Prólogo

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Antes não existia rótulos; todos viviam juntos e fingiam que não existia segregação  (e não existia para alguns), mas eu estarei mentindo se disser que vivíamos em completa paz e harmonia: nascemos da guerra, vivemos por ela e isso nunca vai mudar... Nada vai nos fazer mudar, isso é o que somos, é o que fomos criados para ser... _A voz firme de Ella Jones soa pelo salão de visitas da Poultry School, mas ninguém está prestando atenção ao que ela diz, todos já sabem esse discurso de cor.

O som de centenas de pessoas rindo e conversando ao mesmo tempo em uma sala fechada é algo novo para mim; barulho é algo que não faz parte do meu lar... Meu verdadeiro lar: Society of Doves.

No primeiro dia de todos os anos, todos os adolescentes de dezessete anos são obrigados a ir para a Poultry School, onde ficam estudando durante um ano inteiro até descobrir a qual parte da sociedade pertence.

A minha sociedade é a única que permanece em silêncio enquanto todas as outras gritam, riem e berram conforme desejarem. Eu não devia me importar com isso, devia ficar em paz como todos Doves, mas é difícil quando tem alguém gritando ao seu ouvido.

O discurso de Ella Jones finalmente acaba_ Não aguento ver ninguém sendo ignorado, nem mesmo em vídeo_ Em seguida toda a sala fica em silêncio.
Um homem de pele escuras e de no mínimo um metro e oitenta sobe no pequeno "palco" que se encontra na parede do fundo do grande salão:
-Sejam bem vindos senhoras e senhores... _Sua voz é firme e grossa -Eu sou o Thomas Wagner, direitor de vocês... _A partir daí não escuto mais nada, só fico encarando meus tênis e pensando em como tudo será no futuro.

-Raquel. Está tudo bem meu anjo? _Meu pai pergunta em um sussurro.

-Sim pai... É só que vou sentir falta de casa. _Digo segurando a alça da minha mochila.

-Vai ficar tudo bem meu amor. Não vai ser como em um dos seus livros, que você tem que escolher entre sua família e outra coisa. No final do ano vamos estar juntos de novo, e ainda tem as datas especiais que você pode nos visitar. -Ele diz enrolando a ponta da minha trança.

-Eu sei, é só que... É estranho não ter vocês todos os dias... _Digo e ele beija o topo da meu boné.

-Nada de tristeza nesse momento; isso aqui não é nenhum funeral. Quero tirar uma foto sua para marcar esse momento! _Ele pega sua câmera e eu faço beicinho. -Essa é minha garota!

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