CAPITULO UM

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Eu estava nervosa, mas nunca como antes, esse sentimento me era desconhecido. Acompanhava o caminho do banco do carona atenta, aquela estrada ainda era desconhecida aos meus olhos.

—Nervosa? - perguntou meu pai.

—Não.

—Então por que não para de balançar a perna desde que entrou no carro?

Congelei. Não tinha reparado, estava com os nervos à flor da pele

—Estamos chegando? - forcei a visão para enxergar o tempo restante no GPS mas não adiantou muito.

—Cinco minutos.

—Ai Deus. - ele riu, parece que meu nervosismo o divertia.

—Filha, você não precisa ficar assim.

—Não tem como não ficar! Você tem noção do quão grande isso é?

—Você fala disso desde que recebeu o Callback, eu não teria como não saber.

—Então pronto! - chegamos. Peguei minha bolsa e estava prestes a sair do carro quando ele pegou-me pelo pulso

—Você consegue, esse papel é seu. Eles gostaram da sua audição, tanto que até te chamaram mais uma vez! É normal ficar nervoso, eu também estaria. Agora, só não deixe esse nervosismo te atrapalhar de fazer o que você faz de melhor.

—Obrigada, pai.

Desci do carro, passei pela porta principal e fui direto para a recepção .

—Boa tarde, eu recebi um Callback e pediram para eu vir ao Estúdio agora, as 14 hr.

—Victoria?

—Eu mesma.

—Posso ver sua identidade?

—Claro... - peguei o documento de dentro da bolsa e a entreguei.

—Obrigada. - disse a recepcionista devolvendo-me. - Os Duffers vão te chamar daqui alguns instantes, pode esperar alí. - apontou para o sofá no canto da sala.

—Ok, obrigada.

Precisava de algo para me distrair. Peguei meu celular e joguei um jogo qualquer para fazer o tempo passar. Minutos depois, ouvi a porta à minha frente abrir e meu nome ser chamado por um homem que eu já conhecia da última vez que vim aqui.

—Oi Victoria, como tem passado?

—Bem, Shawn, e você?

—Melhor quando soube hoje cedo que você ja tinha respondido nosso email. Ficou contente com o callback?

—Bastante... - sorri tímida.

—Que bom.

Entramos pela mesma porta que ele saiu, dando em um corredor. Caminhamos até o final do mesmo, entrando na última porta à esquerda. Lá, Matt e Ross Duffer já estavam sentados nos esperando. Me esperando.

—Olá, Victoria! - disse Matt.

—Oi.

—Tudo bem? - Ross, dessa vez.

—Sim, e com vocês?

—Melhor agora. - sorri, Shawn se sentou em uma cadeira ao lado dos Duffers, atrás de uma bancada.

—Estudou a cena que te mandamos?

—Sim.

—Podemos começar então?

—Claro!

—Quando estiver pronta. -assenti e respirei fundo. Era agora, eu não poderia falhar.

Minha audição foi melhor do que eu imaginei. Consegui dar todas as minhas falas certinhas. Tinha ficado preocupada que pudesse me dar branco ou algo do tipo, mas não, nada disso aconteceu.

—Muito obrigada por ter vindo Victoria. - disse Ross

—Obrigado por terem me chamado. - peguei minha bolsa e estava prestes a sair da sala quando Shawn me chamou novamente.

— Seu pai veio com você?

—Sim, ele deve estar na recepção me esperando.

—Pode pedir para ele vir até aqui? Queremos troca umas palavrinhas com ele.

Estava tentando manter a calma mas dessa vez não seria possível. Acabara de sair do meu teste, ou melhor, O teste, e os produtores estão na sala atrás de mim conversando com o meu pai. Eu andava de um lado para o outro do corredor, aflita.

Chequei a hora em meu celular. Cinco minutos já haviam se passado desde que meu pai entrou por aquela porta. Tá que não é muito mas parecia uma eternidade.

Meus pés começaram a doer, sentei no chão escorada à parede ao lado da porta, até tentei colocar as mãos em forma de cuia e encostar a orelha na porta para ouvir algo mas foi em vão.

Desisti. Peguei meu celular, abri o WhatsApp e respondi alguns amigos que diziam estar com saudade. Ah, eles não fazem ideia da falta que eu sentia. Mas em nenhum momento eu voltaria atrás, em nenhum momento eu me arrependo de ter vindo para cá com meu pai. Há anos ele vem me cantando essa pedra, dizendo que quando eu começasse o ensino médio ele já teria aberto o negócio dele nos Estados Unidos e nós nos mudaríamos de vez. E isso aconteceu. Foi difícil deixar meus amigos e minha família para trás, mas, minha mãe sempre me deu o maior apoio, o que me deu forças para seguir, Além do mais, apesar de estar atarefado com os negócios, meu pai sempre tenta arrumar tempo para nós dois, seja me buscando na escola ou saindo para jantar. Ele faz questão de todas as noites ir até meu quarto e me perguntar como foi o meu dia, exige que eu conte detalhes. Até sobre meninos ele está começando a perguntar, algo que ele nunca fez, nem mesmo no Brasil.

Minha adaptação não foi difícil. Meu pai tem uma amiga que mora aqui desde os seus 18 anos e, além de amiga, é sócia na companhia. Ela nos ajudou a encontrar nossa casa, minha escola e me ajuda constantemente em tudo que eu preciso e, apesar de seus 35 anos, posso dizer que ela é minha melhor amiga aqui. Nora, seu nome, tem sido de grande ajuda e apoio para nós desde que chegamos, à um ano.

—Victoria? - olhei para cima e vi a cabeça de Shawn enfiada para fora - Venha.

Levantei, peguei minhas coisas do chão e entrei na sala, finalmente, sentando-me ao lado de meu pai, de frente para os três: Matt, Ross e Shawn. Havia uma pilha de papeis em cima de um envelope, algumas fotos minhas espalhadas e um bloco de folhas que pareciam um Script sob a mesa. Não poderia ser o que eu estava pensando.

Todos ficaram em silêncio, me olhando, e eu, esperando que alguém dissesse algo.

—Então...

—Bem vinda a Stranger Things!


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Olá, leitores lindos! O que acharam desse primeiro capitulo?
Deixem a estrelinha de vcs e comentem o que acharam pra eu escrever o próximo logo...
Beijinhos!

BACKSTAGE || Finn WolfhardOnde histórias criam vida. Descubra agora