ENCARO AQUELE SER do outro lado do espelho, com olheira ao redor daquelas pequenas bolas verdes, tão claras quanto o fundo de uma piscina. Os cabelos todo desgrenhado, comprido na altura da cintura, dando um contraste a sua pele tão clara, difícil acreditar que sou eu, talvez a beleza só esteja no meu reflexo.
Logo lembro-me do meu pesadelo, me arrepio dos pés a cabeça com a lembrança. Deve ser as boas vindas de Seattle, já que sou nova por aqui.- ESTÁ TUDO BEM FILHA? - pergunta minha mãe tirando-me de meu devaneio.
Viro-me num sobressalto, e a vejo parada na porta, totalmente linda em seu trage de dormir, os cabelos num coque. Como ela consegue ser linda mesmo quando acaba de acordar?
- Que foi? - ela me pergunta numa expressão de dúvida.
- Eu estou bem, acabei de acordar. - falo.
- Comprei donuts pro café. - falou.
- Já vou descer.
Ela sai do quarto, vou para o banheiro.Tomo um longo e delicioso banho daqueles bem demorados. Seco os cabelos. Procuro por uma roupa no guarda-roupa, pego meu shorts jeans, uma camiseta cavada, me visto bem rápido, calço meu par de all stars surrado e estou pronta.
VOU PRA SALA e minha mãe está sentada no sofá lendo o jornal do dia.
- Vai sair?
- Vou, quero conhecer a cidade. - falo.
- Isso é bom! - exclama.
- É.Depois de tomar café, pego meu skate.
- To saindo mãe! - grito pra ela ouvir da cozinha.
- OK. Cuidado e não chega tarde e não vá se perder. - gritou.
- Ta bom! - falei.O DIA ESTÁ perfeito, como eu gosto, nublado, sem sol, apenas o céu e as nuvens. Subo no skate e vou dar uma volta. A cada lugar que passo me encanto mais por Seattle, aqui é tudo mais sofisticado, bem diferente de Portland.
Paro numa praça, está praticamente deserta, logo penso que deve ser o clima. Desço do skate e o pego na mão, me sento em um dos bancos na direção de onde vim, como uma estratégia para não me perder de casa. Pego o celular do bolso do moletom, as horas estão indicando três e quinze da tarde, verifico se há alguma mensagem e encontro apenas uma, abro a mensagem.*CHEGOU BEM?*
A mensagem é da Lisa. Logo me vem uma pontada de culpa, e saudade ao mesmo tempo, meus olhos logo enchem de lágrimas, as seco com a manga do moletom rapidamente, me recupero e bloqueio o celular e o guardo no bolso, então tive uma breve sensação de estar sendo vigiada. Olho ao redor e não vejo ninguém, então foco numa pomba que está bicando um pedaço de pão tentando diminuir a essa sensação, mas quando olho pro espaço do banco que estou sentada, levo um susto por ter um garoto sentado do meu lado olhando pra mim. Me pergunto como não o vi se aproximando...
CONTINUA NO PRÓXIMO CAPÍTULO.
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Renascida
RandomIncompreendida, ela busca ajuda do desconhecido, sem ao menos preocupar-se com sua segurança. Afinal, o que fazer se seu interior já não vive mais?