As gotas grossas fundiam-se às águas revoltas do mar aberto, o céu enegrecia.
Os poucos que restavam foram se jogando navio a fora, o capitão segurava o mastro calmamente olhando o céu desabar.
"Você quer ir?"
Eu já não sabia, já não tinha certeza de nada.
Jogar-me ao mar ou seguir para o olho da tempestade com meu capitão?
Eu não respondi por um tempo, fiquei só olhando o navio balançar de modo selvagem.
Eu já não sabia, já não tinha certeza do que seria pior.
"Capitão, o senhor não vai desistir, não é?"
Seus dedos apertaram-se ainda mais forte ao mastro.
"Você vai? Dentre todos os fiéis homens que juravam ir comigo até o fim, a Senhora fora a única a permanecer, até o momento. Logo quem eu pensava ser a primeira a abandonar está viagem. Então eu lhe pergunto, senhora, você vai desistir?"
Eu não queria, se eu sobrevivesse lembraria para sempre daqueles olhos chocolate suplicando para que eu ficasse.
"Não fui a primeira a desistir, capitão, nem pretendo ser a última"
Eu mal conseguia equilibrar-me em pé. Estava encharcada da cabeça aos pés.
"Não posso prometer-lhe que chegaremos a algum lugar, Senhora, não posso prometer-lhe felicidade, tudo é incerto nessa viagem. Ainda assim ficará?"
"Sim, Capitão, não há sentido em deixá-lo aqui para me jogar ao nada, antes um fim incerto que a desistência. Eu ficarei."
Andei penosamente até ele e coloquei uma mão ao seu ombro. Ele era todo o apoio de que eu precisava, e eu seria o dele se assim quisesse.
Então nós fomos.