Alice

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Pov's Miguel:

   Acordo ofegante. Novamente aqueles cabelos ruivos atormentam minha mente e eu me vejo pensando nela de novo. Maldita seja! Nunca deveria ter me apaixonado por ela.

  Olho para o meu relógio digital que fica no criado-mudo ao lado da minha cama. 02:55. Decido tentar voltar a dormir.

  Me revirou de um lado para o outro na cama, mas não consigo pegar no sono de jeito nenhum. Saio da cama e vou em direção à cozinha para pegar um copo de água.

  Ao chegar na cozinha me deparo com uma sombra, já pego minha arma e aponto na direção da sombra. Ligo a luz e vejo que se trata da Sophia, a melhor amiga da minha irmã.

  Eu: Caralho! Que susto da porra! Já pensou que eu poderia ter te matado? — digo exaltado e coloco a arma na cintura.

  Sophia: Desculpa, eu tava com sede e desci pra pegar água. Não lembrei de acender a luz — percebo que ela diz baixo e vejo seus olhos meio tristes e vermelhos? Ela tava chorando?

  Eu: Você tá bem?

  Sophia: Tô, eu só... Tá tão na cara assim? — ela solta um riso fraco e eu me aproximo dela. Vejo seu olhos começarem a lacrimejar.

  Eu: O que aconteceu? Quem eu tenho que matar? — ela ri do meu comentário e limpa uma lágrima que escorreu pela sua bochecha.

  Sophia: Não é nada de mais, eu só tô com saudades dos meus pais.

  Eu: Sei bem como é sentimento. Também sinto falta dos meus. O que aconteceu com seus pais? Eles morreram?

  Sophia: Não! Graças a Deus não. É que eu sou muito apegada à eles e nunca tinha ficado tanto tempo longe. Sinto falta dos carinhos da minha mãe, do ciúmes do meu pai com meus amigos homens. Queria tanto abraçar eles enquanto assistimos nosso filme favorito... — noto que seu olho brilha enquanto fala de seus pais. Puxo ela pra um abraço e faço cafuné nela. Ela não recua.

   Eu: Sei como é sentir falta de amor dos pais, mas eles estão bem, ok? Eles também te amam e tenho certeza que eles também sentem falta de você. Logo, logo vocês estão juntos de novo — algo nessa idéia dela ir embora me incomoda, mas ignoro esse sentimento e apenas continuo fazendo cafuné em sua cabeça.

  Sophia: Também não sei como vai ser quando eu tiver que voltar pra São Paulo. Já me acostumei aqui. E tenho tantos amigos e pessoas que me amam e me acolheram como da família. Vou sentir falta delas.

  Eu: Por que seus pais não se mudam pra cá, pro Rio?

  Sophia: Meu pai não pode. Ele tem uma empresa lá em São Paulo, não poderia simplesmente mudar ela pra cá. Isso teria muita burocracia.

  Eu: Entendo - ficamos abraçados em silêncio por algum tempo até que ela se afasta.

   Sophia: Desculpa ter te incomodado. Já tá quase amanhecendo. Você devia dormir. Eu não tô conseguindo dormir.

   Eu: Você não me incomoda, nunca. Eu tô sem sono também. Quer ir lá pra cima assistir algum filme ou série comigo?

  Sophia: Pode ser.
 
  Fomos pro meu quarto, ela se deita de um lado na cama e eu do outro. Ficamos assistindo Lúcifer até que percebo que ela pegou no sono. Cubro ela com meu cobertor e desligo a TV. Não demora muito e eu pego no sono também.

  Acordo com algo se remexendo debaixo de mim e percebo que se trata de Sophia. Não sei em que momento da noite eu coloquei o braço na cintura dela.

  Me levanto devagar pra não acordá-la e vou pro banheiro. Tomo um banho e saio enrolado na toalha. Entro no quarto e a Sophia ainda está dormindo. Visto uma calça jeans preta, uma camiseta branca lisa e um Jordan preto e branco no pé.

  Deixo a Sophia dormindo. Pego minha arma colocando-a na cintura, pego minha carteira e meu celular. Saio de casa indo pra boca.

   Já são 15:34 e eu ainda tô aqui na boca, hoje tem muitos assuntos pra resolver, não tive tempo nem de almoçar.

  A porta da minha sala é aberta e por ela passa a Larissa sendo seguida por Jhonatan.

   Eu: A que devo a sua ilustre presença? — digo com ironia.

   Lari: Vim trazer seu almoço, já que você não apareceu em casa pra jantar — ela me estende uma vasilha com tampa onde eu presumo estar meu almoço, pego a vasilha e agradeço. Ela e Jhow se sentam no sofá que eu tenho na minha sala.

  Ficamos conversando e depois eles foram embora. Fiquei resolvendo mais alguns assuntos e quando deu 21:00 eu fui embora.

  Vou andando a pé subindo o morro e passo pela rua 10 que é mais uma viela do que uma rua. Vejo que tem um cara forçando uma menina a beijá-lo e já fico possesso.

  Aponto minha arma pro cara que acabará de dar um tapa na cara da mulher.

  Eu: Se afasta dela, agora! — digo alto e ele me olha assustado. Ele se afasta com as mãos pra cima e eu pego meu radinho chamando algum dos valores pra levar esse verme pra casinha.

  O vapor chega bem rápido e leva ele pra onde eu mandei. Guardo minha arma na cintura de novo e me aproximo da mulher que estava agachada chorando.

  Eu: Você tá bem? Ele te fez algo pior? — me agacho ao lado dela e ela vira seu rosto pra mim.

  Ao olhar aquele rosto meu coração para. Eu devia ter atirado, mas nela.

  Aquela que machucou meu coração, pisou nele e o jogou fora estava bem ali, na minha frente, me olhando com aqueles olhos verdes que por tanto tempo eu não tirei da mente. Seus cabelos, antes ruivos, agora estavam castanhos e seu belo rosto pálido tinha uma marca vermelha por causa do tapa.

  Eu: O que você tá fazendo no meu morro, Alice? — digo com raiva e me segurando pra não meter um tiro na testa dela.

  Alice. O nome da desgraçada.

  

A Nerd E O Dono Do MorroOnde histórias criam vida. Descubra agora