"Imagine se, em um piscar de olhos sua vida mudasse radicalmente e você não possa fazer nada para mudar isso, a não ser se entregar à polícia."
Eu costumava ser uma garota comum: ia á escola, saía com minhas amigas, estudava, e tinha uma família, Tata e Tara, minhas irmãs, um irmãozinho Taylor de 6 anos(ele era o único que eu me dava bem) e minha mãe. Meu pai nos abandonou assim que descobriu que minha mãe engravidou do meu irmão.
Eu sempre fui de sonhar alto, mesmo sendo de uma classe baixa, eu estudava bastante. Passava longas noites imaginando viagens e uma casa enorme, mas por enquanto eu só vivia isso em minha mente, e nas telas do computador quando eu pegava para pesquisar lugares que eu sonhava em conhecer.
Naquela noite meu namorado Adam iria para minha casa como toda sexta-feira.
Minhas irmãs saiam e meu irmão dormia com minha mãe. O quarto era todo nosso. Mesmo estando com ele á muito tempo, eu ainda era completamente apaixonada pelo jeito que ele me tocava e me fazia ser dele,e mesmo com tudo dando errado, ele era o único que eu sabia que nunca soltaria minhas mãos, eu era completamente louca por ele e assim que eu fizesse 18 anos nós iríamos atrás de uma casa para morarmos juntos.
Minha mãe adorava a ideia, dizia que era menos uma boca para alimentar, então iríamos alugar uma casa com o salário que Adam ganhava trabalhando em uma mecânica e eu iria atrás de um emprego para ajudar com as despesas.
Minha mãe nunca comentou muito sobre meu namoro, dizia que eu era bem grandinha e sabia o que eu fazia. Talvez eu soubesse mesmo, com todas aquelas tarefas para entregar à escola e casa para limpar... Eu sabia que ali não era meu lugar, eu não me encaixava, minha mãe me odiava, e minhas irmãs mais velhas não se importavam. O único que eu queria tirar de lá era o Taylor. Ele sempre foi um ótimo irmãozinho, sempre pensava em tirá-lo dali, sabia que o lugar onde morávamos era perigoso.
Em uma tarde, enquanto eu saia da escola, Tata me liga dizendo que Taylor tinha sofrido um acidente, eu corri para o hospital.
Chegando lá, minha mãe estava sentava esperando notícias do médico.
- O que aconteceu? -Perguntei desesperada.
- Só o Taylor, sofreu uma leve queimadura com a água quente - ela diz com uma voz estranha, percebi um cheiro de álcool saindo da boca dela.
- Como acontecei isso mãe?- Eu pergunto estressada.
- Eu dei uma saidinha rápida para ir no mercado, quando eu voltei ouvi os gritos dele, eu tinha deixado a água no fogão fervendo.
Eu ainda percebi com suas falas que ela estava bêbada, ela vivia assim direto desde quando o senhor Rodrigues nos abandonou, ele não era digno de eu chamá-lo de pai.
O médico apareceu e disse que minha mãe não estava em condições para falar com ela, então ele veio até mim:
-Olha, o estado do seu irmão é complicado, ele é muito novo e uma criança de 6 anos não é tão resistente, nós faremos o possível para ajudá-lo, mas ele está em estado grave, as lesões foram fortes, eu sinto muito.
Enquanto o médico falava, meus olhos encheram de lágrimas, meu pequeno Taylor, não podia imaginar que ele passaria por isso.
Quando o médico saiu eu liguei para Adam que veio até o hospital assim que saiu do trabalho.
Mandei minha mãe para casa, minhas irmãs e eu ficamos lá a noite toda esperando uma notícia.
Eu pedi para poder entrar na sala para ver ele, ele não podia ficar lá sozinho, e eu estava tão preocupada.
Ao entrar na sala, ele está dormindo, com o corpo todo enfaixado, doeu muito ver ele ali:
-Meu pequeno Taylor, já já você estará melhor- Eu digo com os olhos cheios de lágrimas.
Na manhã seguinte no hospital, enquanto eu ia para o quarto fazer companhia para o meu irmão , ouvi os médicos falando sobre não haver condições de ter tantas pessoas internadas naquele hospital público. Assim que eu cheguei lá eles mudaram o assunto:
- Eu vim ver meu irmão. - Eu falo um pouco sem jeito.
- Tudo bem, fique a vontade, qualquer coisa é só nos chamar.- um dos médicos fala e eles saem.
Eu olho para Taylor, era apenas uma criança, não era possível que eles estavam realmente pensando em tirá-lo dali, ou se estivesse, para onde levá-lo, e outras tantas pessoas que precisam de internações. Muitas coisas passavam pela minha cabeça, até que Adam bate na porta e entra:
- Meu amor eu sinto muito- Ele me diz me dando um beijo na testa-já já eles estará melhor.
- Eu espero amor-eu falo roendo as unhas.
- Mas você precisa ir para casa descansar um pouco, sua mãe está aí com a Tara -ele me diz me abraçando.
- Eu não quero sair do lado dele Adam-eu falo.
- Eu sei amor, mas você não dormiu a noite inteira, vamos para casa,eu te levo, você toma um banho e depois eu te trago de volta, eu peguei uma moto emprestada do serviço-Adam diz.
Ele me convence a ir tomar um banho. Enquanto saio do quando, vejo minha mãe na sala de espera com a Tara.
- Você é uma irresponsável!- eu digo alto me aproximando dela.
Ela fica quieta só me olhando.
- Calma Thina, não fica nervosa- minha irmã me fala segurando em meus ombros.
- Não! Essa mulher é louca, nem pra cuidar do seu próprio filho ela serve-eu digo encarando ela.
- Olha o jeito que você fala comigo- minha mãe diz apontando o dedo.
- Parem vocês duas!-Tara diz alto- temos um outro problema agora, para de ficar culpando a nossa mãe.
- Eu vou pra casa, não preciso ficar ouvindo ninguém defendendo essa daí-eu digo estressada e vou embora.
Dentro do carro, enquanto Adam dirigia ele segurou em minha mão e disse:
- Ei, vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você-ele diz me encarando.
- Obrigado amor -eu falo e dou um beijo na sua mão.
Em casa, saio do banho com o celular tocando. Era minha irmã:
- Alô, o que houve Tara?-eu pergunto um pouco assustada pois ela não era de me ligar.
- Thina o médico veio falar com a gente aqui- ela me diz com uma voz de preocupada.
- E o que ele disse?- eu pergunto.
- Disse que vai ser preciso pagar um valor para os medicamentos de Taylor-ela diz.
- Tudo bem, a gente paga, fazer o que-eu digo decepcionada.
- Não Thina, nós não temos esse dinheiro, é um valor muito alto-ela fala.
- E o que iremos fazer?-eu digo estressada.
- Vamos ter que trazê-lo para casa-ela me fala.
- Espera eu chegar aí, vou me arrumar e vou direto para o hospital-eu falo e desligo.
Eu estava preocupada, não sabia o que fazer para ajudá-lo. Se trouxéssemos ele para casa ele iria piorar, eu tinha que arrumar aquele dinheiro.
Eu contei para Adam e ele disse que iria me ajudar a conseguir o dinheiro. Ele não recebia muito e eu sei que iria fazer falta se ele emprestasse. Mas o que mais me deixasse chateada era o peso que minhas irmãs e minha mãe colocava nas minhas costas, eu tinha apenas 17 anos e elas, mesmo sendo mais velhas, colocava tudo nas minhas costas, principalmente minha mãe que era muito irresponsável. Tinha momentos que ela não se tocava que ela que era a mãe, e agora por culpa dela meu irmão está em caso grave no hospital.
Mas eu tinha um plano e iria fazer de tudo para ajudar meu irmão.
Quando entrei no hospital, minha mãe estava sentada esperando sozinha, ela me disse que minhas irmãs deram uma saída para comprar algo para comer. Eu perguntei o nome dos medicamentos e o valor.
-Nós não temos condições de mantê-lo aqui Thina- minha mãe fala.
-Mas não podemos levá-lo para casa, ele ficaria mais doente-eu digo estressada, ainda não tinha perdoado-a pelo "acidente".
-Eu ainda não sei, mas vou pensar em algo -eu digo e saio do hospital para fumar um cigarro.
Eu sei que parecia hipocrisia eu querer salvar uma vida fumando na frente de um hospital, mesmo não tendo a idade permitida, às vezes eu dava tragos para relaxar, afinal , faltava apenas dois meses para meus 18.
Do outro lado da rua havia uma farmácia, provavelmente bem cara por ser em uma região hospitalar. Acabei de tragar, peguei minha bolsa e fui até lá para ver quantos seria o medicamento.
Entrando lá me informei com o farmacêutico e fui até o final do corredor onde ele me indicou. Percebi que ele permaneceu distante de mim, no caixa, atendendo outras pessoas que ali estavam.
Eu olhei para o medicamento, olhei o preço, procurei alguma câmera, tinha uma somente na entrada da farmácia. Eu nunca arrumaria aquele dinheiro. Olhei pro farmacêutico, olhei para o medicamento, olhei para minha bolsa.
Quando me dei conta já estava fora da farmácia com o medicamento. Eu andei o mais rápido possível sem parecer suspeita, entrei rapidamente no hospital e fui de encontro com minha mãe, minhas irmãs tinham chegado.
-Problema resolvido! -eu digo feliz da vida mostrando os remédios, mesmo percebendo que eu fiz algo errado.
-onde você arrumou isso Thina?- minha mãe pergunta.
-eu arrumei dinheiro com Adam, tudo bem que não deveria, mas aos poucos vamos pagando-eu digo- o importante é que Taylor irá ficar bem.
Eu levo os medicamentos até o médico, mesmo percebendo que foi muito errado, era por uma boa causa. Era uma vida, a vida do meu irmãozinho.
Passei a noite no hospital, Adam foi para lá de noite.
-Muito obrigado Adam-Tara diz assim que Adam se aproxima.
-Obrigado pelo o que?-ele pergunta sem entender nada.
-Por nos ajudar com os medicamentos- eu falo meia sem graça- não é amor?-eu faço uma cara implorando para ele concordar.
-Ah sim, sem problemas-ele diz.
-Bom, já que vocês estão aqui eu vou para casa-minha mãe diz se levantando.
Eu achava inacreditável a maneira que ela tratava o filho dela, no momento em que ele mais precisa, por culpa dela e ela deixa-o. Mesmo eu estando lá, era um absurdo a maneira que ela desprezava os filhos dela.
Eu fui para o quarto de Taylor com Adam.
Ele aparentava melhoras, mas o médico disse que precisaria de mais remédios em uma semana, pois precisava cuidar das lesões.
-E então, pode me dizer aonde você arrumou o dinheiro?-Adam me pergunta.
-Amor, eu não tive outra escolha, você promete que não vai ficar bravo comigo? Foi por uma boa causa-eu respondo.
-O que você fez Thina?-ele pergunta brabo.
-Amor eu precisei roubar, eu roubei os medicamentos da farmácia aqui na frente-eu falo um pouco decepcionada-mas era preciso amor, eu preciso cuidar do Taylor.
-Eu entendo, mas você não pode fazer isso, é errado-ele fala e me abraça- promete que nunca mais vai fazer isso?.
-Prometo-eu digo entre os braços de Adam olhando para meu irmão.
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Hide-Caminhando para milhões
Tajemnica / ThrillerCom seus 18 anos, Thina e Adam fogem de casa com um propósito de "tudo ou nada" para conseguirem dinheiro. Ninguém imaginava o que um casal de adolescentes eram capazes de fazer para se tornarem milionários.