Não fomos o que deveríamos ter sido

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Encontrei-a com o corpo encostado na parede de seu apartamento.

Era estranho, vê-la frágil daquela maneira.

Meu peito batia forte seguidas vezes e eu torcia para que ela não tivesse cometido nenhuma besteira. Mas ela estava apenas em um sono profundo, era o que parecia.

A maquiagem que usou naquele dia estava levemente borrada na parte de baixo de seus olhos, o que me fez deduzir que passou a manhã e parte daquela tarde chorando.

Isso tudo fazia com que eu me questionasse sobre o que poderia ter feito, se algo tinha a ver comigo. No segundo seguinte, sentia-me mal por pensar em mim ao invés dela mesma.

Pensei e repensei se deveria acordá-la, tentar arrumar seu corpo que estava de um jeito meio torto ou apenas deixá-la descansar onde quis descansar.

Até então agachado, eu me levantei e fiquei questionando-me em relação a todas as atitudes que deveria tomar.

Como que quase em um sussurro, pude ouvi-la murmurar que gostaria que eu fosse embora. Ela puxou a barra da minha calça algumas vezes enquanto repetia isso.

Agachei novamente, à sua frente, e segurei seu rosto com uma mão para conferir que ela estava acordada.

A mesma, me olhou com uma expressão vazia e disse "não nos amamos mais, então saia daqui de uma vez e pare de tentar fingir, está ridículo".

Mas por quê? Eu não à amo mais? E desde quando ela percebeu que não me ama mais?

"Você me faz sentir péssima todos os dias, por ser um imbecil — e ela fungava querendo chorar novamente — e eu sempre me sinto culpada pelos seus erros. Isso não é amor."

Sem aceitar a minha ajuda, ela se retira da sala indo em direção ao banheiro para se banhar.

Eu sentia que deveria dizer algo porque é o que as pessoas fazem, se explicam. Mas não tinha vontade disso. Lá no fundo, eu sabia que nunca fomos o que gostaríamos de termos sido. 

Crônicas que choram e que amamOnde histórias criam vida. Descubra agora