— DESCULPE ASSUSTÁ-LA. — fala, com uma sensualidade anormal na voz.
ele é de uma beleza sobrenatural, deve ter lá seus dezoito/dezenove anos. Todo trajado de preto, calça, blusa, jaqueta de couro e tênis, danto um contraste a sua pele assustadoramente branca, o cabelo caído sobre a testa tão escuro quanto uma noite sem lua e seus olhos é de um azul intenso.
— S-sem pro-problemas. — falo gaguejando, meio envergonhada.
— Você é nova por aqui não é? — pergunta.
Como ele sabe?!
— Como sabe? — pergunto chocada.
— Estive te observando assim que chegou aqui na praça, e achei inteligente sentar-se na direção que veio pra não se perder. — fala, com uma expressão de deboche.
— O que você é? Um espião? — pergunto horrorizada.
Ele ri.
— Não preciso ser espião pra observar alguém. — fala, rindo de mim.
— Permita que eu lhe mostre a cidade? — pergunta.
Seu tom de voz é suave.
— E você acha mesmo que vou andar por ai com alguém que nem conheço? — falo brincando.
E logo me arrependo de ter dito aquelas palavras.
— Se eu quisesse mesmo te fazer mal, já o teria feito. — fala, com um tom severo.
Fiquei em alerta à aquela frase. Senti um pouco de medo, e por maior medo que sentisse naquele momento, a vontade de estar com ele era maior, mesmo não o conhecendo.
— Chegando antes da meia-noite em casa, ta tudo certo. — respondo sarcasticamente, na tentativa de deixá-lo mais tranquilo.
Sua expressão se suaviza, e da uma risadinha.
— Já está mais que perfeito.
Com um movimento gracioso ele levanta do banco estendendo a mão pra mim, eu a seguro para me levantar, apoiando o skate na outra mão, ele me puxa do banco.DEPOIS DE ME MOSTRAR boa parte de Seattle, ele me leva a uma lanchonete próximo aqui de casa. Nos sentamos em uma mesa do fundo, coloco meu skate na cadeira vazia.
— Gostou do seu novo lar? — pergunta, olhando o cardápio.
— Aqui é tudo muito lindo. — falo, com um sorriso tímido.
— Fico feliz que tenha gostado. — ele diz, rindo.
Logo aparece uma garçonete com uma caneta e um caderninho na mão. Ela é loira, olhos cor de avelã, lábios carnudos todo lambuzado de gloss, e um uniforme extremamente curto.
— Já sabe o que vão pedir? — pergunta, com a ponta da caneta já no caderninho.
Ela olha de mim para o Alec, quase o devorando com os olhos. Sinto uma pontada de ciúme.
Vaca!
— Não quero nada, obrigado. — ele fala, olhando para mim. — E você?
— Também nada.
Então a garçonete nos da as costas.
— Melhor eu ir, tá tarde.
Tiro o celular do bolso e olho as horas, já são nove e meia, logo lembro da minha mãe sozinha em casa, sinto uma pontada de culpa.
— Você disse que seria até meia-noite. — fala, meio desapontado.
— Eu disse que tinha de estar em casa antes da meia-noite.
— Mas ainda ta um pouco cedo.
— É que já faz um bom tempo que estou fora de casa, e nem me dei ao trabalho de ligar pra avisar minha mãe. Sem contar que amanhã é segunda-feira, tenho aula — falo.
— Então eu te levo. — fala, já se levantando.
Pego o skate e então ele segura minha mão.
Paramos em frente de casa.
— Entregue. — sua expressão é tranquila.
— Obrigada pelo passeio, por tudo na verdade. — falo, meio sem jeito.
— Não há de que. Na verdade, foi um prazer. — fala, com aquele mesmo tom sensual.
E lá se vai minha sanidade.
— Tenha uma ótima noite. — falo, já me despedindo.
Então me pega pela cintura e puxa-me para si, meu skate caí da minha mão, e olha nos meus olhos, mas é como se ele não olhasse apenas em meus olhos, e sim pra dentro de mim, como se estivesse a par de todos os meus segredos, por um breve momento pensei que fosse um anjo, o mais lindo dos anjos.
Estou vulnerável em seus braços, pois não tenho forças para reagir. Ele beija meu pescoço, e automaticamente eu o enclino para trás, mas ele não continua.
— Me desculpe pela indelicadeza. — fala, todo delicado.
E me solta.
— Não foi nada. — falo, já consciente.
— Então nos vemos por aí. Até mais. — ele se despede.
Eu me abaixo para pegar o skate, quando levantei já não estava mais ali. Ele sumira tão misteriosamente como havia chegado.
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Renascida
RandomIncompreendida, ela busca ajuda do desconhecido, sem ao menos preocupar-se com sua segurança. Afinal, o que fazer se seu interior já não vive mais?