Um ano antes daquilo...
Estávamos em um jogo de três cortes.. Acho que todos ja jogamos isso pelo menos uma vez, mas irei explicar, o jogo se consiste em você fazer três toques na bola passando ele entre os participantes no terceito voce tenta acertar alguen para eliminar ele da brincadeira.
Por algum motivo as salas do 9° ano e do 8° estavam juntas, e a professora resolveu fazer um jogo com todos, como era uma reposição por conta da grave todos nos jogamos sem problemas. Eu como sempre me sentia muito desanimado e excluído por todos de ambas as salas, um dia antes minha mae tinha falado que eu era inútil e aquele pensamento não saia da minha cabeça, era um pensamento ruim e eu tinha passado a noite pensando naquelo que me foi dito, que eu era inútil..
Confessei isso com um antigo amigo, o nome dele era Matheus, era também do 9° ano, estudava junto com Ester, ele tinha começado a rir da minha cara entao só contei ate a parte que minha mae tinha me chamado de inútil, era a unica que interessava.Eu pedi a bola para ele pois como eu era ótimo em arremessar sempre ficava com o toque numero 2, ele me passou e era minha chance de provar nao ser inútil, eu fui com tudo na bola e acabei indo rapido demais e deixando a bola cair, todos ficaram em silêncio ate que todos começaram a rir, Matheus olhou pra mim com cara de deboche e disse.
- Sua mãe tem razao, voce é inútil.
Vocês nao sabem o quanto aquilo doeu, bateu no fundo do peito e meus olhos começaram a arder e em seguida estava chorando, era ridículo mas eu chorei. Enquanto todos estavam rindo eu sai da brincadeira e fui para o banheir tentar esconder o meu choro.
Eu achei que finalmente estaria em paz, quando ouço alguns passos, essa pessoa foi abrindo cada cabina parecia estar procurando alguem, ate que chegou na minha que era a ultima do corredor, ao invés de alguem tentar empurrar a porta eu so ouvi um simpático- Oi menino.
Era uma voz doce porem grossa, eu nao reconhecia e era estranho já que nao esperava ninguem, percebi que a voz vinha de cima de mim, eu olhei para la e e pela primeira vez vi ele. Era um garoto normal, boca rosada, tom de pele mais claro, um sorriso lindo e um cabelo meio grande e jogado pro lado. Eu estava com vergonha pois estava chorando e oque ele estava fazendo aqui? Veio rir de mim? Ele ja poderia começar
-Oi - eu me surpreendi com a frieza que consegui emitir esse som.
- Oi menino.
- Oque voce quer?
- Primeiramente ficar rico, depois viajar para o Canadá que e meu sonho e depo..
- Da pra calar a boquinha? Perguntei oque voce quer aqui? Me olhando? Se for começar a rir pode começar.
- Nao menino. Primeiramente quero saber seu nome menino, e eu quero saber porque hoje voce esta tao..bem tao triste.
Isso realmente importava a alguem? Eu sempre fingia estar bem e tudo estava bem.
-Meu nome é Christiano e nao te interessa porque estou triste, e eu nao estou triste okay? Só me deixa. - essa últimas palavras saíram alto demais e pareceu que eu estava abrindo uma torneira pois comecei a chorar novamente.
- Menino me da uma chance, nao gosto de ver ninguem triste, vem comigo.
- Não tenho motivos pra sair daqui
- A é? - disse em um tom afrontoso.
- A é!- eu disse em um tom agressivo talvez. - ele saiu la de cima e eu ouvi alguém ligando a torneira e em seguida ouvi alguem jogando agua em mim, otimo estava chorando, em um banheiro de escola, e com um menino irritante cujo eu nao conhecia que estava jogando agua em mim. Eu estava nervoso e sai de la de dentro da cabine, empurrei aquele garoto para o lado, peguei um pouco de agua em minhas mãos e joguei no rosto dele, ele riu e entao ligou outra torneira e estamos ali em uma guerra de agua, era engraçado, dois minutos de eu estar chorando estava rindo com uma pessoa cujo nem o nome eu sabia.
-Okay ne menino chega - ele falou ainda rindo e sendo atingido por um gole d'agua em seu rosto
- Okay, menino qual seu nome? - Eu falei em um tom bom humorado depois da guerrinha de agua.
- Meu nome é Felipe, Christiano.
Foi ali, em um banheiro que eu o conheci, era minha melhor lembrança de nós.
Agora no presente
E agora estavamos ali em um banheiro diferente em situações diferente e dessa vez ele precisava de mim, eu nao poderia deixar de ajudá-lo. Ele ainda deitado no meu colo, eu olho para ele e lembro da nossa guerra d'agua, começo a chorar também pois aquele menino me ajudou demais em certo ponto da minha vida.
- Hey para de chorar vai. - estávamos nos dois chorando e uma harmonia ate que ele se levanta limpa uma lagrima e olha para mim, em seguida corre para me dar um abraço forte e entao começamos a chorar juntos, eu o afasto de mim limpo uma de suas lagrimas enquanto as minhas ainda estavam caindo.
- Hey vem. - me levantei abri a cabine fui na porta do banheiro e a tranquei, era hora do lanche e ninguem iria no banheiro, eu faço ele levantar tomando cuidado com seus cortes , peço para ele se limpar e como os cortes era nos braços, eu empresto minha blusa para ele. Ele ainda estava chorando e eu nao sabia oque fazer entao abracei ele e disse.
- Me promete nunca mais fazer isso consigo mesmo?
Ele resistiu em nao me responder
- Eu quero prometer nao te deixar mais okay? Agora limpa o rosto precisamos sair.
- Me promete nao contar nada pra ninguem?
- Felipe... Eu..
- Por favor..
- Okay - eu seguro na sua mao e saímos do banheiro para a realidade onde eu iria querer proteger ele de tudo oque estava acontecendo mesmo nao sabendo de muita coisa.
- Olha Felipe.. Tenho que ir para sala okay? Nao queria te deixar porem preciso, fica bem ate o final da aula? Hoje iremos sair e voce me explicará tudo okay?
- Chris.. Tudo bem...
Penso em dar um beijo em sua bochecha e faço isso
Ele me da um sorriso e eu deixo ele ali sozinho, meu desejo era ficar com ele e saber oque estava acontecendo mas nao dava. Ja tinha se passado muito tempo que o sinal tinha batido e era pra irmos para a sala...
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Meninos Tristes
RomanceMinha vida já tinha sido 14 anos de sofrimento (literalmente), estava entrando no ensino fundamental, e ainda estava confuso se sentia atraçao por meninas por meninos ou pelo os dois, ora piorar minha melhor amiga era um ano mais velha que eu, e ain...