Capítulo 2- Scott e o estranho do balcão

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Os papéis estavam espalhados e eu lia todos. Pela segunda, quem sabe terceira vez.

O último caso de Lauren era de um roubo alto a um banco canadense. Pelo que soube, havia até FBI no meio. Frequentemente ela ia à França por causa do trabalho.

Nesse mesmo caso, ela não conseguiu terminar. E eu tenho alguns nomes da investigação dela, que podem fazer diferença. Aproveitando que amanhã é meu dia livre, vou procurar por todos. Começando por Klaus Miller.

Klaus é corretor de imóveis e já foi preso por sonegação. Estava na investigação de Lauren por atos suspeitos no dia do roubo –atos esses que eu não sei.

Disco o número da ficha e o telefone disca umas 4 vezes, até cair na caixa postal. Deixo um recado na mesma: Olá, Klaus. Sou uma velha amiga, da corretora. Estou te procurando para colocarmos o assunto em dia. Sou Anne, lembra de mim? Quando ouvir a mensagem, me retorna.

Eu precisei mentir. Vi o nome Anne como ex-funcionária da corretora, e pensei rápido. Se eu disse quem era, talvez não ia se encontrar comigo. Mas, se já estiver lá, não tem como fugir.

[...]
O sol está radiante lá fora, e há poucas nuvens. Coloco a jarra da cafeteira de volta em seu lugar e levo a xícara cheia até a boca. O líquido quente corre pela garganta e eu sinto tudo queimando. O cheiro e gosto fortes do café e a língua ainda ardendo são o início da minha manhã de sábado.

Meu celular toca sem parar e eu corro para atender. O acho entre as almofadas do sofá e logo reconheço o número que liguei ontem.

—Alô?- digo tentando suavizar a voz.

—Anne? Quanto tempo! Ouvi seu recado.- ouço a voz masculina do outro lado– Adoraria vê-la de novo. Vamos marcar algo. Por aqui em Toronto mesmo.

—Ahn...-logo lembro que ele não é daqui.— Me mudei para os Estados Unidos. Estou em Nova Iorque. Brooklyn para ser mais específica.- minto pela segunda vez ao sujeito.

—Que coincidência! Estarei nos Estados Unidos semana que vem para ver minha filha que faz faculdade aí.- ufa—Vamos marcar algo! Assim que estiver ai, combinamos. Tchau, Anne.

—Tchau Klaus- é minha última frase antes de desligar o celular.

Pelo visto, Anne era muito amiga de Klaus. Não sei o que vou fazer quanto a grande mentira sobre quem eu sou, mas eu dou um jeito.

Pego na lista de nomes do caso do banco canadense e vejo um rosto que me parece familiar. Nathan Johnson, casado e dono de uma loja de materiais de construções na Filadelfia.

Eu diria que ele me lembra minha chefe, mas não há relações entre os dois. Até começo a pensar sobre, mas meu celular toca me tirando totalmente do raciocínio.

—Alô?-ouço alguns ruídos que me incomodam e repito—Alô? Quem é?

A ligação cai. Só ouvi alguns ruídos e sons de vento. Muito vento.

Encaro meu celular por uns segundos até dar de ombros e resolver não pensar nisso.

[...]

O último nome está na lista. A lista dos que estavam conectados com minha irmã de algum jeito. Vejo um nome familiar: Scott Carter. Era o parceiro de Lauren e algo me diz que posso confiar nele.

Lauren Onde histórias criam vida. Descubra agora