Chegada ao Rio (revisado)

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Miguel:

Acordo com o despertador tocando, me levanto da cama e me arrasto até o banheiro, tomo uma ducha e coloco uma calça jeans e uma camiseta grande vermelha. Coloco meu jordan no pé, coloco minha corrente de prata e pego minha arma colocando-a na cintura. Desço para a cozinha e encontro minha irmã doida falando com as panelas.

  - Que tipo de drogas você usa, Larissa? Vou falar pros caras da boca parar de fornecer-las - ela se assusta quando eu falo e se vira pra mim com os olhos arregalados e a mão no peito.

  - Que droga, Miguel! Quase me matou de susto, miserável - ela fala e eu rio, me sentando na cadeira. Pego uma xícara e coloco café pra mim, logo a Larissa vem pra mesa com uma panela.

  - O que é isso aí, anãzinha? - ela olha pra mim fazendo careta.

  - Panquecas - ela se levanta e pega dois pratos no armário, coloca um pra mim e outro pra ela. Ela vai até a geladeira e pega cobertura de caramelo e chocolate.

  - Que milagre foi esse que você decidiu acordar cedo hoje e ainda fazer panquecas - digo e bebo um pouco do meu café.

  A Larissa é meio preguiçosa, eu sempre acordo antes dela. Isso porquê ela entra 7:30 na escola e sempre chega atrasada.

  - Não consegui dormir - ela diz e bebe um pouco de leite com achocolatado.

  - Por que?

  - Antes de dormir eu tava conversando com o Jhow e ele acabou me dizendo que vocês vão fazer uma operação arriscada  sábado.

  - Filho da puta. Já falei pra ele que não é pra explanar as coisas pra tu porquê depois você fica tendo ataques de ansiedade e fica com insônia de tanta preocupação.

  - Não foi culpa dele. Eu perguntei o que ele ia fazer sábado e ele acabou soltando sem querer... - ela fala um pouco triste. Faço um tipo de sanduíche com a mão delas e as minhas e olho nos olhos verdes dela.

  - Não vai acontecer nada comigo, birrenta. Eu e o Jhow vamos voltar bem, prometo pra você - ela me dá um sorriso amarelo e eu levanto para abraçar ela.

  - Eu tenho muito medo de te perder, Miguel... Você é uma das pessoas mais importantes pra mim e é a única família que eu tenho. Não posso te perder - ela me abraça forte e começa a chorar de soluçar. Fico fazendo cafuné nela.

  Quando nossos pais morreram, a Lari tinha 7 anos e eu tinha 11. Eles eram tudo pra nós. Minha mãe era quem fazia carinho na gente quando a gente se machucava e meu pai era o nosso protetor. Até que um dia teve invasão aqui no morro e eles nos mandaram à pressas para Minas. Ficamos por volta de uma semana na casa da minha tia sem receber nenhuma notícia dos nossos pais, até que um dia eu tava brincando de esconde-esconde com a Lari e eu e ela escutamos minha tia falando no telefone. Ela tinha acabado de receber uma notícia; nossos pais tinham sido baleados e eles estavam no hospital durante essa semana e naquele dia eles tinham morrido. Quando a Larissa escutou isso ela entrou em choque, foi quando ela teve a primeira crise de ansiedade dela. Ela ficou sem respirar, se tremendo toda e chorando muito. Ela não falava nada, só segurava minha camiseta com força.

  De todos ela foi a que mais sofreu com a perca dos nossos pais. Desde sete anos ela sofre de ansiedade e depressão. Tem dias que ela fica presa dentro do quarto e só sai pra necessidades, como ir ao banheiro. O único que consegue ajudar ela quando ela tá nesses dias é o Jhonata, ou Jhow. Ele é como um irmão pra nós. A gente se conhece desde pequeno. Quando a Lari tem os dias dela ele vem, faz as coisas que ela gosta de comer, coloca uma música alta e fica dançando que nem um retardado.

A Nerd E O Dono Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora