Se eu vou gritar aos sete mares que estou a te esperar? Não.
Vou fazer escândalo por sentir tua falta? Não.
Vou ficar estática. Onde sempre estive.
Não tentarei chamar a atenção. Não farei barulho algum.
Se eu chorar, chorarei sem gemidos, serão acúmulos de dores escorrendo pelos olhos e pálpebras inchadas pelo excesso de amor não correspondido.
E não há alusão a ser feita que desdobre essa minha imobilidade.
E nem pense, em hipótese alguma, que isto é desistência. Não é. Sabe o que é que é? Eu estou aqui te olhando, no mesmo lugar. Não moverei um dedo para acenar com minhas mãos bobas a evidência da paixão que cresce em mim.
Enquanto você pratica esse jogo de desinteresse, eu continuo a te olhar.
Devoro-te, com pupilas que exalam fome de você.
Oferece-me esse sorriso áspero que corroeu meu coração pálido.
Mas vou permanecer aqui, assim petrificada, esperando a hora errada pra você aparecer.
Já risquei no chão um caminho de giz, a distância entre nós, medida em suspiros feitos de adoçante. Você será meu pedido feito em cima de um bolo torto e se um risco de luz cruzar o céu, seu nome preencherá meus pensamentos de forma gradativa e instantânea.
É recomendável que tu venhas logo, não se esqueça de chegar bem perto, ficarei parada, não será implicância, será aquele velho: - Não acredito que você veio. Só assim, enfim, com você bem perto, meus olhos se abriram na velocidade da luz em um sorriso farto. De fato, serei grato, pelo tempo que levou… Levou a espera embora. Seremos sem espaço, para um grão de areia sequer, dentro do abraço.
Sem você. Sem eu. Só nós.
