Flechas ∆

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(Leia com a música se preferir)

    O parque Ibirapuera era o lugar perfeito para Pamela naquela manhã nublada

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    O parque Ibirapuera era o lugar perfeito para Pamela naquela manhã nublada.

    Após ter sido abandonada no quarto do Hotel, o bilhete deixado na mesa foi carregado de forma negligenciada, lutando com sua própria mente se renderia-se à sua vontade e leria o motivo pelo qual foi deixada no quarto 616, ou relutaria, e despretensiosamente, jogaria aquele pedaço de papel dobrado no lago a sua frente.

    Sem muitas esperanças, pôde sentir o mesmo vazio de fome consumir seu peito, a sufocando por inteira. Se aproximando de uma árvore de carvalho, tocou-a na falsa esperança de que talvez, por osmose, ou apenas de coração, pudesse sentir a vivacidade correr pelas suas veias novamente.

     Ela sentou-se, ajeitou a saia entre as pernas, cruzou-as, e admirando aquela bela vista verdejante, sentiu uma brisa tocar levemente suas maçãs do rosto, jogando seus cabelos para o lado contrário. Ela tirou alguns fios que entrava em sua boca, e observando aquele papel cartão meio amarelado, dobrado em três partes, decidiu abri-lo. Em letras trêmulas estava escrito:

Infelicidade a minha não foi ter mirado em você...

eu apenas não sabia como era tirá-la sem te machucar.

    Logo abaixo da escrita havia a ponta de uma flecha quebrada, presa por uma fita adesiva. Ainda podia se ver o tom escarlate na superfície pontuda do objeto, se assemelhando a um líquido que já havia se secado. Ao terminar de ler e observar aquela flecha, sua outra mão foi ao tórax, e pôde sentir sobre sua camiseta e as pontas dos dedos, o local ainda dolorido. Ela soltou um suspiro e viu uma revoada de pássaros cortar o céu nublado.

    O parque estava vazio naquela manhã escura de domingo. O som dos pássaros a voar e os galhos que estalavam com o balançar do vento, era a música escolhida pelo destino para aquele momento. Pamela tentava elevar sua mente para aquele ambiente, lembrando de suas boas lembranças como do dia anterior, na qual tinha visto aquele filme que tanto queria, experimentando uma noite calorosa ao fechar da porta de seu quarto.

    Quanto mais suas lembranças insistiam em retornar, mais ela sentia seu ferimento arder. Ela fechou seus olhos. A brisa que agora batia contra seu corpo, a fez arrepiar, percebendo a mudança de temperatura. Porém, subitamente ela abriu os olhos quando ouviu um objeto entalhar no tronco da árvore. Quando olhou para seu lado, viu uma flecha fincada. Inacreditavelmente semelhante à que havia sido deixada na carta, porém agora coberta por outra cor.

    Ao levantar a cabeça ao céu, pode ver uma nova flecha voando em sua direção. Ela se jogou para o lado esquerdo, protegendo a cabeça. Virou para a árvore, e viu-a entalhada sobre a altura de sua cabeça. Confusa, ela levantou e começou a procurar por pessoas que pudesse estar fazendo aquilo, até ver outra flecha sobrevoando acima das árvores, do outro lado do parque, indo diretamente em sua direção. A adrenalina tomou seu corpo, a impulsionando para correr floresta adentro. Desviando espontaneamente de algumas flechas que percebia acertar algumas árvores ao seu lado, foi correndo em direção a um campo aberto logo depois das árvores.

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