Eu e o Diogo estávamos a andar á horas e nenhum de nós falava. Isto estava a ser mesmo constragedor. Finalmente, chego a casa.
- Bem... Obrigada por me acompanhares até casa... - digo, sorrindo.
- De nada, até amanhã, Inês. - diz, dando-me um beijo na cara.
Ele foi-se embora e eu fiquei parada no meio da entrada do meu prédio a olhar para a estrada e a pensar no que raio aconteceu aqui. Abano a cabeça para parar com estes pensamentos estúpidos e entro em casa. Vou para o meu quarto e atiro-me para cima da minha cama.
- E quê? Entra-se assim em casa ?
- Fodasse, Tiago ! Queres-me matar de susto ?! - digo, atirando uma almofada para a cara do meu irmão.
- Desculpa, cara de cu ! - diz, rindo. - Agora arruma o quarto.
Ele pega na almofada e leva-a consigo.
- Tiago, não te esqueces-te de nada? - digo, pegando numa almofada, sem ele ver.
- Por acaso, sim... - diz.
- LUTA DE ALMOFADAS ! - gritamos os dois ao mesmo tempo.
Sim, eu e o meu irmão somos muito crianças, mesmo. Quem é que ainda brinca á luta das almofadas ? Nós. Eu gosto da relação que tenho com ele, cuidamo-nos um do outro, discutimos mas depois somos ''amigos'' outra vez. Estávamos a atirar almofadas para o chão e o meu quarto já parecia mais uma selva, quando os meus pais entram no meu quarto.
- Mas o que vem a ser isto? - diz a minha mãe.
- Luta de almofadas? - pergunto.
- Vocês os dois vão arrumar isto tudo... - diz o meu pai, rindo.
Os meus pais sairam e nós começamos a arrumar o quarto.
Passado meia hora, lembrei-me que hoje tinha uma consulta. Sim, uma consulta no psicólogo. Odeio aquele homem. Sempre a meter-se na minha vida. Pego na minha carteira e vou para a sala de estar.
- Inês, estás pronta? - pergunta o meu pai.
- Não. - digo, seca.
- Filha, eu sei que não gostas de ir a consultas, mas é para o teu próprio bem. - diz a minha mãe.
- Eu odeio aquele homem! Quer sempre saber da minha vida! Ele que se preocupe com a sua! - digo.
- Inês, queres voltar a ser humilhada na escola? A ser vítima de gozo? A não ter amigos? Não, pois não?! - diz o meu irmão, elevando o tom de voz.
- Tiago... - diz o meu pai, levando a mão á cabeça.
Olho para o meu irmão e as minhas lágrimas começam a querer sair. Fecho os olhos e lembro-me de como tudo começou. Foi o pior dia da minha vida. Toda a gente a rir-se de mim, das minhas roupas, da minha cara, do meu corpo, das minhas coisas, a chamarem-me nomes... Nunca aguentei aquilo, e agora, o meu irmão faz-me lembrar disto.
Abano a cabeça para esquecer estes pensamentos horríveis e vou a correr para o meu quarto. Fecho a porta e deixo-me escorregar até chegar ao chão e aí, começei a chorar.
Passaram mais ou menos, duas horas e eu reparo que o meu irmão estava no seu quarto com alguém.
- Eu não aguento mais isto! Ela sofreu muito e não quer esquecer e melhorar esta merda! Eu estou farto das reações dela! Farto!
- Tiago, tem calma. Foi ela que sofreu, não tu, nós não percebemos o que ela sentiu ou sente! Vai falar com ela e resolve isto.
- Eu não sou capaz...
Levanto-me e sento-me na cama e pego no meu computador portátil. Ouço passos em direção ao meu quarto e alguém bate á porta.
- Posso entrar?
- S-sim... - digo e quem entra?! O meu ex-namorado... ?!
- O que é que tu queres, Hugo ? - digo, voltando a concentrar-me no pc.
- O teu irmão pediu-me para te fazer companhia. - diz, sentando-se na minha cama.
- E tinhas de ser tu? - digo, seca.
- Inês... Eu sei que errei, mas ambos seguimos caminhos diferentes e eu só te quero ajudar. Eu namoro com a Gabi e tu namoras com...
- Com ninguém, Hugo. - digo, interrompendo-o.
- Ahm... - diz, baixando a cabeça. - Mas gostas de alguém, certo?
- Sim. - digo, desviando o meu olhar para ele. - Infelizmente, eu ainda gosto de ti.
Ele levanta a cabeça e sorri.
- Sempre soube...
- Era só isto que me querias dizer ou? - digo, voltando a concentrar-me no meu pc.
- Não. - diz e fecha o meu pc.
- E quê ?! Que foi isto, páh ?! - digo, irritada. Ele pega na minha cabeça e beija-me. Páro o beijo e ficamos os dois a olhar um para o outro.
- Que se passa? - pergunta o Hugo.
- Acabas-te de me beijar. - digo.
- Sim, eu sei. - diz, sorrindo.
- TU NAMORAS, ESTÚPIDO. - digo.
- Estava só a gozar contigo... - diz e eu levanto-me da cama.
- Sai.
- O quê?
- Sai, Hugo. - digo, elevando o tom de voz.
- Mas, porquê? - diz, levantando-se.
- SAI, HUGO! - grito.
Ele olha para mim e sai do meu quarto. Odeio quando fazem de mim estúpida. Odeio-o por isso. Odeio-o desde o dia em que o vi aos beijos com a Daniela. Aquela puta devia de morrer.
Pego no meu pc e volto a concentrar-me nele.
#diaseguinte#
Levanto-me e vou para a cozinha. Decidi tomar o pequeno-almoço primeiro. Como umas torradas e num iogurte e volto para o meu quarto. Visto as minhas calças de ganga de cinta subida e no meu top branco. Vou á casa de banho e vou lavar os dentes.
- Inês !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
(sim, é a minha mãe a chamar-me. Como todas as manhãs o faz.)
Pego nas minhas DC pretas e na minha EastPack e desço.
- Bom dia, alegria. - digo.
- Olha, que ela está muito contente hoje. - diz o meu irmão.
- Podes ter a certeza que não. - digo, sorrindo.
Despeço-me dos meus pais e do meu irmão e vou para a escola. Quando chego lá, vejo muitas raparigas e rapazes com camisolas a dizer '' X4U '', cartazes, música aos berros...
Reparo no Diogo, o novo aluno da minha turma, e ele estava rodeado de raparigas estéricas.
- Inês !
Olho para trás e vejo a Jéssica.
- O que se passa, hoje?! - digo.
- Não sabes?! O Diogo foi ao Factor X! E passou! - grita.
- Fala baixo! - digo. - O Diogo ?!?! Passou ?!
Começo a correr em direção ao Diogo quando ele olha para mim e sorri.
- Diogo ! - chamo. Ele ouve e afastasse das raparigas. - Não tinha a menor noção que cantavas !
- Nem eu - diz, sorrindo. - felizmente , passei.
- Nem acredito , parabéns. - digo e acabo por o abraçar.