Quando termimei a oitava série, nossa vida mudou para melhor. Mamãe foi promovida no emprego, seu salário aumentou, de maneira que mudamos para um apartamento maior na rua Viela. Por isso, tive também que mudar de colégio. E assim comecei a estudar no Agostiniano.
Na nova escola, conheci a Regina, que se tornou a minha melhor amiga. Também fiz amizade com a Kátia.Uma figura, Kátia:grande, forte, praticava musculação numa academia. Meio doidona, tinha o defeito de ser fofoqueiro, mas, como fosse uma pessoa leal e muito divertida, logo de cara gostei dela.
Não demorou muito, éramos inseparáveis. Íamos juntas à escola, ao shopping, estudávamos juntas. Tínhamos auase mesma opnião sobre roupas, filmes, garotos, músicas, etc.
Fiz amizade com quase todo mundo do Agostiano. Os únicos colegas com quem não me dava eram a Valéria e sua turminha, formada pela Vânia e pelo Alê. Não por minha culpa. Como a Valéria se achava a garota mais bonita do colégio, não gostou de competir comigo, embora eu não fizesse nada pra provocar isso. Com o passar do tempo, essa antipatia dela se tranformou em puro ódio.
Sem falsa vaidade, com quinze anos, eu era muito bonita. Todo mundo dizia isso. Mas justiça seja feita: eu não era nada convencida. Isso por que, ao me lembrar do tempo em que achava feia me sentia muito infeliz, sabia que.entre a felicidade e a infelicidade avia uma destância muito pequena.
E não era só porque me achava bonita que iria me sentir a pessoa mais feliz do mundo. Felicidade é um estado de espírito muito especial, que depende de coisas que às vezes a gente não pode controlar e que se conquista com dificuldade.
Mas, voltando ao caso da Valéria, a antipatia por mim aumentou ainda mais quando o namorado dela, o Deco, começou a me olhar de um jeito diferente. No começo até pensei que fosse impressão minha, mas até a Regina e a Kátia repararam.
- O Deco não tira o olho de você, Cris - dizia a Kátia. - A Vânia disse que a Valéria uma hora dessas vai te pegar na rua. Ela que tente uma coisa dessas...
O Deco era uma graça... Mesmo assim, não ficava dando em cima dele. Eu podia ter todos os defeitos do mundo, mas nunca iria fazer isso com o namorado de uma colega.
E o Deco olhava pra mim de um jeito tão especial... Mesmo quando estava junto da Valéria. Eu fingia que não era comigo, que não tinha nada a ver com aquilo.
Já tinha uns mese que estava no Agostiano quando, um dia, o Deco me esperou perto de casa. Passei por ele, fingindo que não o tinha visto. O Deco correu atrás de mim, me pegou pelo braço e disse:
- Queria falar com você.
- Falar o quê? - perguntei toda séria.
- Que estou a fim de você.
- A fim de mim? Você não esta namorando a Valéria?
- Estava. Acabei com ela.
- Estava? Ainda hoje vi você conversando com ela no pátio...
- Não eu estava conversando. Estava discutindo com ela.
- Discutindo o quê?
- Sobre você. Ela estava dizendo que... Ah, deixa pra lá, isso não tem importância. O importante é que acabei com ela porque estava a fim de você.
Olhei o Deco bem de frente. Era primeira vez que o encarava desse modo. O Deco era mesmo uma graça com aquelas sardas no rosto, com aquele sorriso tímido.
- Você esta mesmo a fim de mim?
- Juro. Desde que vi você pela primeira vez.
Não quis dar a respsta ali na hora. Era coisa pra se pensar. E foi o que eu disse a ele:
- Esta bem Deco. Vou pensar.
Disse aquilo na maior tranquilidade, sem a intenção de ofender, pois eu realmenre queria pensar.
À noite, estava em casa resolvendo uns problemas de matemática, mas com a cabeça no ar, porque volta e meia pensava no Deco. Nisso, tocou o telefone. Quando atendi, alguém do outro lado da linha começou a gritar e a me xingar:
- Sua imbecil! Pemsa que pode ir roubando o namorado de outra? Sua galinha! Quem você acha que é? Pensa que pode ir chegando na escola e se metendo a besta? Você vai ver sua nojenta. Você...
Era a Valéria. Escutei tudo aquilo sem dizer nada. Ela continuava a gritar e a xingar. Tranquilamente pus o fone no gancho, como se aquilo não fosse comigo. Depois, refleti um pouco sobre aquela confusão toda: eu gostava do Deco, mas nunca havia me passado pela cabeça tirá-lo da Valéria. E não foi ele quem veio falar comigo, dizendo que não estava mais a fim dela?
E assim, com a consiência tranquila, me decidi e comecei a namorar o Deco
