Do fim ao inícios de todas as coisas

447 45 26
                                    

“ Domingo, meu dia favorito de todos da semana. É o dia em que posso ver o que me faz enxergar a graça que há no mundo.”

“ Eu vou sair daqui e te dizer o quanto eu te amo, eu prometo”

“ Você me fez enxergar o melhor em mim”


Edawn escrevia todas as noites frases nas paredes de sua cela. Desejava dizer o melhor para seu namorado. Treinava todas as noites o que diria no próximo domingo, não queria errar uma palavra, afinal, seu namorado merecia tudo isso.

Hui o conheceu 1 ano antes de sua prisão. Para ele, Edawn era o melhor homem que já havia conhecido. Descrevia o namorado como o homem merecedor de todo amor. Prometeu aos céus que o amaria até depois da morte e que não deixaria seu parceiro na mão. Hui o ajudava sempre que possível, Dawn não era um dos melhores homens da cidade, mas Hui via nele o que ninguém mais enxergava, seu amor.

Edawn foi condenado por assassinato. Acreditavam que ele havia assassinado seus pais. Uma pequena manchete assustou toda a cidade, na qual Dawn era visto como o menino prodígio. Desde sua primeira semana Hui o prometeu que jamais o deixaria enquanto estivesse ali e que o Domingo seria o dia deles.

Hui se apressou naquela manhã, queria chegar o mais cedo possível, evitaria tumulto e confusão. Fez o mesmo que Edawn fazia todos os dias, ensaiou suas falas. Qualquer palavra errada daria outro rumo a sua história. Não queria fazer aquilo como sempre fazia, desejou que dessa vez fosse diferente e depois de tanto pensar resolver não encarar.

Edawn pediu para que os companheiros de cela o ajudasse. Hongseok, seu ex namorado e melhor amigo o emprestou um terno. Garantiu que por experiência própria os namorados certinhos gostavam disso. E que Hui não iria se decepcionar.

O policial alto e forte apareceu destrancando a cela, Edawn sentiu seu corpo tremer. Estava na hora, seu namorado estava li em algum canto o esperando. Chegou até a sala de espera e sentou na mesa verde, na qual sentavam todos os domingos e esperou pelo grande momento. As frases estavam gravadas na sua memória e o terno de Hongseok perfeito em seu corpo.

A porta se abriu, uma mulher baixa sorridente se sentou na cadeira azul. A porta abriu mais uma vez, agora um homem um pouco mais baixo que Edawn apareceu sorrindo. Dawn olhou para o lado e viu que era o namorado do seu amigo Hongseok. Horas se passaram e ele não aguentava mais tamanha espera, pediu para o policial que esperasse mais um pouco. Ele tinha a certeza de que o namorado apareceria, não havia um domingo se quer que ele não tivera comparecido.

  - Sinto muito, Dawn – o policial o chamou – O horário de visitas está acabando – colocou a mão no ombro do loiro e o encarou com pena – Pode ter acontecido um imprevisto...

  - Ele nunca se atrasa, FJ – Dawn olhou com os olhos lacrimejando para o colega policial – Só mais um pouquinho, eu te imploro.

FJ o deixou, aos poucos as pessoas foram sumindo e Edawn ficou sozinho na sala fria de visitas. Em sua mente só passava memórias incríveis que tivera com o seu amor, acreditava que assim evitaria pensar em sentir raiva.

Lembrou das vezes que assistiam diversos filmes juntos, das noites em que Hui o acariciava até que ele adormecesse. Das vezes que chorava por exaustão e reclamava por não aguentar tamanho estresse. Dos momentos de prazer que um proporcionava para o outro. E dos simples, como um bom dia, que para os dois fazia toda a diferença.

Hui não apareceu naquela semana, e nem na próxima, para ser sincera, ele nunca mais apareceu. Edawn sofreu com o abandono, não só do Hui, mas dos colegas de cela. Além de estar preso injustamente, ficou sozinho naquela cela cheia de frases e momentos que tiveram juntos.

Cela 46 Onde histórias criam vida. Descubra agora