1. Rosa vermelha

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Papéis, papéis e mais papéis. Eu já não aguentava mais folhear a papelada que meu chefe havia me entregado aquela tarde. Eu odiava aquele homem. John Hall era um velho rabugento, esnobe e nojento que só enxergava a si próprio. No momento ele estava de braços cruzados com os olhos cerrados observando cada movimento que eu reproduzia. Eu estava me segurando para não mandar ele para aquele lugar.

— Deixa a menina ir para casa, John. Ela está trabalhando direto desde que chegou. — fez-se presente a voz de Beth.

Beth era a secretária que trabalhava exclusivamente para meu chefe. Ela era muito conhecida dentro da empresa já que John, que ocupava um dos mais importantes cargos, era totalmente apaixonado por ela. Beth diferentemente do que a maioria dos funcionários pensava, tratava John de forma muito respeitadora e nunca aceitou nenhuma proposta maldosa do mesmo. Ela merecia um prêmio por aguentar tanta coisa e ainda assim não se despedir de seu emprego.

— Tudo bem. Pode ir para casa, Wendy, mas fique sabendo que quero esses papéis amanhã na minha mesa. — me alertou, com um olhar superior.

— Pode deixar, Sr. Hall. — forcei um sorriso para o velho e desfiz assim que ele virou de costas.

Ouvi a risada de Beth e ri também.

— Não sei o que seria de mim sem você. Obrigada. — eu agradeci, com um sorriso no rosto sincero.

— Não foi nada. Agora vê se vai para casa descansar. Eu estou conseguindo ver suas olheiras de longe. — ela disse, e eu concordei.

Desliguei meu computador e peguei minha bolsa antes de ir até o elevador, descer até o térreo e enfim dar as costas para o prédio em que eu trabalhava. Eu sentia um grande alívio toda vez que eu deixava o edifício. Meu emprego era muito estressante. Meu chefe estava sempre pegando no meu pé, me vigiando ou me exigindo alguma coisa. Meu trabalho era basicamente checar documentos importantes, organizar arquivos, enfim, eu fazia de tudo e mais um pouco, sempre tendo que estar bem atenta. Qualquer erro podia fazer com que eu perdesse meu emprego. Eu odiava não ter uma estabilidade, saber que eu poderia perder tudo a qualquer momento. Era uma sensação terrível e totalmente angustiante.

No caminho para pegar o metrô e ir para casa, passei por uma floricultura. Um vaso lotado de rosas vermelhas me chamou atenção. Parei e fui mais para perto.

— Gostou? — um moreno desconhecido se aproximou de mim.

Olhei para o lado podendo ter uma total visão de seu rosto. Seus olhos castanhos foram o que me chamaram mais atenção.

— Sim, são lindas. — elogiei.

Assim que ouviu minha resposta levou sua mão até uma das flores e entregou para mim.

— Quanto ela custa? — perguntei, enquanto admirava as pétalas que eram do tom vermelho mais lindo.

— Nada. Eu estou te dando de presente. — sorriu de canto.

— Você sempre entrega flores para as mulheres que passam por aqui? — perguntei divertida.

— Não, só para aquelas que chamam a minha atenção. — ele respondeu galanteador.

— Então eu chamei sua atenção? — eu quis saber.

— Tire suas próprias conclusões. — respondeu, e eu ri.

— Tenho que ir. Obrigada. — agradeci pela flor e continuei meu caminho para casa.

N: Próximos capítulos devem ser maiores, queria o primeiro menor mesmo só para vcs entenderem como tudo começou.

The First Flower • zjmOnde histórias criam vida. Descubra agora