Escarlate - Capítulo 1

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Quarta-feira, 11 de fevereiro08:14 AM

Apolline Merman

Uma dor latente atravessava meu corpo, minha visão estava turva e cansada. Eu precisava fazer um grande esforço para manter as pálpebras abertas. Luzes brancas brilhavam ao meu redor, tudo era tão branco e frio. Espera, onde estou? O que é isso no meu corpo? Minha cabeça estava confusa e, conforme começava a entender o que estava acontecendo, senti o ar desaparecer dos meus pulmões, ficando ofegante. Lentamente, percebi que não se tratava de um pesadelo, mas sim da realidade.

Eu estava em um local branco, cheio de equipamentos hospitalares, com meu corpo gélido estendido numa maca no quarto de um hospital.

Pus a mão na testa, onde havia um acesso venoso para o soro. O que aconteceu comigo? — pensei. Ajeitei-me na maca e lembrei da manhã anterior.

***

Sim, eu, a própria Morte, contarei o que houve desde o início da manhã de Apolline, no dia anterior. Ontem de manhã, Apolline Merman cruzou meu caminho.

Apolline se arrumava para ir ao Colégio Cecilier, seria seu primeiro dia de aula. E também era sua primeira manhã na nova casa, ainda um tanto bagunçada devido à recente mudança. Ela olhou ao redor do quarto, estava do jeito que sempre quis: decorado em duas cores, com uma parede castanho suave e as outras branco neve. Próximo à janela, ficava a mesa do computador, atrás dele, um mural repleto de fotos de amigos e família. A cama estava perto da porta, e o chão de madeira envernizada tinha um carpete vermelho.

Mas o mais curioso do seu novo quarto era a sua janela, porque tinha uma direção um tanto problemática. Por que problemática, meus caros? Pois, a sua direção, queridos, era a janela de outra casa, mais especificamente outro quarto.

Ela encarou a janela, enquanto pegava a sua mochila deixada na cadeira do computador. A janela do seu vizinho também estava aberta. Assim, rapidamente, obteve a imagem de uma silhueta masculina. Um rapaz de cabelo vermelho que aparentava ter a mesma idade de Apolline, ele estava apenas de calças jeans e começava vestir uma camiseta com o símbolo de uma banda famosa. Apenas percebeu estar encarando o abdômen definido do rapaz, quando ele notou que a garota na janela o fitava. Ele retribuiu com um sorriso malicioso.

Assustada, desviou seu olhar na tentativa de esconder a vermelhidão de seu rosto. Apolline apressou-se em descer as escadas, indo à cozinha.

Seu pai, Jean, um gordinho baixinho de cabelos já grisalhos, lia jornal sentado numa confortável poltrona de couro, que ficava em frente de uma grandiosa janela com vista para o pequeno jardim da casa.

— Bom dia, pai. — Falou enquanto passava pela sala, ele apenas acenou. Estava concentrado demais em seu jornal.

Sua mãe, Emma, na cozinha, aonde Apolline ia.

DESTINATÁRIO DAS COVASOnde histórias criam vida. Descubra agora