The First Flower • zjm

20. Beco

Zayn P.O.V

Estávamos em uma quarta-feira, o que significava que eu tinha apenas três dias até o fim do prazo de Brad. O tempo estava correndo, e eu não tinha como para-lo.

Fui para o trabalho na esperança de que meu chefe me desse logo o dinheiro do qual eu precisava. Fiquei sem jeito de pergunta-lo quando ele me daria, mas era necessário.

— Sr. Calvin, quando você vai poder me dar aquele adiantamento? — perguntei ao velho, coçando a nuca.

— Ah, eu já havia me esquecido. — respondeu e tirou do bolso uma nota. — Cinquenta dólares é o que eu posso te dar no momento. Espero que dê para o que vc precisa. — disse e me entregou.

Na verdade eu precisava de oitenta dólares no total, então aqueles cinquenta não eram suficientes.

Forcei um sorriso agradecido que pelo jeito foi bem convincente já que Calvin deu dois tapinhas nas minhas costas e voltou para as suas tarefas.

Uma cliente entrou na loja, então tive que fingir estar bem e atende-la.

— Precisa de alguma ajuda? — fui educado.

A loira virou o rosto para mim e me lançou um olhar maldoso. No primeiro momento não entendi o que aquilo significava, mas depois sua resposta me fez compreender o que estava acontecendo.

— Vim a pedidos de Brad Foster. Ele pediu para te avisar que seu tempo está acabando. — meu rosto fechou como o céu quando uma tempestade está prestes a cair.

— Pede para ele se encontrar comigo hoje, mandarei o endereço por mensagem. — resolvi sem saber ao certo se eu estava fazendo a escolha certa.

— Irei avisa-lo, mas antes que eu vá embora vou te dar um conselho. Não queira passar a perna nele, você com certeza vai se arrepender. — falou por fim e saiu, mas não antes de me mandar um maldito beijo no ar.

Agradeci mentalmente quando vi que Calvin estava ocupado demais fazendo suas contas para poder ter prestado atenção em nossa curta conversa.

Fiquei enjoado só de pensar que eu ainda não tinha os oitenta dólares. Me encontrando com Brad, eu pretendia explicá-lo a situação e quem sabe conseguir enrola-lo por mais um tempo.

Olhando para o relógio redondo que tinha na parede levemente descascada, vi que só faltavam duas horas para que eu pudesse sair. Mandei uma mensagem para Brad explicando o local de encontro. Era um beco que tinha não muito longe dali onde eu estava. Lá ficava a porta dos fundos de uma choperia que havia acabado de ser aberta e nada mais. Com a escuridão da noite, seria muito difícil que nós fossemos vistos ali.

Meu chefe demorou a me liberar porque um pedido de entrega foi feito na última hora. Saí da loja em passos largos. Eu queria chegar o mais rápido possível pois eu já estava atrasado.

Virando no beco, vi uma silhueta não muito alta, mas forte, fumando alguma coisa. Só poderia ser ele.

— Zayn Malik. — me olhou balançando a cabeça para os lados como se não acreditasse no que via.

— Em carne e osso. — falei sem sair da minha postura séria.

Ele tentaria de todas as formas me intimidar, mas eu já conhecia ele o suficiente para não cair nessa.

— Pensei que não viria. — jogou o que fumava no chão e pisou.

— Foi apenas um atraso por conta do meu trabalho. Eu não seria covarde não vir. — falei encarando seus olhos escuros.

— Não seria covarde de não vir? — gargalhou falsamente. — Não é como se você nunca tivesse fugido das suas obrigações, não é, Malik? Afinal, você já me deve esse dinheiro faz tempo. — engoli a seco. — Eu fui muito bonzinho quanto a te dar esse tempo, mas saiba que esse é o máximo de bondade que eu irei ter com você. — deu uma pausa esperando que eu falasse alguma coisa. — Cadê o dinheiro? — quis saber.

Tirei a nota do bolso e entreguei a ele que me encarou com uma expressão nem um pouco amigável. Em fração de segundos meu corpo foi jogado na parede suja que o beco possuía, e reprimi um gemido de dor.

— Você está de sacanagem com a minha cara, Zayn Malik? Você sabe muito bem que isso que não é tudo o que me deve! — gritou com as mãos no meu pescoço, me deixando quase sem ar.

Eu tentava falar, mas sem fôlego nada saía da minha boca. Coloquei força nas minhas mãos que estavam em cima das suas tentando me livrar de ficar sufocado.

Um barulho vindo de uma lata de lixo nos fez focar por alguns segundos no beco que havia do outro lado da rua. Ratos. Brad se afastou de mim com o susto, o que foi a minha sorte.

— Sábado, Zayn. Você tem até sábado para me pagar o que deve. Mas dessa vez iremos nos encontrar a hora e no lugar onde eu escolher e eu não irei estar sozinho. Se você ousar me enganar mais uma vez... — deixou no ar e foi dando passos para trás sem ainda desconectar nossos olhares.

Eu ainda tentava recuperar o meu fôlego quando finalmente ele foi embora. Com raiva, chutei uma lixeira que havia no lugar. Eu sentia vontade de quebrar qualquer coisa que eu visse na minha frente. Eu estava completamente cego pelo ódio. Mas a culpa era toda minha. Por um momento da minha vida eu pensei que fugir fosse a saída e agora eu estava totalmente encrencado. Eu teria que pensar em alguma forma de conseguir o resto de dinheiro que eu devia a ele o mais rápido possível. Quando foi que eu deixei que trinta dólares se transformasse no valor da minha morte?

N: Como vcs acham que o Zayn vai sair dessa?

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