Capítulo 6: Velhos amigos

22 6 4
                                    

-Não deu certo Spike, o que faremos agora? -Falei deitado na cama com Spike ao meu lado, ele se levantou, subiu na escrivaninha, olhou para o lado de fora da janela e começou a latir. -Fica quieto! Não quer que nos expulsem daqui, ou quer? -Ele continuou latindo, e antes que eu chegasse na janela ouvi alguém conversando com o meu cachorro. Abri a janela e olhei para baixo, era Marcos. -Oi, o que faz aqui essa hora?

-Estou com a cabeça meio cheia, então decidi dar uma volta, para acalmar um pouco, por que ainda está acordado?

-Cabeça cheia também.

-Desce aí, trás o Spike, vamos dar uma volta, o que acha?

-Estou indo. -Fechei a janela, coloquei um casaco, uma coleira em Spike e desci. -Para onde vamos? -Perguntei a Marcos.

-O que menos precisamos agora é de mais uma coisa para nos preocuparmos, vamos andando, quando acharmos que deu, voltamos.

-Ok - Fomos andando por aquela rua com suas luzes amarelas enfraquecidas, fiquei pensando em tudo o que tinha me acontecido até agora, eu voltei no tempo, isso era uma coisa supostamente impossível, mas aconteceu. As vezes eu ainda fico pensando que tudo isso é apenas um sonho e logo minha mãe vai me chamar, eu abrirei meus olhos e estarei no meu quarto, em 2017 e estará tudo normal novamente, mas enquanto ninguém me acorda, tenho que ir tentando arrumar uma maneira de voltar para o meu tempo, eu não sou de 63, em todos os filmes que eu vi sobre viagem no tempo, se a pessoa ficasse presa no passado, uma hora deixaria de existir, eu não tenho garantias de que isso não vai acontecer comigo. Já fiz tantas coisas que imaginei que me ajudariam a voltar para casa e nada deu certo, não faço ideia de onde possa estar a caixinha de músicas, isso se ela realmente estiver por aqui.. -Marcos?

-Fala -Respondeu de cabeça baixa.

-O que você faria se estivesse procurando uma coisa muito importante, mas não faz a menor ideia de onde poderia estar ou com quem? -Perguntei e ele olhou para mim com um olhar calmo.

-Bem, você já tentou perguntar para alguém aonde está essa coisa?

-Na verdade não, não tem como eu perguntar sem que as pessoas me achem maluco.

-E essa coisa é realmente muito importante?

-Minha vida depende dela

-Então, qual o problema se as pessoas te acharem biruta? Se você não acha-lá você vai morrer, não parece ter muita coisa em jogo para não perguntar.

- Acho que tem razão.

-E o que você está procurando? -Ele continuava falando em um tom absurdamente calmo

-Bem... uma caixinha de músicas

-Sua vida depende de uma caixinha de músicas? -Falou ironicamente

-Está vendo? Você já acha que eu sou louco!

-Não -Falou rindo -Eu não tenho o direito de te achar louco por estar procurando por uma caixinha de músicas, não sei o que ela significa para você.

-Então não me acha louco?

-Lógico que eu acho - Riu - mas o que eu acho vai te impedir de viver sua vida?

-Você tem razão

-Está pronto para voltar?

-Voltar? -Falei meio confuso - Mas eu não sei como, não achei a caixinha ainda, como eu poderia voltar?

-Mas você planejava encontrar a caixinha esta noite?

-Não, mas a única forma de voltar no tempo é com a caixinha.

A caixinha de músicaOnde histórias criam vida. Descubra agora