Cap 8 Victor arrependido

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Pov Victor

"Eu tenho que parar com isso"
Me levanto da cama me arrastando e me apoiando em tudo que consigo.
Não entendia como me deixei levar de novo... Quando dei por mim já estava bebendo e não conseguia parar.
Tão confuso.
Liam estava cochilando na minha poltrona e eu fui pra cozinha tomar um café forte. Nina havia feito panqueca e torrada mais cedo, disso eu lembrava... Disso e da merda do irmão gêmeo imaginário que eu tinha... E claro, ter recebido Nina seminu.
"Ok. Farei minhas malas e partiu Brasil"
Eu tava com tanta vergonha. Nossa.
Bebi uns dois copos enormes cheios de água e fui repassando o dia anterior na cabeça.
Shopping. Suzanna. Nina. Fotógrafo abusado. Jóias. Ligação pra Suzanna... A partir daí não me lembro muito bem. Ela me dispensou. Comprei vodka, uísque. Lembro de ter pego um táxi pra sair pra beber, mas acabei trazendo o "bar" pra cá... Merda eu menti pra Nina. Eu tenho bebida em casa. Eu passei a madrugada enchendo a cara aqui.
-Tenho que me comportar... Não quero... Aquele inferno de tratamentos pra viciados, clínicas e pessoas me tratando como um problema. Eu não sou viciado... Eu só... Tô triste?
Balancei a cabeça e enchi novamente minha xícara com café.
"É Victor, se nem você se entende, quem vai entender?"
-Merda merda... Quente.
Cuspi o café e fui pra pia. Isso o que dá me distrair comigo mesmo.
Eu estava inclinado, deixando a água escorrer pela minha língua quando ouvi uma tossida seguida de uma risada.
-Não tem copo e água gelada nessa casa não?
-Que...mei. Linga com afé.
-Credo Victor, tira a boca da torneira pra falar idiota.
Eu ri e limpei meu rosto. "Fiz de proprosito seu fresco"
Liam fez uma careta de nojo e abriu a porta da geladeira o abusado.
-Tem nada pro almoço não?
-Não. Dei folga pra Lucy. Vai almoçar comigo amorzinho?
-Claro meu bem, o fim de semana sou todo seu, gato.
Ele piscou e mandou um beijo.
Quando a gente ia crescer?
E tudo começou na faculdade, quando demos um fora em duas gêmeas loucas e elas espalharam que éramos gays... Ai decidimos dar o troco e falamos que elas que nos fizeram perceber que nos amávamos e então a brincadeira começou. Claro que depois fomos excluídos do círculo de amizade delas... Até nos pegarem com umas meninas numa festa. "Boas lembranças"
-Tá pensando em que querido?
-No último semestre da faculdade
-Sério Victor ? Devia pensar no que fez horas atrás.
-Ok super nanny, onde é meu cantinho da disciplina?
Perguntei abusando da minha ironia. Liam revirou os olhos e sentou num banco alto, perto do balcão. Apoiou seus braços e logo a seriedade tomou conta do seu semblante.
"Precisamos conversar... Aposto que ele vai começar assim"
-Victor... Precisamos conversar.
Eu ri. Tão cliche. Parecia uma DR de verdade. Se as gêmeas nos encontrassem agora estariam orgulhosas.
-Do que tá rindo ?
-Nada Liam, desculpe. Olha, eu sei que passei dos limites, mas não é como antes ok?
-Ah não? Você sem limite algum, chegando tarde no trabalho, desmaiando em bares, ligando as seis da manhã pra Nina. Porra Victor, a diferença era que antes você estava doente, agora ... Tá só agindo como um estúpido.
Sabe aqueles momentos que você precisa de alguém que te ame pra te falar as verdades que você tem que escutar? Então, definitivamente esse não era um desses momento.
Eu não precisava de Liam me dando sermão. Não agora. Eu queria conselhos, não alguém me lembrando de maneira acusatória das merdas que eu fiz.
-Liam eu sou adulto e tenho plena consciência dos meu atos e suas consequências.
"Olha, tô falando bonito"
-Sabia que deixou gás escapar Victor? Tem noção do perigo, o que poderia ter causado?
Gemi e deitei minha cabeça sobre meus braços esticados no balcão.
Eu era um ser decadente.
Desprezível.
-Hei nem ouse fazer isso de novo
-Isso o que Liam?
-Ficar assim...
-Depressivo? Pode ficar tranquilo eu tô bem
-Não Victor, ficar demonstrando que tá triste e ao mesmo tempo falar que tá bem.
-Eu não faço isso, e tô ótimo
Liam riu e me deu um tapa leve na cabeça.
-Isso é pela sua ironia
-Ai que violência amor
-Nem doeu, deixa de frescura. Agora me fala o porquê desses porres? Nem é de beber assim cara.
"O porquê ? Deixa eu recapitular minha vida. Abandono, sofrimento infantil, crises, traição, decepções, querer ser o melhor sempre, solidão, futilidade, vazio, me sentir um lixo infeliz... Tendências depressivas e suicidas, confusão, atração pela única mulher que não posso magoar..."
-Bebi porque eu quis Liam. Passei dos limites? Sim. Agi feito um idiota? Sem dúvida. Mas é sério, não vai mais acontecer ok ?
Liam balançou a cabeça e deu duas batidinhas no meu ombro. Levantou e se serviu de um copo de água.
Eu fiquei ali com cara de merda. Parecendo uma estátua. "Será que Nina tem a ver com isso? Porra eu sonhei com ela e quase chamo Suzanna pelo nome errado" Balanço a cabeça como se isso tirasse os pensamentos da minha cabeça estranha. Nina não era culpada das minhas loucuras, eu que estava sendo paranóico e possessivo.

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