Capitulo 6 - O medo pode ser meu amigo

36 5 0
                                    

Depois de uma repreensão do professor, por não estar prestando atenção na aula e, de fugir do interrogatório da Uaná, perguntando o motivo da minha inquietação, lá estava eu tendo meu dia de humana.
Esse é o dia que eu esqueço as obrigações de diretriz e vou a locais humanos, como por exemplo, a biblioteca comunitária.
Eu já estava lá, lendo a versão humana de conde Drácula, quando ouvi o barulho de um livro caindo. Não havia mais ninguém ali por causa disso me levantei e fui até o livro caído para colocar ele no lugar, porém não tive tempo de pegar ele do chão, pois fui sugada por uma sombra e sem mais nem menos apareci no alto de um prédio.
-enfim sós, pequena diretriz - sua voz soou atrás de mim e eu congelei no lugar apenas esperando o que ele iria fazer, mas ele nada fez.
- quem é você? - meio tosco para alguém que já sabia quem estava atrás de mim, mas mesmo assim foi o que perguntei.
-sou Ébano, líder dos demoníacos e filho de Lúcifer. - isso não me pareceu certo, algo faltava e isso foi o que me fez virar.
-você está mentindo.
-estou? - perguntou ele com um sorriso de lado.
-está, se fosse o tão sanguinário Ébano estaria rodeado de seguidores e seu olhar seria o de um assassino. - ele não parecia ser o Ébano, não se encaixava, se fosse realmente ele, então os livros mentiram.
-primeiramente: não vou ficar o tempo todo com eles como minha sombra e, em segundo: não se deixe levar pela aparência.
-diga o que quiser, sei que mente. - minha convicção estava além do normal, muito além, como eu poderia julgar alguém que nem conheço.
-Diretriz, você está arriscando muito a sua vida, não acha?
A cada palavra que saia de sua boca, ele dava um passo em minha direção, me levanto mais próxima da beirada.
-confio na minha intuição - pelo visto confiava até demais.
Antes que ele dissesse mais alguma coisa, algo atraiu nossa atenção, foi estranho e eu, de algum jeito sabia o que iria acontecer, uma sombra trêmula, como se arrepios corressem por ela.
-é ele, não é? - pergunto ao demoníaco do meu lado e ele me responde com total silêncio, olhando por todos os lados, procurando um escape, mas para nosso azar o sol estava em seu ponto mais alto e estávamos no alto de um prédio - quem verdadeiramente é você?
- Ciaran, meu irmão, é ela?
Uma voz tão fria quanto um mar congelado, desvia minha atenção do agora conhecido Ciaran que tentava se pôr em uma posição que iria me proteger, meu olhar foi atraído para, nada mais nada menos, que o tão temido Ébano, sua aparecia mortalmente fatal, pele negra como a do irmão, olhos também cinza, cabelos escondidos debaixo de uma toca e um rosto de traços delicados, mas de olhar assassino, seguido por quatro pessoas, três rapazes e uma garota.
Esse sem duvidas era Ébano.
-ela quem, irmão?
Ele tenta desconversar, mas sinto em seus músculos o quanto ele esta tenso. Andando de um lado para outro Ébano me estuda cautelosamente.
- você não me engana e essa é a sua chance de mostrar que é um verdadeiro demoníaco.
-não preciso matar para mostrar a você que sou um demoníaco.
Eu vi em Ciaran uma criança querendo dar orgulho a sua mãe e pai, porém nesse caso ao seu irmão, mas ele não poderia mudar quem é, e como ele já havia dito antes ele não era um assassino.
Deixei me vagar pelos outros demoníacos.
Primeiro na garota, olhos negros, cabelos negros e lisos, pele morena, piercing no nariz e com um ar que se desse moleza perto dela, ela seria a primeira a te dar uns tapas na cara por ser tão molenga.
Depois percorri rapidamente pelos outros, os garotos um deles usava boné e tinha tatuagem por todo o seu corpo, não muito atlético, mais para raquítico. O rapaz ao seu lado tinha apenas uma tatuagem e fazia questão de mostrar, abaixo do umbigo, ele a exibia com seu troco sem nenhuma camisa. O último era mais reservado com sua roupa toda no lugar, traços duros e corpo musculoso.
Eles eram interessante de se observar, como um tigre preso numa jaula, eu os observava de longe e os vi se dividindo de dois em dois e indo se posicionar ao lado do Ébano.
- irmão, eu quero ela e se você não fizer isso, eu mesmo farei.
Como a sombra de uma pedra lançada de um estilete, Ébano se lançou em nossa direção colidindo com seu irmão, a força foi o suficiente para derrubar Ciaran no chão.
Estava tão vidrada na luta que acontecia a centímetros de mim que nem vi os quatro demoníacos que se aproximavam de mim, me encurralando, só percebi quando quatro mãos envolveram meus braços me fazendo gritar em surpresa.
Eu não podia revelar quem sou na frente dessas pessoas, não podia vestir a máscara e minhas vestes, por alguns segundos me senti apavorada, piorou quando Ébano se aproximou de mim e tocou meu rosto com a mão cheia de sangue.
-a diretriz misteriosa, pena que não tão sábia. - sua voz era em deboche, medo corria em minhas veias, mas esse medo, despertou outra coisa em mim.
Do lado oposto ao qual estávamos um brilho muito forte cegou a todos momentaneamente e aproveitei isso para me soltar e correr para algum lugar, o brilho foi diminuindo e dois braços me envolveram. Comecei a gritar, mas logo vi que era Ciaran e fiquei mais calma.
Porém a minha calma se foi quando vi o que estava de frente para os cinco demoníacos: uma copia de mim e essa copia vestia a minha roupa e minha máscara.
Ciaran olhava para ela e depois para mim, sem saber o que dizer, nem o que fazer. Sentindo minhas pernas fracas e minha força se esvaindo me apoiei nele e fiquei olhando para saber o que o meu segundo eu iria fazer.
Dor, eu sentia por sustentar dois corpos por pouco mais de dez segundos, tempo o suficiente para que Ébano passasse pela surpresa e voltasse a si.
-essa é ela? - ele pergunta com seu corpo em fúria, por ter sido enganado.
-não percebe o que vê? - minha voz carregada de autoridade, a voz do meu clone diz ao demoníaco a sua frente.
-então esta é a poderosa Diretriz Sophia? Veremos o quão poderosa é.
Com um simples movimento de pulso uma grande sombra a envolveu, densa, capaz de engolir até mesmo um arranha céu, mas se ele pensou que acabou ai, se enganou e feio, pois uma explosão de luz fez com que aquela sombra sumisse revelando a, intacta.
Os olhos de Ébano faiscavam com o novo desafio, com um passo ele fez com que a sombra dele segurasse os pé do meu clone firmemente no chão.
-acha mesmo que consegue me prender? - ela era mais segura do que eu, pensando em mim, meu corpo estava começando a ficar pesado demais para mim, Ciaran me segurava com força e observava o que "eu" iria fazer ao seu irmão.
-estou conseguindo não?
No mesmo instante que ele disse, aconteceu, igual da outra vez, porém menor, uma explosão, Ébano tentou braços de sombras para segurá - la, mas também não funcionou, cada golpe que ele dava ela imobilizava com pequenos feixes de luz.
-o que é você? - ele perguntou, seus seguidores o haviam deixado quando a diretriz apareceu e somente agora sentiu medo.
-a nova Sophia.
Erguendo a mão em sua direção ela fez com que uma luz tão forte quanto a luz do sol saísse da sua mão e deu a ela um foco: Ébano.
Seus gritos seriam ouvidos por eras e do mesmo jeito que o meu clone apareceu ele sumiu, porém sugando toda a minha força e energia e deixando Ébano desmaiado no local em que foi atingido.
-ai - foi tudo o que disse quando Ciaran conduzia-me lentamente até a sombra de onde viemos.
-como você fez aquilo? - eu também queria saber.
-eu não sei, só estava com muito medo, mas agora estou com muita dor.
Ele entrou na sombra e me arrastou com ele, entrei dessa vez sabendo o que esperar, uma sensação como se estivesse caindo em um buraco negro e, em poucos instantes estávamos de novo na biblioteca.
-sente se aqui. - segurando minha mão me conduziu até a cadeira mais próxima, assim que sentei ele entrou novamente em uma sombra e sumiu, voltando minutos depois com uma sacola com algo que cheirava muito bem e dois copos de suco.
-não sei você, mas isso tudo me deu fome. - ele tirou da sacola dois lanches e me deu um, juntamente com o copo de suco.
Só depois com tudo isso na minha mão que eu senti a fome que estava.
-obrigada.
Ele sentou do meu lado e olhou diretamente nos meus olhos, logo após morder um pedaço do seu lanche.
- não sei como fez aquilo e nunca tinha visto algo tão incrível, mas estou muito feliz da surra que você deu no meu irmão, porra e, aquele golpe com a luz, igual a antiga Sophia, só que trinta vezes mais intenso.
Entusiasmo emanava dele e um sorriso tímido brotou nos meus lábios.
-e você se fingindo de Ébano, todo pomposo, tentando colocar medo em mim.
- precisava te testar, saber a diretriz que é e, no final acabou se mostrando muito mais poderosa do que imaginei.
Sentindo meu rosto esquentar eu dei a primeira mordida no lanche, estava divino, o suco era rico em vitaminas e o lanche em proteínas, meu corpo foi treinando para reconhecer essas simples iguarias.
- eu queria entender como fiz tudo aquilo, eu não sou rápida como ela, não sou tão segura, você me entende?
-sim, entendo, mas me diga se você pudesse escolher qual dos seus nomes colocar em primeiro, qual você escolheria?
Estranhei a pergunta, mas não tinha muito que pensar, eu sabia bem qual seria a resposta.
-Camila, o primeiro nome que ganhei.
-Camila Sophia, diretriz e sabia sacerdotisa - diz ele se pondo de joelhos - me daria a honra de ser seu guardião guerreiro pessoal? Prometo que não contarei a ninguém sua identidade, e blindarei a minha mente para que ninguém descubra.
"Guardião guerreiro"? Nunca ouvi que alguma diretriz teve um, ou qualquer coisa parecida.
-por que faria isso? Sabe que será arriscado, sua vida estará em jogo.
-só assim estarei pagando uma dívida antiga - diz ele com pesar no coração e vejo sinceridade nas suas palavras, o que e fez lembrar o que foi escrito no livro.
-era ela?
-ela quem?
- Sophia, era ela quem você amava?
Seu olhar cai nas prateleiras dos livros e sinto sua dor, ainda fresca pela mulher que amou.
-sim, era ela. - sentindo imensa compaixão e uma vontade surreal de confortá - lo, minhas mãos se uniram com a dele. Quando eu ia dizer algo, ele continuou - ela era linda, lembra muito você, apenas a cor do cabelo e a cor da pele, do mesmo jeito que ela lembrava Camillus, ela tinha olhos violetas e era tão doce quanto mel de baunilha... Com ela eu me sentia completo e em um sacrifício, para me salvar ela se doou, por favor, Camila Sophia, deixe me ser seu guardião guerreiro pessoal, somente assim pagarei minha dívida com minha amada, somente assim viverei a eternidade em paz, quando se for.
-eu aceito. - como negar a um pedido desse?
Felicidade se via nos olhos dele e um sorriso no meu rosto, Rohese já me disse que tenho que tomar cuidado e se um demoníaco quer me proteger que assim seja, mas como ele me descobriu?
-antes que fique brava comigo, você fica incrível de vermelho. - ele termina de comer e eu olho para a minha roupa, não estou de vermelho - sexta, no bar, eu te vi quando transportou aquela garota para sei lá onde.
- você me viu? - espanto tomou conta do meu ser, quantos me viram fazer isso?
-não se preocupe só eu vi você fazendo isso e parecia que você estava em transe, fazendo as coisas sem saber.
- e eu estava. - admito sentindo muita vergonha.
-bem, teremos que trabalhar nisso, claro se você quiser, um demoníaco com mais de um milênio de vida como professor.
-aceito - aceito? Sim, aceito, Uaná nunca me chama para treinar e minha tutora só me ajuda a fortalecer meu corpo, o qual virou gelatina hoje.
-Rohese tem feito o que? Ioga?
-quase isso - quando termino de dizer, percebo o que fiz -você a conhece?
-ela é a primeira de todos os gêmeos mestiços, meio óbvio que eu iria conhecer.
Sim, muito mais que óbvio.

Diretriz: Grande SacerdotisaOnde histórias criam vida. Descubra agora