centro lgbt+.

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Jimin tremeu quando as mãos enormes de Jungkook tocaram brevemente suas bochechas vermelhas, ajeitando sua toca, balançando as orelhas de gatinhos e rindo de forma bonitinha, o baixinho quase gemeu em deleite quando o cheirinho de cereja do outro chegou as suas narinas, soltando um espirro engraçado e rodeando os braços curtos na cintura do namorado, sorrindo.

Jimin sentiu o corpo magro de Jeon tremer, indicando que a noite fria finalmente atingira-o, ele suspirando audível dessa vez, beijando a testa amostra do namorado, o puxando para dentro da cafetaria que cheirava a livros e café forte, fazendo os dois quase se derreterem.

Eles pediram doces, pelo menos dois para cada, um copo enorme de café para poderem dividir sem problema algum, Jimin sorriu, animado, tombando a cabeça apreciando o mais alto, ele cheirava a cereja, seu cheiro favorito em todo o mundo.

Ele arrastou a cadeira até estivesse do lado do castanho, abaixando a cabeça até que ela encontrasse apoiado no ombro largo do outro, fechando os olhos, quase explodindo de alegria.

Era estranho, quando Jeon se aproximava ele podia sentir como seu coração fosse explodir só por olha-lo e um rio de suor — mesmo que ele achasse nojento pra caramba — aparecer na sua mão, sua cabeça girava quando ele cheiro gostoso invadia suas narinas, o fazendo quase se sentir drogado, e era por isso que ele adorava tirar cochilos breves apoiado ali, o rosto quase todo encostando no pescoço do namorado.

Ele havia enfrentado muitas problemas ao entrar na comunidade LGBT+, não com as pessoas que participavam, mas sim com as homofóbicas, aquelas pessoas que o faziam ter ânsia de vomito e querer socar cada uma dequele rostos que eram tão bonitos por fora mas tão podres por dentro; ele dava palestras de apoio, já chorou horrores ao ouvir histórias do que tinha coragem de se abrir, contar suas histórias sobre agressões e coisas que faziam Park querer morrer só de pensar, ele nunca fora agredido fisicamente mas psicologicamente ele podia se sentir quase como um daqueles lutadores que sempre perdem a luta e apanham tanto que quase perdem a consciência; ele achava que iria morrer.

Numa quarta-feira nublada, ele vestiu suas melhores roupas de frio e caminhou apressado até o centro que normalmente dava palestras, um saco de papel enorme cheio cafés e bolinhos que ele mesmo havia feito para os que tiravam um tempo para ouvir tudo que ele dizia, tudo foi normal, ele observou mais que o normal os rostos novos, tentando ver se algum deles não era um palerma que havia entrado somente para contra argumentar seu discurso dizendo que aquilo não era de Deus e Jimin tinha certeza que religião era uma coisa boa, as pessoas que a estragavam.

Ele reparou em um menininho — ah, ele era pelo menos três anos mais velho que ele, mas achava-o tão fofo que o chamou assim pelo resto da dia, mentalmente — sentado no última fileira, ninguém nunca se sentava lá, não dava pra ouvir muito bem mas ele sentou ali, todos os sete dias da semana, sorrindo pequenininho quando Park começa a falar, ou esquecia que o microfone estava ligado e cantarolava alguma música EXO.

Certo dia Jimin abordou sobre se assumir na adolescência e o baixinho dessa vez estava lá frente, as pernas compridas cruzadas, ouvindo tudo tão atentamente que chegava a ser fofo.

No final, Jimin quase tropeçou descendo do palco, o coração quase saindo da boca quando as mãos do menino quieto — acredite, ele só descobriu o nome dele três semanas depois — o ajudou, deixando a cabeça do loiro apoiado em seu ombro enquanto se recuperava do susto, mas secretamente, Jimin já estava bem a muito tempo, só gostou do cheirinho gostoso que o outro tinha, e sorrindo envergonhado Jeon foi embora apressado até saída.

Ele só voltou duas semanas depois.

Jimin quase gritou alto quando Jungkook beijou sua bochecha, na quarta tentativa de conseguir algum tipo de atenção.

Jungkook sorriu, aquele sorria que suas bochechas até ficavam maiores e doíam, ele tateou os bolsos, mordendo a língua e pedindo licença, ele entrelaçou as mãos com o baixinho, o puxando para o lado de fora do lugar que cheirava tão bem.

Eles caminharam pelo menos dez minutos até chegar ao local envelhecido, a tinta quase escassa, os portões enferrujados, e Park abriu a boca, surpreso e choroso.

Ele observou tudo de modo tão curioso Jeon se abaixar, tirar a caixinha de veludo e sussurrar um pedido de casamento embolado e meio choroso, que logo fora aceitado aos sorrisos e lágrimas pelo agora, marido.

E onde tudo começou para eles, seria exatamente onde eles teriam uma das melhores lembranças do mundo guardada.

E ah, Jimin ainda sim depois de quase treze anos ainda dormia com o cheirinho gosto de Jeon Jungkook.

© NAMJACKET, 2017.

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