Não sou e nem nunca fui um sujeito muito ligado à moda. E nem me refiro exatamente à "andar transado" com "roupas da estação", mas falo sobre estar sempre dentro das novas tendências. Sou, claro, uma pessoa bem informada e que, mais dias, menos dias, acaba sabendo o que "anda fazendo a cabeça da galera", mas, raramente, sou do tipo que "entra nessas".
Me peguei pensando nisso recentemente por causa do hand spinner, que é definido como um "brinquedo que serve como um amenizador da ansiedade e do estresse. Consiste num equipamento que quando impulsionado começa a girar constantemente na ponta dos dedos do seu usuário", e no quanto, do nada, muita gente estava falando disso e girando o tal coiso (que nunca vi pessoalmente) na mão (vi até um vídeo de alguém girando no focinho de um cachorro). Enfim, não entendo como isso pode desestressar, mas também não sou especialista em nada, talvez o efeito seja o mesmo do plástico bolha ou de roer unha (isso sim me desestressa).
Mas isso me fez lembrar de que, há não muito tempo, entrou na moda comprar livros para colorir. Um monte de gente que eu conheço, que não devia pegar num lápis de cor desde as aulas de educação artística no primário, comprou livros e caixas enormes com lápis para ficar pintando, coisa que eu, como aspirante a desenhista (embora minha habilidade tenha parado de se desenvolver com 11 anos de idade), sempre achei a mais chata do processo e passei a fazer no computador desde que aprendi como. Sério, eu soube de lugares que sofreram com falta de caixas de lápis de cor, tamanha a demanda.
Ah, e não tão antes disso, a "febre nacional" (talvez mundial) era pelos Paus de Selfie, que é basicamente um cabo de vassoura para amarrar o celular e tirar fotos de si mesmo com os coleguinhas. E foi uma epidemia! Era paulada com foto para todo lado, uma galera enlouquecida para comprar um. Assustador.
Mas em defesa da atual geração, acho que esse tipo de correria às modas malucas não é de hoje. Lembro que, quando criança, houve época de todo mundo ter skate (menos eu), que nem era maneiro como hoje. Depois todos tiveram minigames (menos eu), patins "in line ou roller" (menos eu), entre outras coisas. E não, eu não era revoltadinho ou demodê, geralmente eu só estava sem dinheiro para ter alguns desses itens mesmo.
Mas também já entrei em algumas modas, a diferença, geralmente, é que sou muito racional, então avalio se é algo que realmente vou gostar, até por isso muitas vezes continuo com ela depois que já caiu em desuso para a maioria. Por exemplo, há mais de uma década atrás, estava todo mundo falando de Lost, série de TV sobre uma galera perdida numa ilha misteriosa. Lá pela segunda temporada, depois de ler várias coisas, acabei decidindo ver um episódio. No fim, virei fã, acompanhei a série toda, o que me levou a muitas outras, algumas, como Supernatural, que acompanho até hoje. Com o Big Brother, por outro lado, o caminho foi o inverso. Tanto falaram que fui ver um episódio. Aguentei por 15 minutos antes de confirmar que não era algo que eu perderia meu tempo, isso na primeira edição, quando muita gente ainda dizia que "assistia para não ficar sem assunto com os outros".
Resumindo, modas boas e ruins surgem a toda hora e, geralmente, nem os autoproclamados especialistas são capazes de prever ou perceber. Só seria legal se nosso país entrasse em uma moda de honestidade e onde as manchetes de corrupção, que já acostumamos a ver todos os dias, fossem substituídas por notícias sobre administrações públicas realmente trabalhando para as pessoas que mais precisam. Ah, se essa moda pegasse!
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Ah, se a moda pega
Randomcrônica para o jornal Folha da Terra sobre modinhas passageiras e que hoje ninguém mais lembra.