16 anos, eram um pouco mais baixo que ele, tinham diversas cicatrizes pelo corpo, sinais da vida que levavam nas ruas.
─ Estão prontos?─ Eles fizeram que sim com a cabeça.
Pegaram os arcos e atravessaram o rio que marcava a divisão de RiverLow e GlowingHills, a cidade onde viviam os magos.
Eles já faziam isso há algum tempo, entravam na cidade, roubavam algumas casas e saiam. Dessa vez não foi diferente, entraram em uma das casas, pegaram o que parecia ter algum valor e saíram.
Enquanto voltavam para o rio ouviram um grito que foi rapidamente abafado.
Arlen se virou para os dois garotos que estavam logo atrás dele.
─Eu vou dar uma olhada no que foi isso.─ ele entregou sua parte da pilhagem para eles.─ Voltem para RiverLow, me esperem na taverna.─Eles assentiram e foram em direção ao rio.
Arlen tirou o arco do ombro e foi na direção de onde tinha vindo o grito. Não sabia o por quê, mas ele se sentia atraído pelo perigo eminente. Logo se aproximou do ponto de origem do grito, se agachou em meio a um arbusto e o que viu foi uma cena horrenda, uma estava sendo estuprada por dois guardas de GlowingHills, pelas roupas da garota deveria ser uma serva de uma das casas.
─ Pare de gritar, ou terei que cortar sua língua fora.─ Falou um dos guardas com uma adaga na mão, o outro ria enquanto se forçava em cima da garota.
Arlen via lágrimas rolando pelos olhos da garota, sentiu um ódio tomando conta de seu coração, ainda escondido, colocou uma flecha na corda do arco, puxou e soltou.
A garota soltou outro grito ao ver a ponta da flecha se projetando da barriga do home que segurava a adaga perto de seu rosto, o outro guarda se assustou e se afastou da mulher. Arlen já tinha atirado outra flecha, essa perfurou o pescoço do segundo homem.
Se aproximou da garota que agora estava encolhida no chão abraçando os joelhos. Ele tirou o próprio manto e o colocou nos ombros da garota, que olhou pra ele com medo e gratidão nos olhos. Ela tinha a mesma idade que ele.
Arlen ouviu um som atras de si e com um movimento fluído estava de pé com uma flecha preparada.
─Solte o arco─ O homem tinha o sotaque das terras altas. Estava com a mão apontada par frente─ Não vou pedir de novo.
─ Flechas são mais rápidas que feitiços.─ Arlen falou com uma calma assustadora na voz─ Solte o faz-feitiço.
O guarda após alguns momentos de hesitação abaixou a mão.
─ Tire o anel e jogue pra cá.
O guarda tirou o anel do dedo obediente e jogou no chão aos pés de Arlen, que não tirou os olhos do guardo.
─Saía daqui imediatamente.─ O guarda correu como se sua vida dependesse disso e dependia.
Arlen se abaixou e pegou o anel, sabia onde poderia conseguir um bom dinheiro com aquilo. A garota olhava perplexa pra ele, que deu de ombros e saiu andando em direção a RiverLow.
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O Mestiço
FantasySó uma coisa pode impedir que uma guerra aconteça, poder. E Arlen, um Jovem ladrão, vai precisar de uma imensa quantidade disso pra impedir a guerra que destruirá seu mundo.