Capítulo 1

726 30 17
                                    


Lívia

— Então... — disse para minha amiga Bia, que me olhava com cara de quem já sabia o que eu iria dizer. Ela me conhecia muito bem e na maioria das vezes nem precisava dizer nada para que soubesse o que estava pensando.

— Eu sei que sou injusta com ele algumas vezes. — Seus olhos encontram os meus e não disfarça o divertimento neles.

—Tudo bem, Lívia, não acho que ele seja esse santo todo que você imagina, sabe que eu tenho lá minhas dúvidas em relação à fofurice dele, perfeito demais!

Bia sempre teve suas cismas com Otávio, meu noivo. Dizia que ele era perfeito demais, santo demais, compreensivo demais e nunca se manifestava com nada do que eu fizesse, dissesse, ou com qualquer atitude que eu tomasse. Ele sempre aceitava tudo, e dizia que o amor dele era capaz de superar qualquer coisa.

Estávamos juntos há quase um ano e meio. Foi meu primeiro namorado sério, com seis meses de namoro me pediu em casamento; aceitei, pois nosso relacionamento era perfeito. É o noivo que qualquer mulher gostaria de ter: adora fazer surpresas, sempre me elogia, vive me paparicando e diz tudo que uma mulher gosta de ouvir. Apesar de amá-lo, nunca tive aquela paixão arrebatadora que se lia nos livros, mas acho que na vida real é assim mesmo e, para mim, funciona do jeito que é.

— E então, mocinha, o que você está tramando para pedir desculpas ao seu namorado "perfeito"? — Bia enfim se manifesta, mas, claro, enfatiza o perfeito, não perdendo a oportunidade de implicar com Otávio.

Na verdade, Bia chamava-se Bianca. Nós nos conhecemos no Ensino Fundamental, e desde então, nunca nos desgrudamos. Estudamos juntas todo o Ensino Médio e fazemos até a mesma faculdade. Estamos agora no último período de Educação Física. A dupla imbatível, era assim que nos chamavam. Mas, prefiro pensar que é a irmã que nunca tive. Sei que era. Sabia que podia contar com ela para qualquer coisa que precisasse, sempre estaria lá para mim.

— Estou pensando em fazer uma surpresa em seu escritório hoje, já que nunca vou lá e ele vive reclamando disso.

Conheci Otávio quando tive que procurar um advogado para resolver as pendências do inventário do meu pai. E, apesar da fase difícil que estava passando, fiquei totalmente deslumbrada com sua beleza e educação. Depois de uma semana indo ao seu escritório, ele me convidou para jantar. Então depois de um mês de muita insistência, resolvi aceitar e, desde então, estamos juntos.

— E como você pretende fazer essa surpresa? Ah, claro, vai aparecer no escritório dele. Nossa, amiga, realmente uma coisa surpreendente, se não tivesse tido essa ideia, não seria capaz de pensar em algo assim — zomba. — Incrível, suas ideias andam cada vez melhores, Lívia! — finge empolgação e seriedade, mas logo cai na gargalhada.

— Para, Bia! Estou falando sério e você fica de sacanagem! Estou precisando de uma dica séria, tenho que me redimir, pelo menos um pouco! — Balança a cabeça de um lado para o outro sem parar.

— Só não estou vendo motivos para tanto, Lívia, você dificulta tanto as coisas, se quer ir lá e se desculpar com seu namorado, se desculpe e pronto, mas sabe qual é minha opinião. — A encaro, sua implicância está cada vez pior.

— Ele está perdendo a paciência, estou sentindo isso, nunca agiu como ontem, não sei mais o que fazer. — Sua gargalhada enche o ambiente.

— Que foi, qual a graça? — pergunto.

A Bia fazia piada de tudo, não que isso me irritasse, na maioria das vezes ela era sempre muito engraçada, eu adorava seu senso de humor e de como fazia piada e via o lado bom de tudo. Peguei um pouco isso dela. Mas hoje, realmente estava nervosa e sem saber como agir. Queria só o lado das suas ideias mirabolantes, sempre brincávamos que ela era o cérebro e eu o coração. Ela me olha e vejo que tenta parar o riso, mas falha na sua tentativa.

A Missão Agora é Amar - missão bope 1Where stories live. Discover now