that's a promise, Harry.

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Lily remexeu-se inquieta na cama.

Desde que soube sabe da existência da profecia e de suas consequências posteriores, principalmente para seu filho, ela não conseguia dormir sem antes virar-se na cama com frequência, de um lado para o outro, e verificar Harry a todo e qualquer instante.

Ela temia pela vida do primogênito mais do que temia a própria vida. Ela amava-o imensuravelmente e faria o possível — e até o impossível — para garantir sua segurança e mantê-lo a salvo.

Moveu-se para o lado esquerdo, sentindo um aperto no coração e a preocupação dominando-a, e encontrou o par de olhos castanho-esverdeados que tanto amava encarando-a mesmo no relativo escuro do quarto.

"Acordada, Lils?" James perguntou com a voz rouca.

A mulher suspirou.

"E eu não sou a única."

"Não." O Potter balançou a cabeça levemente. "Temo por nosso filho tanto quanto você."

"Eu sei." Lily murmurou fracamente.

Ela fechou os olhos, buscando conter as lágrimas que ela sabia que não tardariam a vir.

A ruiva achava as circunstâncias tão injustas e dolorosas, que sentia seu coração comprimir-se a cada batida. As consequências da guerra para as famílias — tanto bruxas quanto trouxas — eram incontáveis. As perdas tornavam-se cada vez mais lancinantes e difíceis de serem superadas. Bruxos importantes morriam buscando trazer um pouco de paz e uma mísera luz para os dias nublados e tempestuosos ao mundo no qual viviam.

Os braços fortes e aconchegantes de James envolveram Lily num abraço compreensivo, fazendo com que ela deixasse suas emoções fluírem e as lágrimas que antes segurava caírem livremente.

A angústia que a mulher carregava consigo era tão monstruosa quanto o peso de um destino involuntário que seu filho — tão jovem, mas tão rodeado e repleto de problemas — carregaria posteriormente.

James não estava muito diferente.

Sua visão embaçava-se cada vez mais e a dor devido à situação em que eles estavam parecia preencher todo o seu corpo — fluindo de maneira desgastante e pungente.

O frio típico daquela época do ano era intenso e adentrava por brechas discretas, transmitindo melancolia e acentuando a angústia e a preocupação presentes, principalmente, naquele cômodo.

Um choro infantil proveniente do quarto ao lado foi ouvido, fazendo com que todos os sentidos de James e Lily se aguçassem e entrassem em estado de alerta.

A jovem ruiva desvencilhou-se dos braços compreensivos que a rodeavam e vestiu-se apressadamente com o robe que estava no mancebo próximo à cama.

Dirigiu-se com rapidez porta afora com James em seu encalço e suas batidas cardíacas agitando-se de maneira excruciante.

Diversas variáveis — internas e externas — poderiam ter causado o choro de Harry, mas, naquele momento, o que era relevante para os pais do indefeso — e completamente alheio às circunstâncias nas quais estava inserido — bebê era resolver a situação que o incomodava daquela forma e garantir que nada mais o causasse qualquer tipo de prejuízo.

Lily aproximou-se do berço do filho e o tomou em seus braços, desejando mantê-lo ali até que nada mais lhe oferecesse perigo.

Apertou Harry levemente contra si, sentindo o calor e o cheiro familiares envolvendo-a com carinho.

O bebê acalmou-se aos poucos e seu choro diminuiu— até deixar de existir por completo e restar apenas o som de respirações no ambiente.

"Nunca te deixarei." Lily sussurrou num fio de voz para o filho enquanto mirava-o. "Não vou te deixar sozinho." Ela prometeu.

"Nós não vamos." James pôs a mão no ombro da esposa e apertou-o delicadamente, buscando passar-lhe confiança.

O homem inclinou-se para Harry e depositou um suave beijo em sua testa, antes de acariciar sua maçã do rosto com o polegar direito e passar os braços ao redor de Lily, abraçando-a por trás.

A jovem ruiva virou-se sutilmente para mirar através da janela do quarto, conseguindo enxergar apenas o vidro escuro devido à negritude da noite e seus reflexos.

Ela possuía olheiras que destacavam-se de maneira negativa em sua pele alva e suas orbes verdes, antes tão brilhantes, estavam agora opacas.

A chama interior que carregava consigo parecia ter apagado-se, restando apenas sentimentos negativos.

"Durma, meu amor." Lily murmurou, encostando sua testa à do filho com cuidado. "Você vai ficar bem." Ela ergueu seu olhar para o marido e completou: "Todos nós iremos."

James forçou um sorriso e acenou em concordância.

Os pensamentos do Potter estavam semelhantes às circunstâncias em que eles viviam: um caos.

O medo e a preocupação tomavam conta de cada partícula do seu corpo, dificultando o surgimento e a permanência de devaneios positivos.

A guerra devastava sem piedade tudo o que via pela frente, deixando um rastro de destruição por onde passava. As chamas espalhavam-se cada vez e a escuridão instaurava-se até mesmo nos dias fracamente ensolarados.

O sutil som de uma canção sendo cantarolada fez-se presente no cômodo, fazendo com que James retornasse à realidade.

Harry dormia tranquilamente nos braços da mãe. A respiração compassada do primogênito fez o coração do Potter acalmar-se e os pensamentos negativos que preenchiam sua mente dissiparem-se.

"Você estará são e salvo. Isso é uma promessa, Harry." Lily sussurrou com a voz embargada.

"Ninguém irá machucá-lo." James beijou os cabelos ruivos da mulher. "Nós iremos protegê-lo."

Ela ergueu suas orbes verdes para o marido.

"Nós iremos." Balançou a cabeça levemente. "Ou faremos de tudo para isso."

"Sim." O Potter concordou, antes de inclinar-se e colar os lábios de Lily nos seus.

Apesar de não possuírem certeza acerca dos dias que estavam por vir, o casal carregava consigo a determinação em fazer o possível e o impossível para manter seu filho a salvo e em segurança.

Nem que tivessem que perder suas vidas para isso.

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