Doce Maldito inverno

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Estava sentada na pequena escada no lado de fora da casa observando a pequena quantidade de neve acumulada nos galhos das árvores, o inverno estava apenas começando e aquela tinha sido a primeira neve. Já se faziam dois dias desde o incidente no lago e o frio já estava
Ficando cada vez mas severo, o que era bom já que o chupão que Ben havia deixado no meu pescoço ainda estava roxo puro, por sorte ninguém tinha percebido, e podia usar scarfs ou suéteres com golas para esconder o roxo.
- Monster - a respiração quente de Toby formou uma pequena nuvem contra o ar frio - o que está fazendo aqui fora?
- Vendo a neve - tinha estado ali por um bom tempo, vendo a neve cair brevemente - Não estou com vontade de ficar lá dentro
- E por que isso? - Toby sentou do meu lado fazendo a madeira ranger e seus cabelos caírem na frente dos olhos avelã meio desbotados - tem chocolate quente lá.
Toby sorriu por trás da máscara e seus olhos se fecharam acompanhando o movimento, os cabelos caíram mais uma vez sobre seus olhos, Toby logo os tirou do caminho, ele estava sentado perto so suficiente para que nossas pernas se encostassem completamente.
- Não sei - dei de ombros e foi a vez do meu cabelo cair, diferente de Toby minhas orelhas ficavam em outro lugar então não podia colocar a mecha atrás delas.
- Aqui - Toby tirou uma presilha com flores vermelhas e douradas do bolso - Achei ela por ai.
Toby se aproximou e prendeu minha franja para que ela não caísse, suas mãos foram gentis e suaves quando ele acariciou meu cabelo.
- Lindo - Ele disse se referindo ao meu cabelo - Vamos entrar, Monster.
Toby apenas levantou e me estendeu a mão, sem hesitar, aceitei sua mão e entrei dentro da casa a qual estava com um cheiro maravilhoso de café.
- Quer uma xícara de café ou chocolate quente? - Toby perguntou enquanto tirava duas xícaras do armário - pode sentar, eu preparo tudo.
- Café - Sentei na mesa, grande o suficiente para uma família de 12 pessoas.
Esperei até que ele colocasse a xícara na minha frente e coloquei duas colheres de açúcar, Toby sentou na cadeira a minha frente e deu um pequeno gole em seu chocolate quente.
- Como era sua vida antes? - Toby perguntou me encarando - antes da floresta?
- Bem... - mexi a colher no café - Eu... fui abandonada nas ruas de Nova York... Não lembro muito antes disso... era um dia chuvoso e... Uma mulher me achou em um beco, eu tinha 5 anos e ela me levou para a casa dela onde ela já cuidava de outras três garotas: Raquel, Catherine e Savanna.
  - Você lembra o nome dessa mulher?  - Toby praticamente sussurrava agora.
  - Lina - minha voz falhou - Lina era uma mestre vinda do Japão para  Nova York, ela me adotou e nos criou para sermos kunoichs, já que elas estão praticamente extintas, muitos duvidam de sua existência... quando eu tinha 13 anos ela me dominou a líder, o que não fez Savanna feliz...  então ela achou um jeito de ter sua vingança, como a criança mimada que ela era. Lina tinha uma antiga inimiga, uma traidora do clã, ela prometeu que Savanna seria a líder se ela trabalhasse para ela e trouxesse Lina até sua armadilha, uma aranha controlando uma mosca, então Savanna o fez. O que ela não esperava é que Lina tivesse muito mais forte e muito mais treinada, ela nos usou contra nossa própria mãe e a matou bem ali, na nossa frente... claro... eu não escapei... Savanna atravessou uma kunai pelo meu abdômen e como não sabia dos meus poderes curativos, acabei ficando três meses em coma em um hospital... Claro que fugi e voltei para minhas irmãs já que agora estávamos sozinhas no mundo, parei de ir a escola assim como minhas irmãs, o bullying não ajudava muito, ainda trabalhava no dojo para dar a elas o que comer... Mas um dia... as autoridades descobriram e fomos para um orfanato, infelizmente ninguém queria adotar nós três juntas, então fomos para casas separadas: Raquel foi para o Brasil, Catherine para o Japão e eu continuei em NY... o resto... é outra história.
  Olhei para a janela, uma chuva forte e provavelmente fria caía do lado de fora encharcando a floresta. Toby passou a mão pelos cabelos como se tentasse absorver toda aquela informação, ele respirou fundo e soltou um suspiro longo e dolorido.
  - Eu... sinto muito - Foi tudo que ele disse antes de levantar de sua cadeira e... me abraçar, sem palavras... abracei de volta. E nos abraçamos na cozinha, no frio do inverno, no frio dos nossos passados e daqueles que deixamos para trás, daqueles que amamos e não esquecemos.

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