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O único som que preenchia a sala era a melodia alta da música, que fazia com que Jimin focasse apenas nela. Seus pés seguiam o ritmo e tentavam acertar todos os movimentos conforme estava ensaiando há horas seguidas, incontáveis vezes.

Com os olhos fechados, Jimin movia os braços e cintura como a música mandava, deixando-se levar por aquele único e repetitivo som. Giros e saltos faziam com que seus cabelos caíssem em seus olhos, então o mesmo os deixava fechados, sempre.

Seu coração estava tão acelerado que dava a impressão de que poderia escapar do peito e tomar forma a qualquer momento. A paz que sentia ao dançar era o que motivava-o a continuar treinando cada vez mais pesado, aspirava tornar-se bom o suficiente.

Uma batida na porta foi passada despercebida pelo loiro, que continuou seus movimentos cada vez mais brutos e de caráter forte. Outra batida agora pôde ser ouvida, mas ele escolheu ignorá-la. Outra, seguida de outra, e mais uma, até que abriu seus olhos e enxergou apenas escuridão.


O relógio marcava 5 horas da manhã. Jimin esfregou os olhos para ter certeza de onde estava, e concluiu que se posicionava em sua cama. A única luz do quarto era a da lua, já que a janela estava aberta. Pondo-se sentado, os últimos acontecimentos o atingiram como um soco.

Estava na sala de ensaio se preparando para as próximas performances. Precisava ser tudo perfeito dessa vez, o garoto já estava cansado de erros superficiais e bobos que comprometiam todo seu desempenho. Sendo assim, treinou até a música se confundir com seus pensamentos, não sendo capaz de raciocinar, apenas mergulhar nos sons distintos.

Sempre treinava sozinho, pois não queria que ninguém o visse cometendo erros e levando tombos e mais tombos, de deixar seus joelhos roxos. Todos os outros integrantes pareciam mais confiantes com suas performances, por que Jimin nunca estava, então? Lembrava-se de achar defeito em todos seus passos e corrigi-los com impaciência. Depois, um estouro na porta, escuridão e, agora, estava em sua cama.

Olhando em volta, percebeu que o quarto estava vazio. Não deveria estar. Ele dividia o quarto com Jungkook, onde o garoto estaria nessa madrugada? Jimin não suportava a ideia de ficar sozinho, por isso escolheu Jungkook como colega de quarto, ele sempre estava lá.

Ou melhor, Jungkook escolheu-o como colega de quarto, o menor não pôde nem opiniar, apenas aceitou com um sorriso. Mas, era para momentos assim que Jimin precisava de Jungkook, para esclarecê-lo de seus apagões. Expulsando qualquer pensamento ruim que podia o invadir, levantou da cama com dificuldade e foi a procura do mais novo.

Todas as luzes do apartamento estavam apagadas, dificultando a visão de Jimin para achar o menino. Entretanto, apenas um som podia ser ouvido. Aproximou-se do quarto que emitia ruídos e encostou o ouvido na porta. Gemidos. Apenas gemidos podiam ser ouvidos, e ele reconheceu aquela voz profunda, seguida de uma rouca. Balançou a cabeça com um leve sorriso brincando em seus lábios e voltou para seus aposentos.

Com o corpo ainda dolorido, deitou-se com cuidado na cama e tentou fechar os olhos para adormecer. Mas não conseguia de jeito nenhum. Pensamentos de diversos tipos o prendiam, sejam sobre os acontecimentos passados ou Jungkook. Jimin sentiu-se mal por estar sozinho, mas esse sentimento foi tomado por um de culpa. Ele não podia sentir-se mal, Jungkook não merecia ser sua babá e ele nem precisava de uma.

Para distrair-se, pegou seu celular da cômoda ao lado e ligou. Mensagens de Taehyung e ligações de Namjoon ocupavam toda a tela. Já imaginando que eram sobre o ocorrido, apenas passou os olhos por cima, não as lendo completamente. Frases como "nos ligue" e "estamos preocupados" eram as mais frequentes, então desistiu de lê-las. Jimin pensou em entrar em alguma rede social, como fazia toda madrugada, mas lembrou-se que não tinha mais. Havia desinstalado todos aplicativos, contra sua vontade.

Measuring Tape // YoonMin Onde histórias criam vida. Descubra agora