Chapter 01 - "The New Girl in Town"

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O táxi que eu havia chamado para ir para escola havia chegado em minha casa, como meus pais tinham que trabalhar eles não podiam me levar para a escola, assim que entro no táxi o motorista não para de me encarar, o véu que uso no cabelo entrega que sou uma muçulmana, é óbvio que ele deve achar que eu estou com uma bomba e estou prestes a explodir o táxi dele, eu senti a vontade de perguntar se ele nunca havia visto uma muçulmana na vida, mas uma das coisas que meus pais mais me ensinaram foi ter auto-controle, enquanto eu estava no táxi indo para a escola eu olhava para o calçadão da praia lembrando da minha infância, parece que foi ontem que eu ainda era uma garotinha que corria pela praia, mas quem diria, Connie Maheswaran, agora com 16 anos, depois de passar 5 anos morando no Iraque está voltando para onde nasceu, faz tanto tempo que eu não piso nessa cidade que é como se eu nunca tivesse nem passado perto daqui, fico me perguntando se eu fui a única coisa que mudou.
Eu só pensava em como voltar a estudar na Beach City High poderia ser tanto uma experiência incrível e nostálgica, quanto um desastre completo, quem diria que aquela pequena escola de 10 anos atrás receberia todo esse prestígio de hoje, eu pego uma revista local para folhear enquanto não chegava na escola e vejo que Blue está na capa e nela estava escrito: “Blue Diamond, a advogada mais bem paga do país”, Blue é a mãe de Safira, uma amiga de infância minha, eu procuro a página onde Blue aparece para ver se não tem nada sobre a Safira, para minha surpresa tem, acontece que Safira agora faz parte da família mais rica da cidade, os Diamonds são praticamente donos deste lugar, os maiores doadores da Beach City High também, eu fecho a revista quando leio as partes que falam de como eles são ricos, a Safira sempre teve uma vida de luxo, mas ela ser tipo uma milionária nunca passou pela minha cabeça, espero que depois desse tempo todo ela ainda se lembre de mim.
Os pensamentos todos vão embora quando o táxi para em frente a escola, um prédio enorme com um grande campus, o momento que eu saí do táxi me veio um frio na barriga, uma sensação de insegurança, eu estava parecendo uma garota nova na cidade, tímida e medrosa, tão clichê, mas mesmo assim eu tomei coragem e entrei na escola, para a minha surpresa não foi tão ruim, na verdade eu pude avistar vários rostos conhecidos e eu não fiquei sozinha por tanto tempo já que Safira logo chegou perto de mim dizendo:

_ Ora Ora, como diz aquele velho ditado, um bom filho a casa torna... _ Ela me deu um longo abraço, era bom finalmente não estar sozinha. _ Olha só pra você, está tão... Diferente

_ Oi Safira... _ Assim que ouço ela dizer a palavra diferente, no lugar de um sorriso aparece uma cara fechada. _ Pois é não é mesmo, e você também está... _ Eu não conseguia pensar em nada para dizer que pudesse fazer a Safira sentir o que eu senti naquela hora, e acho que nunca vou conseguir, ela está tão perfeita, as roupas, o cabelo, tudo. _ ... Mais linda do que antes.

_ Ai obrigada amiga, vem quero te apresentar pra todo mundo! _ Ela pegou na minha mão e começou a me puxar, agora a última coisa que eu queria era ser arrastada por aí pela Safira, então eu falei pra ela:

_ Olha Safira eu realmente queria muito sair com você agora, mas eu tenho que encontrar a minha sala.

A Safira caiu na minha mentira, ou pelo menos fingiu que sim, reencontrar a Safira não foi nenhum pouco como eu tinha imaginado que seria, mas poderia ter sido pior, eu só ainda não acredito que as pessoas ainda te julgam pelo que você veste, ou pelo que você crê. O sinal toca e eu me dirijo para minha sala, onde para o meu azar não conheço absolutamente ninguém, a professora Opal entra na sala e já vai dizendo:

_ Bom dia classe! Hoje nós temos uma novidade! Recebemos uma aluna nova na nossa turma. O nome dela é Cornélia Maheswaran, Cornélia poderia vir até aqui na frente se apresentar? _ A professora olha para mim esperando que eu vá até a frente da classe, eu me levanto e vou, dou passos muito pequenos e demorados, aquela sensação de insegurança volta, mas mesmo assim eu falo:

_ Meu nome é Cornélia Maheswaran, mas todo mundo me chama de Connie, vocês também podem se quiserem, ou se não quiserem também não precisam, eu nasci aqui e me mudei com meus pais para o Iraque quando eu tinha 11 anos...
Quando disse que vinha do Irã fui interrompida por alguém da sala gritando: “E agora você vai se explodir aqui”, a turma inteira riu do que ele falou, por algum motivo as palavras dele me machucaram muito, eu comecei a chorar e sai correndo da sala, corro pelos corredores sem olhar para onde ia até que sai da escola, quando saio não olho para nenhum lugar e só continuo correndo em linha reta, mas sem ver quase sou atropelada por uma van, quando olho para ver quem estava dirigindo ela percebo que era Steven, mas ele estava super diferente desde a última vez que nos vimos, ele estava mais alto e seus cabelos eram compridos e cacheados, ele vê que eu estava chorando e que uma professora estava atrás de mim e diz:

_ Entra na van! Agora!

Eu entro sem pensar duas vezes, ele acelera e nós saímos das dependências da escola. Depois que eu me acalmo ele me pergunta:

_ Connie, o que aconteceu com você lá? _ Eu o respondo grosseiramente:

_ Não foi nada! Eu só esqueci como os americanos podem ser cruéis, frios e sem coração! _ Steven me lança um olhar, então eu percebo o que havia dito e como havia sido tão grosseira quanto aquele que me discriminou. _ Ai me desculpa Steven, eu não quis ofender, é só que... Bem, foi um primeiro dia de aula complicado...

_ Eu entendo... Parece que não se lembra que fui eu que chorei quando fomos assistir Cachorrocóptero no cinema quando éramos pequenos... _ Nós dois começamos a rir, mesmo sendo crescido Steven continuava sendo aquele menino brincalhão de sempre, mas agora em um corpo mais adulto. _ É... Pelo jeito esse vai ser um ano e tanto.
⏳3 Meses Depois⏳
A chuva estava forte quando cheguei até o topo do mirante, e não dava sinais de que pararia, o mar estava agitado, com ondas que passavam de três metros de altura, o solo estava muito instável por causa da chuva, não precisaria muito para que ocorresse um deslizamento de terra, eu encarava o oceano agitado, eu conseguia ouvir ele dizendo: “Venha Connie, venha ser livre finalmente...”, eu abri meus braços formando uma cruz, estava pronta para pular no oceano, fiquei na ponta dos pés para dar um salto, mas aí eu ouvi a voz dele gritando para mim:
_ Connie! Saia daí agora! Você não pode fazer isso comigo!
Era Steven, que estava todo molhado e enlameado, nem parecia o garoto gentil e bondoso de sempre, quando eu ouvi a voz dele me afasto um pouco da ponta da montanha, mas digo para ele:
_ E por que eu não deveria Steven? Afinal você mesmo me fez vir até aqui.
Quando me viro para olhar diretamente no rosto de Steven, acidentalmente tropeço e quase caio, mas Steven correu o mais rápido que pôde para me segurar, ele me agarra e na emoção do momento eu o agarro para não cair, nós dois nós abraçamos e começamos a chorar, enquanto ele me abraça fortemente e enquanto ele chora me diz:
_ Como foi que nós deixamos isso tudo acontecer? Como foi que chegamos a esse ponto?
_ Acho que tudo começou quando eu voltei pra Beach City _ Eu lhe respondo _ Afinal, desde a minha volta que tudo isso começou, me lembro de cada pequeno momento, cada coisa que eu fiz pra que tudo isso acontecesse... _ Antes que eu terminasse de falar Steven me interrompe dizendo:

_ Você ter voltado pode até ter começado tudo, mas eu ter voltado para a Beach City High foi o que te forçou a fazer tudo isso...

The Price of FreedomOnde histórias criam vida. Descubra agora