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Chegamos na faculdade e ficamos falando sobre assuntos aleatórios, enquanto esperávamos as aulas iniciarem.
- O que houve, Youngjae? - perguntou-me Mark. Fiz uma expressão de confuso.
- Você está muito distraído no assunto. - disse Bambam.
- Ah. - não queria falar sobre a carta do JaeBum, pois eles iriam ficar me importunando para saber sobre o conteúdo dela. E eu não queria invadir a privacidade não apenas dele, mas da pessoa que escreveu-lhe. - Eu só estou com sono. - menti.
- Foi ficar madrugando jogando, isso que dá. - disse Bambam.
Em boa parte eu não estava mentindo. Sentia-me mesmo um pouco sonolento. Mas umas horas de matemática com um professor que explica gritando afastaria essa sonolência toda. A porta então é aberta tão forte que fez eco pela sala. Já devíamos ter-nos acostumado com isso.
- Bom dia, turma! - é incrível como ele amanhece de bom humor. Deve acordar com o pensamento de que vai ferrar com alguém com sua matéria. Agradeço por não ter dificuldades nela, pois dizem que de todos os alunos que foram para sua recuperação, ninguém nunca voltou à superfície.
A aula seguia normal, com muitos ouvidos sangrando com aquela gritaria, até que lembro-me da carta. Eu nunca fui do tipo muito curioso, mas algo fazia-me querer ler o conteúdo dela. Estava lutando contra essa vontade até que, ao pegar por um material para a próxima lição, a maldita carta cai em meu colo. Fiquei fitando-a, e parecia que ela dizia-me para lê-la. Não consegui resistir. Abri-a e peguei a folha que havia dentro. Dava para sentir uma fragrância feminina vindo dela.

"JaeBum-Oppa,

Espero que você leia essa carta de maneira carinhosa, já que estou falando de meus sentimentos...
Eu não percebi quando comecei a te amar, porém quando percebi vi que era para valer. Não estou pensando em desistir de você ou coisa do tipo, espero que você repare o meu sentimento por você, e que perceba que o melhor para você é ficar ao meu lado.
Sonho com você todas as noites, sonho com nós dois juntinhos, usando roupa de casal e sorrindo em meio as pessoas.
Sei que é um sonho clichê,mas fazer o que?! Eu te amo!
Espero que me fale sobre os seus sentimentos por mim amanhã! Por favor, não me deixe triste!!!

PS: Amanhã, nas escadas atrás do refeitório, 10 minutos antes do intervalo acabar. Te espero lá ! ;) <3 "

Deu um leve medo dela agora. Será que o JaeBum recebe várias cartas de pessoas assim? Será que ele já está tão acostumado que consegue agir normalmente ao receber uma carta dessas? Eu não conseguiria. Ficaria estérico a cada vez que recebesse uma confissão desse tipo.
Devo entregar isso o quanto antes para ele. Não quero que a Hyuna descubra, por uma causa milagrosa, que eu estou com sua carta. Não sei do que ela seria capaz, e nem quero descobrir.
Ao acabar a aula, os alunos saíram correndo para o refeitório à procura de comida. Durante a correria, Mark também saiu em disparada, assim que viu a primeira pessoa a sair para a cantina da faculdade.
Saímos da sala, atrás de Mark. Fomos até o refeitório, e lá encontrava-se uma concentração enorme de universitários à espera de seu almoço.
- Eu quero comer! Anda logo! - alguém parecia estar tentando arrumar confusão. Olhamos para a pessoa, e percebemos que era Mark. E ele estava gritando com alguém. Aproximamos e vimos que a vítima era...JaeBum!
Corremos até Mark e tampamos sua boca.
- Desculpe. Ele é muito energético de manhã. - disse para Jaebum, dando um sorriso amarelo enquanto tentava parar o berrante, juntamente com Bambam.
- Ele é louco! - Bambam estava quase dando um chute na canela de Mark.
- É. - Jaebum apenas disse isso, enquanto me analisava da cabeça aos pés, deixando-me envergonhado. - Seu amigo precisa aprender a ter o devido respeito perante seu veterano. Que isso não se repita.
Parece que JaeBum consegue ser ignorante quando quer.
- Desculpe. - disse novamente. Não queria passar por mal educado depois dessa.
- JaeBum, vem logo! - seus amigos que até então não estavam presentes, chamaram-o.
- Estou indo! - respondeu, indo em direção a eles. Depois de alguns passos virou-se e gritou - Maluco!
Antes que Mark podesse reagir, o alertamos de que era o próximo da fila. Ele pegou seu almoço e dissemos para que nos esperasse em uma mesa do refeitório, pois também pegaríamos nossa comida.
- Vamos comer no telhado. - disse Mark. Bambam apenas assentiu.
Avistei JaeBum com seus amigos e lembrei que deveria entregar-lhe a carta. Se não entregasse alguém ficaria plantada a espera de ninguém.
- Vão na frente, tenho que resolver uma coisa primeiro. - os dois deram de ombros e partiram para o telhado.
Fui em direção ao meu alvo e ao chegar em sua mesa percebi que o grupo de universitários não havia notado minha presença.
Tomei coragem e o chamei:
- JaeBum! - ele parecia não ter escutado, assim como todos os outros. - JaeBum! - gritei e dessa vez consegui a atenção de todos, até mesmo do refeitório inteiro. Seus amigos sorriram maliciosos.
- Hmm, parece que alguém vai se confessar... - disse Jinyoung enquanto cutucava o ombro de JaeBum. Senti minhas bochechas arderem levemente.
- Para com isso. - JaeBum riu, livrando-se do contato de Jinyoung e depois dirigiu seu olhar para mim. - O que foi?
- Hã... - comecei meio desajeitado. - Preciso falar com você. - olhei para seus amigos. - E não é nada disso do que estão pensando.
Eles começaram a rir. Percebi um pequeno sorriso em JaeBum enquanto ele se levantava.
- Eu já volto. - o mesmo disse aos universitários que permaneciam sentados.
Saímos do refeitório e fomos até um banco que posicionava-se abaixo de uma árvore.
- Então, o que é? - perguntou-me.
- Hoje de manhã nos esbarramos, lembra? - ele assentiu. - E quando você foi embora, havia uma carta no chão. - tirei a carta do bolso e entreguei-lhe.
JaeBum observou a carta por uns segundos e depois voltou a falar:
- E como vou saber que não foi você que escreveu? - um sorriso apareceu em seu rosto. Após aproximar-se mais, continuou. - O que foi? O gato comeu a sua língua?
- É que essa pergunta me pegou de surpresa. - senti meu rosto ruborizar. Continuei tentando não gaguejar. - Você vai descobrir se aparecer nas escadas atrás do refeitório, antes do intervalo acabar.
JaeBum assentiu com a cabeça, abaixando-a rindo. Repentinamente virou-se em minha direção:
- Espera, você leu a carta?! - agora ele tinha um sorriso ainda maior em seu rosto.
- Ah, sim. Desculpe, não foi de propósito. - em parte não era mentira, pois a responsável por esta ação foi uma energia maligna que apoderou-se de mim.
- Tudo bem, eu também iria ter curiosidade sobre como se declaram para uma beldade. - rimos após esse comentário.
- Nem um pouco convencido. - respondi, ainda rindo.
- Do que você está rindo? Não acha que sou bonito?
Segunda vez que sou pego despreparado por ele. É incrível como JaeBum consegue deixar-me envergonhado com suas perguntas.
- Hã... - olhei para o relógio em meu pulso, e vi que estava perto de dar o horário marcado na carta. Levantei-me e fiz o mesmo com ele. Empurrei-o de leve pelas costas. - Melhor ir logo encontrar-se com a pessoa que lhe enviou a carta. - tentei fugir da pergunta.
- Ei, você não respondeu minha pergunta. - JaeBum disse, ainda de costas para mim.
- Você não sabe a resposta olhando para o espelho todos os dias?
- Sei, mas só quero ouvir de você. -  agradeço por ele não estar vendo meu rosto no momento.
- É bonito. - disse por fim. JaeBum virou-se, e nossos olhos se encontraram. Suas orbes negras eram tão profundas que poderia perder-se nelas. Tomando ar completei - Mas não tanto quanto eu.
Ele gargalhou e começou a dirigir-se às escadas:
- Como quiser. - despediu-se, ainda rindo, de costas enquanto caminhava em destino a uma de muitas confissões já recebidas.

In the name of 2JAEOnde histórias criam vida. Descubra agora