Bem-vindos

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Amanda 

Depois de meses planejando nossas férias, eu e meu namorado finalmente estamos indo viajar com nossos amigos. Saímos cedo de carro da cinzenta cidade de São Paulo e fomos em direção a uma cidadezinha no interior do estado, formada por fazendas, florestas e cachoeiras incríveis.

Conforme nos aproximávamos mais da fazenda as estradas ficavam ainda mais desertas e a floresta ainda mais densa ao nosso redor. O lugar era de algum parente da Rafaela, uma das minhas amigas que iria conosco passar as férias no meio do mato, e assim como a maioria das pessoas que estavam na viagem, nós somos amigas desde o ensino médio.

Depois de quatro longas horas de viagem de carro finalmente chegamos. A casa era enorme, velha e a floresta fluía livremente ao seu redor. Mas ainda assim, era um lugar muito bonito.

— Será que aqui tem Wi-Fi? — Pergunta Jéssica, descendo do carro.

— Que pergunta idiota, olha onde a gente tá! — Disse Vanessa, rispidamente. — Não tem nem sinal de celular.

— Eu não falei com você, então fica na sua.

— Gente, sem briga. — Tentei acalmá-las, as duas e o Lucas tinha vindo conosco no carro, enquanto nossos outros amigos vinham em outro carro. 

— É, vamos ficar de boa, sem brigas. — Concordou Lucas, colocando os braços sobre os ombros das duas.

Jéssica e Vanessa nunca se deram muito bem, mas se toleram porque ambas tinham muitos amigos em comum. Porém, desde o Lucas apareceu a convivência delas está insuportável. Eu queria abraçar às duas e fazê-las parar de brigar, mas logo esqueci da discussão quando olhei para o meu namorado. Bruno não tirava os olhos do celular, certamente estava respondendo e-mails, mesmo tendo me prometido que não trabalharia enquanto estivéssemos aqui.

Cheguei perto dele e abracei sua cintura, tentando tirar sua atenção do aparelho sem precisar discutir de novo. Desde que ele começou a trabalhar com o seu pai na empresa da família as coisas entre nós começaram a ficar complicadas. Ele fica até tarde no trabalho e quando está comigo, fica respondendo e-mails e fazendo ligações. Apesar de odiar isso, eu o entendo. O seu pai nunca lhe deu muita atenção, mas desde que eles começaram a trabalhar juntos ele finalmente conseguiu se aproximar.

Eu só que queria por uma semana fosse só eu e ele, sem o pai dele ou o trabalho no meio. Bem, não seria exatamente só nós dois por causa dos meus amigos. Mas eles não contam. Prefiro ficar com os oito por uma semana, do que com o pai do Bruno por um dia.

— Então, o que achou do lugar? — Perguntei, depositando um beijo no seu ombro.

— Acredito que sou sortudo por ter Internet via satélite. — Respondeu, guardando o celular, ficando de frente para mim e me abraçando.

— Bobo, você prometeu... Nada de trabalho.

— Eu sei, eu sei. Eu só estava vendo a hora.

— Tá bom, sei. — Respondi e o puxei pela mão. — Vem, o resto do povo deve estar esperando a gente lá dentro.

— E as malas?

— Depois nós pegamos.

Entramos na casa e logo ouvimos uma gritaria como se alguém estivesse morrendo. Corremos até o barulho e logo encontramos o motivo da gritaria.

O chão de madeira antiga estava coberto por um líquido viscoso e avermelhado. Guilherme e Ana estavam agarrados nos braços do Paulo, enquanto Rafaela puxava as cortinas.

— Acha logo essa maldita, ela me fez derramar todo o meu vinho! — Grita Guilherme.

— Eu estou procurando. — Respondeu Rafaela.

Pelos Olhos DelasOnde histórias criam vida. Descubra agora