1- HAUNTING

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- O que vê?

A voz do psicólogo ecoou na cabeça de Minho, era como se o som viesse de todos os lados o deixando confuso ao tentar procurar o homem que falara em meio aquela escuridão, algo inútil, estava mergulhado no nada, apenas o vazio.

- E-Eu não vejo nada... Está tudo tão escuro... - falou com a voz baixa e rouca. O rapaz via ele mesmo, aparentava ter seus quatorze anos, estava coberto pelo escuro, mas o que o deixava ainda mais confuso era o fato de ele assistir aquilo como um telespectador vendo uma cena na TV.

- Consegue ouvir alguma coisa a não ser a minha voz? - ao ouvir a pergunta o mais novo apurou os ouvidos, porém não ouvia mais nada a não ser a voz do psicólogo e a sua própria respiração. Seu coração pulou no peito quando a escuridão foi se diluindo dando forma a um corredor longo com várias portas... Conhecia aquele lugar, passara os seus piores momentos ali... Viu o seu eu mais novo caminhar de forma acanhada pelo corredor, o qual nunca acabava, não importava, podia andar vários metros que o corredor sempre mostrava mais caminho a ser explorado... Só podia seguir em frente. O vendo caminhar incansavelmente que ouviu aquela outra voz... Aquela que sempre quis ouvir novamente.

- Nunca vou te deixar Min, somos melhores amigos, nunca seria capaz de abandoná-lo.

- Minho? Consegue ouvir mais alguma coisa a não ser a minha voz? - novamente o psicólogo.

Com um suspiro pesado o mais novo respondeu em tom firme.

- Não. NÃO OUÇO MAIS NINGUÉM A NAO SER VOCÊ. Quero parar por hoje.

- Ok... Se concentre no som do pêndulo.

- Não tem som algum.

- Concentre-se.

Por um bom tempo não ouvia nada, aparentava que tudo havia se calado, até ouvir o som.
Tick

Tac

Tick

Tac

Parecia um relógio, porém sabia muito bem que não era isso, e aos poucos via o seu clone de quatorze anos se diluir como uma massa de fumaça ao ser expelida dos lábios de um fumante. E tal fumaça foi embora clareando a vista de Minho... Via o psicólogo sentado em uma cadeira perto da poltrona onde estava, na mesa a frente um instrumento que aparentava ser um relógio antigo o qual o pêndulo movimentava-se incansavelmente de um lado para o outro emitindo um som que perfurava a cabeça de Minho.

- Bem vindo novamente - Jonghyun deu as boas vindas enquanto anotava algo no caderno apoiado em seu colo.

- Quanto tempo durou?

- Quase uma hora, você demorou muito para responder minhas perguntas.

- Não, não demorei.

- O tempo é diferente através da regressão Minho. Mas agora diga-me, ouviu mais alguma coisa? - o mais velho tirou sua atenção das anotação agora levantando o olhar os fixando em seu paciente - Só ouviu a minha voz como das outras vezes?

- S-sim... Apenas a sua voz - disse em tom baixo. O psicólogo anotou mais algumas coisas e fechou o caderno jogando-o na mesa.

- Certo. Nos vemos semana que vem. Vamos, eu te levo até a saída.

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