Três

2.3K 283 44
                                    

THOMAS

Newport, RI, véspera de natal.

Finalmente estamos chegando!

Eu saí de Los Angeles há dois dias e fui direto até meu apartamento em West Village, Nova Iorque. Tiffany, Lana e eu aproveitamos para fazer comprinhas de Natal e à noite fomos para as melhores boates da cidade.

A ideia de trazê-las comigo foi brilhante, confesso, pois, além de diversão garantida para mim, eu tenho certeza de que meu pai ficará tão surpreso que provavelmente terá um ataque e o clima natalino irá pelos ares, bem como o evento da noite: o noivado de Eric.

Nesses dois dias em que estive na Big Apple, até pensei em ir fazer uma visita cortês ao meu irmão, mas isso tiraria todo o efeito surpresa que estou programando.

Gargalho só ao pensar na reação da linda Cassie.

Será tão engraçado vê-la corar, mas fingir que está tudo bem, mesmo eu estando virtualmente com duas putas em casa... Bem, confesso que sou um gênio sortudo!

Em uma dessas nossas orgias de compras pela cidade, avistei o casalzinho passeando pelas lojas e vi quando meu irmão saiu de uma exclusiva loja de grife com um terno em uma embalagem.

Não perdi tempo e, depois de jogar meu charme à vendedora – além de dar-lhe um amasso no provador –, ela me mostrou o modelo encomendado por ele, e eu comprei um igual para mim, exatamente igual. Eu me divirto só ao pensar na confusão dos convidados, porque somos tão idênticos que, vestidos de forma igual, ninguém vai saber quem é quem.

Claro que nossa família e alguns amigos mais próximos reconhecem-nos, mas ainda assim leva um tempo.

Meu irmão é do tipo tradicional e chato, aquele que sempre usa o mesmo corte de cabelo e o mesmo perfume toda a vida. Eu já troquei de lugar com ele tantas e tantas vezes na infância e nunca fui descoberto, quer dizer, não na maioria.

A única coisa que irá nos diferenciar, com certeza, é o anel de ouro de Harvard – que era do meu avô –, uma peça cara, antiga e que ele teve – como sempre – a honra de portar, mesmo não querendo.

Pobre Eric! O menino certinho que dança conforme o som do capeta – que no caso é o meu pai –, pensando em levar sua alma para o céu. Ele está seguindo a vida que Bill Palmer planejou, mesmo estando insatisfeito e frustrado, porque não tem a coragem que eu tenho, porque é fraco e não sabe enfrentar a tirania do cabeça da nossa família. É um perdedor, sempre foi!

— Tommie, ainda falta muito? — Lana reclama do banco traseiro.

Eu respiro fundo para não estragar meu maravilhoso humor e respondo que falta pouco, apenas alguns minutos e já estaremos na mansão da família Palmer.

Confiro as horas, constatando que chegaremos lá antes do horário do almoço e mais uma vez lamento o fato de a festa ter sido marcada aqui e não em Nova Iorque, mas vai entender Mari e sua necessidade de mostrar cada uma das propriedades de seu marido aos amigos.

Já percorremos 175 das 180 milhas que separam Nova Iorque de Newport, em um tempo de pouco mais de três horas dirigindo sem parar. As duas beldades ao meu lado vieram cantando, bebendo e cheirando durante todo o percurso, mas agora parecem cansadas da algazarra e por terem acordado em horário não habitual, às 7h da manhã.

O clima aqui é bem diferente de Los Angeles, o que me faz ficar ainda mais atento ao caminho e, por esse motivo, não estou confraternizando com minhas amigas. A interestadual 95 é uma estrada boa, mas o céu está pesado, e o clima – a temperatura não passa dos 37ºF –, bem mais frio ao que estou acostumado ultimamente.

DUAS VIDAS - [DEGUSTAÇÃO REVISADA]Onde histórias criam vida. Descubra agora