Eu sou o sol

O que pode acontecer?

Melina despediu-se dos pais entrando na limosine que a acompanharia ao colégio. O motorista era simpátio e trabalhava a muito tempo para a família Berri.

- Senhorita? Como descançou?
Perguntou o seu motorista que se chamava Paulo.

-Muito bem, senhor Paulo.
Ansiosa para o começar a semana no colégio, Sabe? Adoro a escola. Tem um menino muito bonito que anda olhando para mim de um jeito estranho, sabe? Como a Maria olha para um bolo de chocolate. É estranho, mas eu gosto.

Falou Melina sorrindo ajeitando-se no seu assento. Paulo soltou uma gargalhada. Essa menina é um espetáculo.
Pensou ele.
Na verdade, a comparação que fizera entre o coleginha e a Maria era muito adequada. Maria é a cozinheira da casa e é viciada em bolos de chocolate.
No princípio do seu emprego com esta família, ele tentou mostrar-se profissional com a menina Melina, tarrefa que ela gentilmente dificultou. Melina amava falar e bom, quem ama falar adora ter uma plateia para ouvir.

- Como é esse garoto? Preciso ter uma conversa séria com ele.

Melina pulou do seu assento. Indignada.

- Não, senhor paulo, assim ele nunca mais vai olhar para mim, tenho esperanças de que venha se tornar meu melhor amigo.

- hummm...tudo bem, qualquer coisa é só falar.

Melina abanou a cabeça concordando. Adorava senhor Paulo. Nessa vida, poucas pessoas faziam parte do seu círculo social. Seu pai é muito rígido nessas questões. Diz para ela que ela pertente a realeza, a classe mais alta da sociedade e que não deveria juntar-se com gentalhas. Ela fazia bico implorando para mãe permitir que ela brinque com sua amiga Zoe e Cati. A mãe tentou convencer o pai, mas este não cedeu. A imagem era importante para a família. Ela achava aquilo bobagem, sua professora de moral diz sempre que todos são iguais e não se deve trarar os outros com desprezo excluindo-os porque não possuem dinheiro como nós, pois somos todos filhos de Deus.
Tentou usar esse argumento, mas ganhou uma bufada do pai. Ela afastou-se da Zoe e da Cati. Então, tentou brincar com os filhos dos amigos do seu pai, mas eles não gostavam dela, achavam suas brincadeiras bobas, e se riam dela. Ela não se zangava porque também achava as brincadeiras deles sem graça. Desde então ela prefere ser amiga de gente mais velha, como o senhor Paulo, Maria, que a cuidam desde pequena, segundo contam. E a professora de moral que mostrou-se gentil no primeiro dia de aulas.
O percurso até o colégio foi tranquilo, sem nehum tipo de imprevisto. Senhor Paulo parou o carro, saiu e foi abrir-lhe a porta. Ela saltou do carro sorrindo.

-Cuidado, não queira se machucar. Nos vemos daqui a 3 horas, venho te buscar para sua aula de balé.

-Sim senhor! Muito obrigada e até mais tardinha.

Saiu pulando para encontrar a sua professora de moral que a esperava no portão com um sorriso. Virou para olhar quando o senhor Paulo se afastou do colégio. Ela odeia balé. Mas nunca contou isso para seus pais, porque não queria deixar sua mãe triste. Sua mãe foi uma dançarina de balé reconhecida mundialmente e Milena achava que a mãe queria que ela fosse assim também. Mila suspirou entrando no colégio com a sua professora segurando sua mãozinha direita e falando algo que sem querer ela não estava ouvindo.