Capítulo 3- Fogo!

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—Lauren tinha um cargo muito bom, você sabe. Ela era muito reservada. Eu tenho umas suspeitas que não sei se você gostaria de...-Scott para depois da minha interrupção.

—Fala logo.-Digo com firmeza mas por dentro há uma ponta de medo.

—Eu acho que Lauren estava "mudando de lado"- Ele diz um pouco rápido demais fazendo aspas com as mãos.

—O que quer dizer com isso?-Franzo o cenho.

—Que sua irmã podia estar metida com a máfia. Não sei por quais motivos, se eram para efeitos negativos ou positivos, mas ela andava muito estranha. Parecia querer defender os bandidos, principalmente em momentos incertos. Falhava em algumas operações, o que convenhamos, era estranho demais para Lauren. Eu acredito que era proposital.

—Por que ela faria isso? Lauren era a pessoa mais patriota e comprometida que eu conhecia. Não faz sentido- digo inconformada.

Scott suspira como quem não tinha nada a dizer. Até finalmente se pronunciar:

—Eu tenho uma pasta de arquivos importantes de vários casos da Interpol que envolviam a Lauren. Incluindo minha investigação a parte sobre ela. Se você quiser, eu te entrego.

—Eu quero. Onde está?- me animo um pouco mais e me ajeito na cadeira.

—Estão na minha casa. Não pude trazer, é perigoso demais. Tem muita coisa confidencial ali, mas eu confio em você.

—Quando posso pegar?

—Podemos ir agora. Pode ser?-Scott diz pegando seu casaco atrás da cadeira.

—Claro. Vamos-digo e me levanto da cadeira, deixando uma quantia suficiente para pagar meu almoço.

Saímos do restaurante em silêncio. Entro em meu carro e sigo o de Scott. Está nublado e há poucas pessoas na rua. Ao parar no sinal, consigo ter uma visão da quadra da escola. Avisto de longe o estr...Dylan, com uma pasta e mostrando algo a outro cara, aparentemente mais velho.

Ouço buzinas de carro atrás de mim e vejo que o sinal já abriu. Dou partida no carro e continuo seguindo Scott.

O caminho não é muito longo, e após entrar numa rua com pequenas casas, Scott para em uma delas, pequena e verde.

Estaciono logo atrás do carro de Scott à beira da calçada. Um vento frio carrega algumas folhas no chão e algumas crianças correm na rua.

—Espere aqui. Vou pegar a pasta e trago.-Scott dá alguns passos em direção ao interior da casa e eu paro em sua calçada.

—Não é perigoso?– o respondo—Quer dizer, se alguém estiver nos observando agora e você me entregar uma pasta com arquivos confidencias de crimes do mundo todo?!

Scott interrompe os passos e se vira para mim.

—Você não tem medo de pensar em "estamos sendo vigiados"? Não é normal viver pensando nessa possibilidade, senhorita Campbell.

—Eu acredito que podemos estar sendo vigiados o tempo todo, em tudo que fazemos.- digo tentando ser convincente.

—A probabilidade de estarmos sendo vigiados aqui fora e lá dentro é a mesma. Sabe disso, né?

—Sim, mas...- Não termino minha fala. Dessa vez Scott me interrompe.

—Não se preocupe, senhorita Campbell.- ele diz—Se eu achasse que estamos sendo vigiados eu nem estaria
com você.

Scott encerra a conversa e volta a dar passos apressados para sua porta.

O que ele quis dizer com isso? Eu não tenho nada de errado para suspeitarem dele comigo. A não ser o fato de ser a irmã da agente da Interpol que morreu.

Scott gira a chave e abre a porta de casa. Uma criança chorando atrás de mim me assusta, e eu viro bruscamente para trás.

Observo a cena da mãe ajudando a criança quando escuto um barulho muito alto. Ensurdecedor.

Meu primeiro ato é me jogar no chão e gritar para as mesmas poucas pessoas que haviam ali fazerem o mesmo. Olho para a casa de Scott e há fogo. Ao redor de tudo ali pequenos resíduos, faíscas, vidro e tudo que foi explodido.

A casa dele não existe mais. Há fogo para todo lado e no céu muita fumaça escura. Scott está deitado no chão do meio da entrada e eu corro em sua direção.

—SCOTT- grito em desespero, sacudindo seu corpo. Ele está desacordado e tem uma marca de sangue na cabeça. Grito por ajuda e sinto lágrimas quentes pelo meu rosto. Scott ainda respira e eu espero que ele fique bem.

Logo o barulho da sirene da ambulância e de um carro da polícia ecoam pela rua. A rua que estava quase vazia, agora está lotada de pessoas que saíram de suas casas, assustadas.

—Por favor, ajudem!-grito para todos os lados.

Os paramédicos começam a colocar Scott na ambulância. Levo a mão na boca assustada com a situação. Um carro de bombeiros chega logo atrás e começam a apagar o fogaréu do que sobrou da casa de Scott.

Há muita fumaça preta por todos os lados. Sinto uma mão no meu ombro e me viro, encontrando um policial.

—Bom dia, senhorita. Sou o agente Abraham. Muito prazer- Aperto a mão do policial de pele clara e um pouco mais alto que eu —Você sabe o que aconteceu?

—Na verdade, não. Ele foi pegar um negócio para mim lá dentro e eu esperei aqui fora. Até que explodiu.– digo ainda desnorteada mas tentando pronunciar todas as palavras.

—Ah...então, acho que terei que investigar. Espero que tenha sido acidental, ou eu terei que chamar uma equipe especializada. – O policial bufa—Obrigada pelo depoimento, senhorita...?

—Campbell. Madison Campbell.– O respondo com um sorriso sem graça e ele se afasta.

Olho a minha volta e a quantidade de pessoas diminuiu. O carro da ambulância já foi e os bombeiros conversam com os dois policiais, um deles o que eu conversei. O fogo já cessou, mas o que restou é deplorável.

Entro no carro e olho minha imagem no espelho, observando minuciosamente a sujeira que meu rosto e cabelo ficaram.

Dou partida e acelero em direção ao hospital mais próximo. Preciso ficar com Scott agora, pois tenho uma parcela de culpa nessa história.

Lauren Onde histórias criam vida. Descubra agora