Dizem que o tempo cura todas as feridas. Mas quanto maior é a perda, mais profundo é o corte. E mais difícil é o processo para ficar inteira novamente. A dor pode desaparecer, mas as cicatrizes servem como lembrete do sofrimento. E o deixam preparado para nunca mais ser ferido. Enquanto o tempo passa... Nós nos perdemos em meio à distrações. Agimos por frustrações, reagimos agressivamente, nos entregamos à ira. Durante todo o tempo tramamos, planejamos e esperamos ficar mais fortes. E sem que percebamos, o tempo passa. E estamos curados, prontos para começar de novo.
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Era minha folga da livraria, domingo, por volta das 09:00 da manhã. Me levantei e decidi ir tomar café numa padaria que passei de carro há um tempo atrás e fiquei com vontade de conhecer.
O tempo, como de costume, estava meio nublado em São Paulo, batia um vento gelado, mas o sol estava dando indícios de que iria surgir ao longo do dia. Então coloquei uma regata, uma calça jeans desfiada, um cardigan e um all star. Prendi o cabelo num rabo de cavalo, lavei o rosto e escovei os dentes. Peguei as chaves do carro e carteira, tranquei o apê e fui para o estacionamento do prédio.
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Cheguei na padaria e me acomodei numa mesa próxima ao balcão. O lugar era muito aconchegante e tinha um tom vintage e retrô. Havia muitos quadros antigos, um deles inclusive com um desenho do movimento we can do it, moças tatuadas, frases de músicas da MPB, dentre diversos outros quadros que ali haviam. O piso era como se fosse uma pista de dança dos anos 60: preto e branco. Haviam também um sofá com um tom vintage e poltronas para se aconchegar num fim de tarde. Além de um rádio antigo tocando algumas músicas de mpb. Eu adorei!
Um garçom veio até mim, olhei o cardápio e pedi um cappuccino e dois brownies de chocolate.
Estava esperando o meu pedido, quando vi uma moça mais ou menos da minha altura, com cabelos platinados na altura dos ombros e levemente repicados, adentrar pela porta da padaria.
Ela me chamou atenção de imediato. Ela tinha traços leves e marcantes. Eu a conhecia de algum lugar. Ela usava um macacão de saia, uma blusa amarrada na cintura e uma blusa escrita: "unicorn 🌈". Estava também com uma mochila cheia de patches e carregava nas mãos, uma câmera profissional. Provavelmente deve ser fotógrafa ou certamente faz fotografias por hobbie.
Seguiu diretamente para o balcão e pediu o cardápio, sorrindo. E que sorriso.
- Bom dia, seu Manuel! Me vê o de sempre, por favor?
Seu Manuel: Bom dia, Maria! Como você está? Trabalhando em pleno domingo? - ele disse apontando para sua câmera.
Maria.
Esse era o nome da linda moça.Maria: Estou ótima! E sim, fotógrafa não tem folga nunca. Mas hoje estou fotografando só por hobbie mesmo e também eu amo o que eu faço, então não me importaria de trabalhar no domingo.
Seu Manuel: Que ótimo! Vou preparar o seu macchiato com caramelo. Dois dedos de açúcar, certo?
Maria: Isso mesmo. Obrigada! - sorriu.
Ela não parava de sorrir e aquilo era muito atraente. Eu não conseguia desviar o olhar. Ela era linda!
Logo o garçom veio com os meus pedidos, mas eu estava muito distraída analisando cada parte do rosto daquela moça. Maria. Isso. Aquele nome nunca mais saíria da minha cabeça.
Garçom: Senhorita, aqui está o seu café e os seus brownies. Gostaria de mais alguma coisa?
Permaneci com os olhos vidrados em Maria.
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Leoa
Fanfiction"E quando meus olhos encontraram os seus naquela padaria, senti um clique, como uma chave destravando um cadeado (...) Havia algo ali, real e reconhecível, e eu não conseguia desviar o olhar."